Flutua na internet a informação imprecisa de que o Dia Nacional do Samba é comemorado em 2 de dezembro por ter sido a data em que o mineiro de Ubá Ary Barroso colocou pela primeira vez os pés na Bahia, homenagem prestada ao compositor por um vereador baiano chamado Luis Monteiro da Costa. O detalhe curioso desta história é que Ary, sem nem ao menos imaginar a cor e o cheiro que tem a terra baiana, já tinha escrito a letra da música Na Baixa do Sapateiro (1938), que reclama a saudade da Bahia onde nunca havia estado anteriormente (Ô Bahia, Bahia que não me sai do pensamento). A notícia continua correndo por diversos sites, no entanto, sem determinar com precisão o ano em que se deu a visita de Ary.
Nei Lopes, compositor e literato, prestes a terminar seu 4º livro, contesta o motivo que levou o dia 2 de dezembro a ser o Dia Nacional do Samba. “A versão que eu tenho é que a data evoca o dia em que o etnólogo Édison Carneiro, ao final do 1º Congresso Nacional do Samba, no Rio, em 1962, foi incumbido de redigir a Carta do Samba, um documento preservacionista dos fundamentos do gênero e que foi publicado pelo antigo MEC através da Campanha de Defesa do Folclore”, conta Nei. Ele atenta para o fato de o samba ser considerado ´folclore´ em 1962. E continua: “E foi em 1964 que o Rio oficializou a data através do decreto estadual nº 554 de 28 de julho de 1964. Até então, pelo que sei, era apenas o Dia do Samba, de âmbito puramente carioca. O ´Nacional´ veio, acho eu, pelo costume, que também é fonte de direito.”
Vista por muitos sambistas de coração como chapa-branca, a data (e por que não o fim de semana todinho?) pode ser festejada em diversos redutos de São Paulo. Do samba tradicional ou chamado ´de raiz´ ao sempre animado e aclamado samba-rock, opções não vão faltar a quem quiser requebrar as cadeiras até o raiar do novo dia. “O que está faltando na música brasileira é renovação. Aparece uma moda ou outra derivada do samba que logo chega ao fim, pois é uma fórmula de mercado. O Samba da Vela conseguiu renovar o espírito de criação dando oportunidades a novos compositores que, há tempos, tinham muita coisa boa guardada na gaveta”, opina José Alfredo, o Paqüera, um dos fundadores do grupo de samba nascido na comunidade de Santo Amaro. Faça a sua escolha e seja feliz.
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