Nascido Francisco Buarque de Hollanda, em 19 de junho de 1944, o quarto filho do sociólogo e historiador, Sérgio Buarque, e da pianista e pintora, Maria Amélia, desde pequeno colecionava recortes de seus artistas favoritos.
Chico Buarque é um desses artistas que usa a palavra, musical e literária, para dizer o que lhe vai n’alma. Como músico é conhecido por uma discografia extensa e diversa, que aborda desde questões sociais, passando por temáticas amorosas e envolvendo temas existenciais; como escritor, é legitimado pelo público e premiado pela crítica especializada.
Nascido Francisco Buarque de Hollanda, em 19 de junho de 1944, o quarto filho do sociólogo e historiador, Sérgio Buarque, e da pianista e pintora, Maria Amélia, desde pequeno colecionava recortes de seus artistas favoritos. A família de artistas intelectuais foi essencial para que Chico seguisse pelo caminho musical e literário.
Na música “Paratodos”, é possível conhecer um pouco mais da família de Chico: “O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano”. O “avô pernambucano” (lado paterno) era Cristóvão Buarque de Hollanda – idealizador e um dos fundadores da Escola de Farmácia e professor universitário. Pelo lado materno, o “bisavô mineiro”, Cesário Alvim (presidente do estado de Minas Gerais), e o “tataravô baiano”, Eulálio da Costa Carvalho (médico e político).
O irmão das cantoras e compositoras Miúcha, Ana e Cristina de Hollanda, já na adolescência desenvolveu o gosto pelas literaturas francesa, alemã e russa. Foi no Verbâmidas, jornal do Colégio Santa Cruz, que publicou seus primeiros textos. Mais tarde, seu nome se fez figurar no emblemático jornal satírico O Pasquim e no conceituado O Estado de São Paulo.
Interessou-se por Arquitetura a ponto de cursar, por dois anos, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), em 1963. Mais a convivência com o Poetinha, Vinícius de Moraes, parece ter impregnado os seus ouvidos. Largou Arquitetura e assumiu definitivamente um compromisso com a Música.
Dois anos depois, escreveu “Sonho de um Carnaval”, no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Excelsior. Naquele ano, a canção “Arrastão”, de Elis Regina foi a ganhadora, mas no ano seguinte, foi a vez de Chico com a música “A banda”, interpretada pela Nara Leão. Depois que “A banda” passou, Chico, que não estava à toa na vida, consolidou-se com um dos mais prestigiados músicos de todos os tempos: são mais de oitenta discos, um Grammy Latino e um grande legado cultural.
O ano de 1966 é o começo de um processo de glória para Chico Buarque, pois se tornaria uma “unanimidade nacional”, alcunha criada pelo escritor Millôr Fernandes. Fez sucesso no Festival de 1967 com “Roda Viva”, interpretada por ele e pelo grupo MPB -4 e, em 1968, venceu o III Festival Internacional da Canção da TV Globo com a composição “Sabiá” em parceria com Tom Jobim.
E como Chico é um músico poeta, em muitas de suas canções, ele criou um “eu lírico” feminino para cantar e contar afetos/desafetos, como nas músicas: “Olhos nos Olhos” e Teresinha” (gravadas por Maria Bethânia), “Atrás da Porta” (interpretada por Elis Regina), “Folhetim” (com Simone), “Com açúcar, com afeto” (escrito para Nara Leão), além de “Anos Dourados” (parceria com Tom Jobim), para a minissérie de mesmo nome, bem como “O Meu Amor” para a peça “Ópera do Malandro” interpretada por Marieta Severo (com quem ficou casado por 33 anos), Cristina Branco e Elba Ramalho sendo que, para essa última, fez também “Palavra de Mulher”.
Além de compor músicas, Chico passou a compor literatura. Em 1974, escreveu a novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979, Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças. Seu primeiro romance vem 1991, Estorvo, Prêmio Jabuti em 1992. Em 1995, escreve Benjamim. Em 2004, outro Prêmio Jabuti de Livro do Ano, com Budapeste, adaptado para o cinema em 2009, ano em que recebe outro Jabuti com o romance Leite Derramado. Misturando as fronteiras entre ficção e realidade, em 2014, surge o romance O Irmão Alemão. Usando um tom crítico e uma melodia narrativa realista, tomando como base ardilosa contemporaneidade brasileira e fazendo uso de recursos vários (cartas, transcrições de falas por telefone, alternância de narrador), em 2019, vem a lume o romance Essa Gente.
Nesse mesmo ano, recebe o Camões, maior premiação em Língua Portuguesa, pelo conjunto de sua obra. É preciso que se diga que o prêmio foi entregue com quatro anos de atraso, porque o então presidente do Brasil durante os anos 2018-2022, recusou-se a entregá-lo. Mas como há mais mistérios entre o céu e a terra do que nós, meros mortais, desconfiamos, em 2023, o presidente Luís Inácio Lula da Silva corrigiu “um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”. Chico Buarque: vejo Música e Literatura em você.
por Luciana Bessa
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