Um programa cultural que promova a integração dos artistas brasileiros no mercado norte-americano e que, ao mesmo tempo, contribua para a profissionalização do agente cultural no País. Eis a proposta do ArtesAméricas, programa criado pela Universidade do Texas (UT), em parceria com a Universidade da Flórida, que visa difundir a cultura brasileira e latino-americana nos EUA e mostrar que o Brasil não é só carnaval e samba. Quem detalha o projeto é Pebbles Wadsworth, diretora do Performing Arts Center da UT, convidada do Senac para apresentar o ArtesAméricas durante o seminário Agente Artístico: O Profissional Necessário, no Senac Lapa (Rua Scipião, 67), com entrada franca.
Promovido em parceria com o Consulado Geral dos Estados Unidos, o evento discute o papel do agente cultural e sinaliza a falta de profissionais preparados no mercado nacional. “Além de trazer profissinais do exterior para compartilhar experiências, o seminário funciona como laboratório para um futuro curso profissionalizante. Ainda não sabemos se será de graduação, pós ou especialização, mas é necessário preparar melhor nossos gestores culturais. No Brasil, esta função ainda é fruto de iniciativas individuais”, comenta Cláudia Toni, coordenadora do evento.
Além de Pebbles, o seminário conta com Michal Blachly, diretor executivo do Performing Arts da Universidade da Flórida. A presença deles não se restringe à divulgação da cultura brasileira no exterior mas à capacitação e profissionalização do mercado cultural nacional. “A função do agente cultural é crucial: sem ele, não há contato com outros mercados, interno ou externo”, diz Pebbles.
Um dos objetivos do seminário é lutar contra o ´efeito sanfona´ das instituições culturais brasileiras. “Não quero que a próxima geração passe pelo que passei, sem ter formação. E não quero que as instituições culturais caiam nas mãos de pessoas que não tenham recursos para administrá-las. Como as instituições públicas ainda são muito vulneráveis e estão sob um esquema muito autoritário de gestão, perdem-se as pessoas que se profissionalizam, que saem destas instituições”, afirma Cláudia. “Queremos tornar as instituições mais democráticas. São anos para se construir, mas dias para se destruir tudo que se avançou”, completa a coordenadora, também assessora especial da secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo e membro da International Society for the Performing Arts Foundation.
Pebbles ressalta que a profissionalização das instituições culturais no Brasil é fundamental. “Nos EUA, profissionais da área cuidam da programação seja quem for o presidente, que representa a instituição, mas não modificam seu andamento. No Brasil, ainda está tudo muito sujeito às mudanças da alta cúpula e isto só atrapalha”, continua Cláudia. “O modelo americano é mais democrático e se abre muito mais à população que realmente precisa destas atividades. Esta maneira de gestão tem funcionado muito bem, promove a inclusão social de forma profissional. As instituições americanas não têm um dono”, acrescenta Maria Estela Segatto Corrêa, assessora cultural do consulado dos Estados Unidos. “A idéia é passar esta experiência não para ser copiada pelos brasileiros, mas ser adaptada e, pelo menos, estimular a discussão sobre este modelo tão autoritário nosso”, finaliza.