A renúncia de Jânio

Há cinquenta anos atrás, no dia 25 de agosto de 1961, Jânio da Silva Quadros renunciava ao governo brasileiro, após uma desastrada estadia no Palácio do Planalto. A eleição de Jânio teve como símbolo a vassoura. Com esse instrumento, pretendia varrer a corrupção do país. Entretanto, sem apoio parlamentar, o presidente eleito não tinha condições de governar. Suas medidas tinham um caráter midiático que agradava a classe média: proibiu o maiô nos concursos de misses, a briga de galos, a corrida de cavalos em dias úteis, a veiculação de comerciais nos cinemas, entre outras medidas sem a mínima importância.
Se sua política interna foi irrelevante, sua política externa teve algum significado. Sob a batuta de Afonso Arinos deu-se continuidade à Política Externa Independente: condenou a invasão de Cuba pelos Estados Unidos, procurou uma reaproximação com a União Soviética e com a República Popular da China. Chegou até a condecorar Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a maior honraria concedida pelo governo brasileiro a um líder revolucionário socialista.
Todavia, seu conturbado governo terminaria no dia do Soldado, 25 de agosto de 1961. No dia 24, após uma noite atribulada, decidiu-se pela renúncia. Acreditava que os militares e a população se reuniriam e o reconduiziriam ao poder. Erro estratégico. Não havia força popular, nem partido político, nem um grande contingente de militares que o apoiavam. Naquele fatídico 25 de agosto de 1961, o ex professor de Geografia do Colégio Dante Alighieri embarca para São Paulo e, em seguida, segue em um navio cargueiro para a Europa. Estava aberta a porta para que os militares tomassem o poder, como de fato aconteceu em 31 de março de 1964.
Jânio representou para a história do Brasil um capítulo de sobressaltos. No dizer de Afonso Arinos: “Ele foi a UDN de porre no governo”. Melhor definição não há.

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