O paranaense Brasílio Itiberê da Cunha foi um compositor, bacharel em direito e diplomata. Foi irmão do poeta e crítico João Itiberê da Cunha e do sacerdote Celso Itiberê da Cunha, como também tio do compositor Brasílio Itiberê da Cunha Luz. É o patrono da cadeira de número 19 da Academia Brasileira de Música.
Para se ter uma ideia da importância do compositor, José Monir Nasser (Nasser atuou como pintor, crítico literário pesquisador) disse: “Basílio Itiberê foi o sujeito que inventou a música clássica com a temática popular; sua obra Sertaneja é tão importante que quando Itibere foi ser embaixador do Brasil em Roma, recebeu a visita de Franz Liszt, então o maior pianista da época. E Liszt foi na casa de Basílio Itibere e tocou, no piano, A Sertaneja”.
Biografia
Brasílio Itiberê nasceu na cidade litorânea de Paranaguá, sendo filho de João Manuel da Cunha e de Maria Lourenço Munhoz. Fez os estudos primários em sua terra natal e sua iniciação musical foi ao piano, aprendendo na casa dos seus pais.
Já pianista renomado na juventude transfere-se para a capital paulista para cursar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, efetuando, nessa cidade, vários concertos. Após obter o diploma de Bacharel em Direito ingressa na carreira diplomática atuando no corpo diplomático em vários países, como: Itália, Peru, Bélgica, Paraguai e na Alemanha.
Sem deixar a música de lado, Brasílio teve relações de amizade com alguns dos maiores pianistas de seu tempo, como Anton Rubinstein, Sgambatti e Liszt.
Considerado um dos precursores do nacionalismo, foi um dos primeiros a inspirar-se em motivos populares e a imprimir à sua obra características nitidamente brasileiras.
Compôs música de câmara e coral, além de peças para piano. Sua rapsódia “A Sertaneja”[2] o popularizou, especialmente pela canção tradicional Balaio, meu bem, Balaio”, tema musical folclórico recolhido por ele na cidade de Paranaguá.
A sua composição mais conhecida é, sem dúvida, “A Sertaneja” de 1869.
Foi nomeado embaixador em Portugal, porém, morreu antes de assumir a função. Faleceu na capital alemã no dia 11 de agosto de 1913, numa segunda-feira, aos 67 anos de idade.
Uma das muitas homenagens ao autor de “A Sertaneja” está na capital paranaense que denominou uma das suas vias de Rua Brasílio Itiberê.
Obras de Brasílio Itiberê
Eco dos salões, valsa de bravura, Op. 3 (1865)
Os pífaros da esquadra, polca brilhante, Op. 5 (1867)
Valsa acadêmica, aos estudantes de S. Paulo, Op. 9
A graciosa, Op. 10
Stella maris (Grande mazurka de salão), Op. 11
Mazurka en la majeur, Op. 12
Barcarolle, Op. 13
Danse americaine, Op. 14
A Sertaneja, fantasia característica sobre temas brasileiros, Op. 15 (1869)
Valse-Caprice (A misteriosa, 3a grande valsa de bravura), Op. 16 (1869)
Sur les rives du Plata, méditation, Op. 18
Une larme (Uma lágrima), méditation, Op. 19 (1869)
Ballade des tropiques, Op. 20
Marcha fúnebre à memória de Gottchalk, Op. 21 (1870)
Poème d’amour, fantaisie, Op. 22
Gavotte sur l’air célèbre de Louis XIII, Op. 23
Soirées à Venise, trois morceaux, Op. 24
Barcarolle
Nocturne
Romance
Nuits orientales, Op. 27
Nocturne
La dahabieh (La gondole du Nil), Barcarolle
Le jardin des tropiques (devant l’Ille d’Eléphantine-Nil), Étude mélodique
Berceuse (Le filleul), Op. 28
Gavotte, Op. 30
Mazurka, Op. 31
Caprices à la mazurka, No. 3, Op. 32
Étude de concert d’après E. Bach, Op. 33
Sérénade, Op. 34
Grande Mazurca de Salão, Op. 41
Amizade, polka (1864)
Impromptu-Nocturne (1903)
Nocturne-Saudade (1864)
Segunde grande galope de concerto (-1870)
A Serrana, fantasia característica
Súplica de Escravo, meditação (-1870)
Referências
Site da Academia Brasileira de Música – Patronos – Brasílio Itiberê da Cunha Acessado em 26 de março de 2016
http://www.abmusica.org.br/html/patrono/patr19.html
A Sertaneja de Brasílio Itiberê: Nacional ou Estrangeira, Amadorística ou Sofisticada Revista UFG – Universidade Federal de Goiás (site consultado em 9 de setembro de 2011)
Bibliografia
MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia Música Brasileira. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.
PIRES, Fernando. Grande Enciclopédia Universal – Magister. Ed. Amazonas, 1980.
MURICY, José Candido de A. Panorama do Conto Paranaense. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1979.
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