Marchinhas que contestam cenário político continuam em alta

marchinhas

A marchinha é um dos gêneros musicais mais identificados com a crônica política e a sátira de figuras públicas no Brasil. Predominante no carnaval do Rio de Janeiro entre as décadas 1920 e 1960, quando perdeu espaço para o samba-enredo, o estilo jamais furtou-se de ironizar os presidentes e políticos nativos.

 

Responsável por um dos governos mais repressivos da história republicana, marcado pela censura e pela perseguição aos movimentos tenentista e operário, Arthur Bernardes foi um dos primeiros alvos dos compositores de marchinhas, que lhe dedicaram as irônicas “Fala Baixo” e “Ai, seu Mé”, ambas de 1921, ano de campanha presidencial.

 

A primeira expunha o clima pesado no ambiente político da época e mencionava Bernardes por um de seus apelidos, “Rolinha”. A segunda traz no título outra alcunha popular do presidente mineiro, “Seu Mé”, e pedia a Bernardes para “baixar a crista”. Praticamente todos os presidentes até os anos 1960 seriam alvos de gozações ou homenagens de compositores.

 

Embora tenham perdido fôlego nas últimas décadas, as marchinhas de carnaval com temas políticos têm retornado à cena, principalmente por causa do resgate do carnaval de rua e do conturbado clima político do País.

 

No Carnaval de 2016, Dilma Rousseff e Eduardo Cunha, polos opostos do processo de impeachment que culminou na ascensão de Michel Temer, foram os principais alvos das marchinhas, muitas delas consagradas menos pelos blocos de carnaval e mais pela viralização nas redes sociais. Grupos como Os Marcheiros e Orquestra Royal têm sido um dos grandes responsáveis pelo fôlego atual do gênero.

 

Arthur Bernardes

 

A partir da gestão de Arthur Bernardes, as marchinhas sobre política ganharam fôlego. Neste carnaval, há novos alvos. Temer recebeu diversas “homenagens”, que vão desde sua suposta aparência soturna à polêmica sobre a compra de sorvetes da Häagen-Dazs para o avião presidencial, licitação cancelada posteriomente. Outro que não escapou de paródias e marchinhas foi o tucano João Doria, prefeito de São Paulo, ironizado por suas incursões como gari nas ruas da capital paulista e sua obsessão contra grafites e pichações.

 

Confira abaixo composições e paródias que prometem ganhar as ruas no carnaval de 2017. Ou, ao menos, as timelines das redes sociais.

 

Michel Temer

 

Presidento da Transilvânia

 

Em “Presidento da Transilvânia”, Os Marcheiros brincam com uma suposta familiaridade de Temer com entidades malignas, boato que foi alvo de um acalorado discurso do deputado Cabo Daciolo em novembro passado, quando pediu durante sessão da Câmara para o peemedebista “abandonar o satanismo”. A marchinha brinca que Temer “montou uma gangue para o inferno governar” e “muitos sinistros foi buscar no cemitério/ Para formar seu ministério”.

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