A Flor de Buriti recebeu o prêmio de Melhor Equipe na mostra Um Certo Olhar. Integrantes da equipe protestaram na semana passada contra o marco temporal
O filme A Flor de Buriti foi premiado no Festival de Cannes 2023, na sexta (27). Produzido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza, o longa venceu o Prix D’ensemble (prêmio de Melhor Equipe) na mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar).
A Flor de Buriti aborda a luta do povo indígena Krahô pelas suas terras, no norte do Tocantins, e as diversas formas de resistência travada por eles nos últimos 80 anos. A narração do filme, feita no idioma krahô, é baseada em relatos históricos transmitidos oralmente entre as gerações do povo.
O longa foi filmado durante quinze meses em quatro aldeias da Terra Indígena Kraolândia: Pedra Banca, Coprer, Morro Grande et Manoel Alves Pequeno. A Flor de Buriti tem participação da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL-SP)
O filme se desenrola sobre três épocas diferentes. Um massacre perpetrado por fazendeiros que buscavam apropriar-se das terras dos krahô; a experiência traumática durante a ditadura civil-militar iniciada em 1964 e, finalmente, os dias atuais e advento de uma nova geração de lideranças indígenas.
“Dessas histórias, a luta pela terra ainda prevalece, ainda que as ferramentas para realizar essa resistência tenham evoluído”, diz a equipe do longa.
Na semana passada, integrantes do filme realizaram um protesto contra o marco temporal no tapete vermelho. Os diretores João Salaviza e Renée Nader, juntamente com os atores Francisco Hyjnõ e Ilda Patpro, esticaram uma faixa que dizia: “O futuro das terras indígenas no Brasil está sob ameaça, não ao marco temporal”
A mostra Um Certo Olhar é considerada a segunda principal do Festival de Cannes e premia cineastas em começo de carreira. A dupla A Flor de Buriti já venceu o troféu do júri na mostra há cinco anos, com “Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos”.
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