Em sua estreia na direção de um longa, Wagner Moura escolheu contar a história do guerrilheiro baiano Carlos Marighella; o filme vai acompanhar a vida de Marighella entre 1964 e 1969, até sua morte por policiais numa emboscada em São Paulo. Para o ator e agora diretor, o filme deve ser um depoimento contra o golpe e ainda acrescenta: “não tem essa de dizer que o filme é imparcial”
Wagner Moura sabe que o tema que escolheu para seu primeiro filme como diretor será visto como um manifesto político de um ator associado a uma ideologia de esquerda. Mas ele não se importa, pelo contrário: “A gente tem que sair das cordas e partir para o ataque”, diz.
Produzido pela O2, o filme vai acompanhar a vida de Marighella entre 1964 e 1969, até sua morte por policiais numa emboscada em São Paulo.
“Eu quero que o filme seja um depoimento nosso contra a escrotidão, contra a injustiça, a falácia, a opressão, o golpe. Contra o golpe. Não tem essa de dizer que o filme é imparcial. Meu filme não será imparcial, será um filme sobre quem está resistindo. A esquerda está numa situação difícil, a gente está nas cordas. Os artistas estão ao ponto de ter que dizer que não são pedófilos. A gente tem que sair das cordas e partir para o ataque”, diz o diretor.
Wagner ainda comentou que sofreu alguns boicotes, como o de pessoas que não patrocinaram o filme por tratar de Marighella, de forma explicita, enquanto outros saíram pela tangente: “com certeza toda polarização tende a ser burra. A inteligência mora em algum lugar entre uma coisa e outra, e sou completamente refratário a qualquer tipo de boicote. Mas é natural que a quentura da política norteie que filme ou peça você vai ver. Eu não vi nenhum desses filmes, mas o que eu sei é que o filme da Lava-Jato (“Polícia Federal”) custou R$ 16 milhões, e ninguém sabe de onde veio o dinheiro. Enquanto eu sou chamado de ‘ladrão da Lei Rouanet’, tem uma galera fazendo com mais facilidade seu trabalho. Não estou julgando, nem os conheço e torço para que o filme tenha sido bem-sucedido. Mas esse momento de polarização gera distorções como essa. Tem sido muito difícil para a gente captar por causa do tema, e parece que foi mais fácil para a galera fazer o outro.”
Para ele, o filme é feito sobre e para aqueles que decidiram resistir, não só nos tempos da ditadura, mas inclusive hoje. “Este filme não vai ter nenhum sentido se não representar alguma coisa, sobretudo para as pessoas pelas quais ele lutava. Contar a história de um homem negro que liderou a maior resistência a um poder opressor nos anos 60 não é falar daquela época. É falar do agora”, completa o ator.
Do Portal Vermelho, com informações do Globo
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