Cinema Nacional – Primeiros Passos 2

Primeiros filmes

Durante dez anos o cinema brasileiro praticamente inexiste devido à precariedade no fornecimento de energia elétrica. A partir de 1907, com a inauguração da usina de Ribeirão das Lages, mais de uma dezena de salas de exibição são abertas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A comercialização de filmes estrangeiros é seguida por uma promissora produção nacional. Documentários em curta-metragem abrem caminho para filmes de ficção cada vez mais longos. Os estranguladores (1908), de Antônio Leal, baseado em fato policial verídico, com cerca de 40 minutos de projeção, é considerado o primeiro filme de ficção brasileiro, tendo sido exibido mais de 800 vezes. Esse filão é exaustivamente explorado, e outros crimes da época são reconstituídos em Noivado de sangue, Um drama na Tijuca e A mala sinistra.

Formação dos gêneros

Forma-se, entre 1908 e 1911, um centro carioca de produção de curtas que, além da ficção policial, desenvolve vários gêneros: melodramas tradicionais (A cabana do Pai Tomás), dramas históricos (A república portuguesa), patrióticos (A vida do barão do Rio Branco), religiosos (Os milagres de Nossa Senhora da Penha), carnavalescos (Pela vitória dos clubes) e comédias (Pega na chaleira, As aventuras de Zé Caipora). A maior parte é realizada por Antônio Leal e José Labanca, na Photo Cinematographia Brasileira. Essa produção variada sofre uma sensível redução nos anos seguintes, sob o impacto da concorrência estrangeira. Há um êxodo dos profissionais da área para atividades comercialmente mais viáveis. Outros sobrevivem fazendo “cinema de cavação” (documentários sob encomenda). Dentro desse quadro, há manifestações isoladas: Luiz de Barros (Perdida), no Rio de Janeiro, José Medina (Exemplo regenerador), em São Paulo, e Francisco Santos (O crime dos banhados), em Pelotas (RS). A partir de 1915 é produzido um grande número de fitas inspiradas na nossa literatura, em especial na romântica Inocência, A Moreninha, O Guarani e Iracema. O italiano Vittorio Capellaro é o cineasta que mais se dedica a essa temática.

Filme cantado – Paralelamente, Cristóvão Guilherme Auler e Francisco Serrador realizam os chamados filmes cantados ou falados, em que os artistas se escondem atrás das telas e acompanham com a voz a movimentação das imagens. Algumas dessas fitas são apresentadas centenas de vezes, como A viúva alegre, em três versões realizadas por Antônio Leal, Cristóvão Auler e Francisco Serrador. Dentro desse estilo, destaca-se Paz e amor (1910), produzido por Auler e filmado por Alberto Botelho, o primeiro no gênero de filme-revista, que focaliza figuras e acontecimentos político-sociais da época.

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