A representante do Fórum de Culturas Populares do Paraná Tatjane Garcia Allbch defendeu a integração, no Brasil, das políticas sociais e culturais. Ela argumentou, em audiência pública na Comissão de Educação e Cultura, que o público beneficiado por programas sociais, como o Bolsa Família, é o mesmo que produz cultura popular. “Precisamos atender o cidadão em todos os segmentos. A dança de São Gonçalo (PR), por exemplo, é linda, mas não dá para dançar de barriga vazia”, afirmou.
Tatjane Allbch se mostrou favorável ainda à formação de jovens de comunidades tradicionais. Ela deu o exemplo de uma comunidade quilombola do Paraná que, por iniciativa própria, começou a trabalhar com suas crianças para transmitir a cultura africana. Segundo a Tatjane, vários jovens já foram retirados da prostituição e das drogas.
O representante do Fórum de Culturas Populares do Distrito Federal e do Entorno Anderson Formiga concordou com a colega do Paraná. Em sua opinião, a formação de jovens pode garantir a continuidade dos grupos de cultura. Ele também pediu mais investimentos governamentais em cultura popular. “Foram investidos R$ 3,7 bilhões no Pan. Esporte é competição, cultura a gente compartilha. Se o Brasil começasse a pensar em cultura para integração do Mercosul, seriam ganhos muitos anos nesse processo”, afirmou.
Cultura pode resolver problemas sociais, diz subsecretário
O subsecretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Ricardo Lima, afirmou há pouco que passa pela atenção à cultura a solução dos problemas sociais brasileiros. Para ele, que participa de audiência pública na Comissão de Educação e Cultura, ações culturais são até uma forma de combater a violência, pois preservam a identidade de um povo. “A cultura é a alma de um povo”, afirmou.
Lima lembrou que o ministério realizou dois seminários nacionais, em 2005 e 2006, e que desses encontros resultou um projeto de programa nacional de cultura popular. Os principais objetivos do ministério, segundo o subsecretário, são o incentivo às manifestações populares, sua preservação e sua inclusão nos currículos escolares.
O governo também pretende incluir no Plano Nacional de Cultura, que está em análise na Câmara (PL 6835/06), um capítulo para as culturas populares. Segundo Ricardo Lima, no terceiro seminário sobre culturas, que deve ocorrer ainda neste ano, o assunto deverá ser discutido com representantes de grupos populares para que seja feita uma proposta à Câmara.
Fundo
O representante da Associação Brasileira de Teatro de Bonecos Renato Perrê, que também participa da audiência, considerou fundamental a criação de fundo nacional de fomento da cultura popular. Ele lembrou que está começando no País um trabalho de catalogação do mamulengo como patrimônio brasileiro. “Isso é muito importante para o teatro de bonecos do País. Precisamos do apoio desta Casa para que a cultura não seja apenas um adereço. É por meio da cultura que se constrói a identidade de uma nação.”
06/08/07