Decisão judicial ordena leilão da emblemática sede da Sociedade 13 de Maio de Curitiba devido a uma dívida de R$ 87.170,66.
Esta sociedade, que representa a história da comunidade negra em Curitiba desde a abolição da escravidão, tornou-se palco de resistência no Sul do país. É lamentável que, após uma ação iniciada em 2014, a primeira Vara de Curitiba tenha determinado
A origem da dívida, um cheque devolvido, foi esmiuçada pela juíza Lilian Rezende Castanhos em seu despacho.
Fundada em 1888 por um grupo de pretos livres, a sociedade teve como missão inicial agregar os recém-libertos da escravidão, proporcionando auxílio médico, hospitalar, educativo, social e funeral através de contribuições voluntárias. Agora, seu imóvel está marcado para leilão nos dias 27 e 28 de novembro
É importante compreender a história dessa entidade, que nasceu como um clube beneficente para os libertos em 1888, evoluindo ao longo do tempo para se tornar referência para a comunidade negra. Contudo, a Sociedade 13 de Maio enfrentou desafios ao perder suas características arquitetônicas e tradições. Mesmo após reformas, incluindo uma realizada pela prefeitura em 1996, parte significativa de seu patrimônio cultural desapareceu.
Assim, a iminência do leilão da sede representa não apenas uma perda financeira, mas também a possibilidade de apagar uma parte valiosa da história da resistência e da solidariedade da comunidade negra em Curitiba.
Curitiba, uma cidade marcada por sua rica diversidade cultural, carrega em seu passado capítulos que, por vezes, revelam nuances dolorosas de um processo de embranquecimento que impactou a comunidade negra. Nesse cenário, a recente notícia da venda em leilão da Sociedade 13 de Maio traz à tona não apenas a perda de um patrimônio físico, mas também o desvanecer de uma referência histórica.
No transcorrer dos anos, a história de Curitiba se entrelaça com a saga da população negra que, mesmo enfrentando desafios e adversidades, contribuiu significativamente para a construção da identidade cultural da cidade. Contudo, é inegável que também houve momentos sombrios, nos quais a pressão social e as estruturas discriminatórias impuseram o embranquecimento como uma via forçada para a aceitação e inclusão.
A Sociedade 13 de Maio, fundada em tempos em que a comunidade negra buscava consolidar espaços de expressão e resistência, tornou-se um símbolo dessa luta. Seus salões vibraram com a energia da celebração da cultura afro-brasileira, e suas paredes guardaram memórias de uma história que desafiou as correntes do preconceito.
No entanto, a notícia de que esse espaço será leiloado ressoa como um triste epílogo. É mais do que a venda de um imóvel; é a alienação de um patrimônio que conta a história de uma comunidade que lutou para afirmar sua presença e identidade em meio a um contexto de adversidades.
O embranquecimento, que muitas vezes se manifestou de forma sutil, através da pressão para a assimilação cultural, agora assume uma face mais tangível com a perda da Sociedade 13 de Maio. É como se as marcas do passado estivessem sendo apagadas, dificultando o acesso às raízes históricas da comunidade negra em Curitiba.
Diante desse cenário, é imperativo que a sociedade reflita sobre o valor de preservar não apenas os edifícios, mas também as narrativas que eles carregam. A venda da Sociedade 13 de Maio não é apenas um capítulo no livro da história de Curitiba; é um alerta para a importância de reconhecer e preservar as heranças culturais que nos definem como sociedade.
Em conclusão, o lamento pela perda da Sociedade 13 de Maio transcende o âmbito físico. É um chamado para a preservação da diversidade e uma lembrança de que, ao olhar para o passado, moldamos o futuro. Que essa venda sirva como um catalisador para a valorização e proteção das narrativas que compõem o tecido social de Curitiba.
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