
Manifestações em capitais e cidades do interior reúnem movimentos sociais, sindicatos e artistas com palavras de ordem contra a impunidade parlamentar e o perdão aos crimes de 8 de janeiro
Milhares de manifestantes foram às ruas neste domingo (21) em diversas capitais brasileiras para protestar contra a chamada PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
A mobilização se espalhou de norte a sul do país, reunindo movimentos sociais, partidos de esquerda, sindicatos, artistas e lideranças políticas em defesa da democracia e contra o que os organizadores classificam como medidas de impunidade.
As manifestações ocorreram em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Belém, Manaus, Natal, João Pessoa, Maceió, Teresina, São Luís, Cuiabá, Juiz de Fora, Uberlândia e Uberaba.
Convocadas pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT, Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e PSOL, as mobilizações tiveram forte presença de movimentos como o MST e o MTST, que alertaram para o risco de retrocessos democráticos caso os projetos avancem no Congresso Nacional.
O alvo principal foi a PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados na última semana e que agora aguarda análise no Senado.
A proposta busca proteger parlamentares contra a abertura de processos penais no Supremo Tribunal Federal, algo que críticos consideram uma tentativa de criar um regime de autoproteção para deputados e senadores.
Em vários atos, as faixas expunham dizeres como “Não à PEC da bandidagem” e “PEC da impunidade nunca”.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), declarou que pretende pautar o texto para rejeição imediata.
Segundo ele, a PEC representa um “murro na barriga e tapa na cara do eleitor” e não tem condições de prosperar no plenário. Os manifestantes citaram suas declarações como um sinal de que a mobilização pode surtir efeito na pressão sobre o Congresso.
Outro eixo das manifestações foi a rejeição ao projeto de anistia para os condenados por envolvimento na tentativa de golpe de 2023.
A medida, que teve urgência aprovada pela Câmara, foi considerada pelos participantes como uma manobra para livrar Jair Bolsonaro e outros envolvidos das punições aplicadas pelo STF.
Os gritos de “sem anistia” ecoaram em todas as capitais, reforçando a ideia de que a impunidade apenas incentivaria novos ataques às instituições democráticas.
As palavras de ordem foram variadas, mas mantiveram o mesmo tom crítico. “Sem anistia”, “fora PEC da bandidagem”, “em defesa da democracia” e “fascismo nunca mais” estiveram presentes em faixas, cartazes e coros.
Em Salvador, Daniela Mercury subiu ao trio elétrico e declarou que a sociedade não aceitará a ressurreição de uma anistia já rejeitada pelo Supremo.
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