“Tiquira”: a bebida ancestral brasileira que está ganhando espaço nas prateleiras

A aguardente feita a base de mandioca conquista os brasileiros e já está ganhando espaço também no exterior.

 

A “tiquira”

 

Você já ouviu falar da tiquira? Esta bebida classificada como aguardente é tradição nas principais rodas de Bumba Meu Boi no interior do Maranhão. 100% brasileira, a iguaria é feita a base de mandioca e está cada vez mais agradando o paladar dos brasileiros e até mesmo do mundo. Ela é uma das bebidas mais antigas e mais originais do país. Ela é transparente em sua versão natural e possui um sabor definido por alguns como sendo algo entre a grapa e o poire (um tipo de licor de pêra). Apesar de ser bastante apreciada nas regiões em que foi primeiramente criada, sua fama já se espalha por todo o território brasileiro, sendo vendida em todas as regiões do país.

Das aldeias indígenas aos maiores eventos internacionais

 

A empresária carioca Margot Stinglwagner foi passar uma temporada em uma pequena cidade do interior do Maranhão quando a iguaria lhe foi servida; durante uma roda de Bumba Meu Boi, uma rodada da bebida foi oferecida aos presentes pelo dono do bar em que ela se encontrava. Após o evento, ela achou a bebida tão boa que procurou saber de suas origens, e começou uma pesquisa de campo. Qual não foi sua surpresa quando ela descobriu que a tiquira foi primeiramente criada e produzida por índios brasileiros; a produção era totalmente artesanal e encontrada apenas em algumas cidades da região. Margot, filha de executivos no setor de bebidas, achou que esta seria uma boa oportunidade de fazer com que a bebida seja reconhecida e falou ainda sobre as diferenças entre a famosa cachaça e a tiquira: “Me dei conta de que tinha algo original ali. A tiquira é que era a aguardente 100% brasileira, não a cachaça. Porque a cana de açúcar veio de fora, com os portugueses”.

 

Sendo assim, a empresária começou a estudar o processo de fabricação da iguaria e chegou também a montar uma pequena fábrica na cidade de Santo Amaro, no Maranhão. Deste modo, ela começou uma pequena mas promissora produção em escala do produto, apoiando-se num processo de revalorização da bebida. O primeiro rótulo da bebida foi a Timbotida, e em seguida, outra marca, a Guaaja, de Margot. Hoje em dia, não é mais preciso ir até o Maranhão degustar a aguardente, pois ela já é encontrada no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de também ser comercializada na internet.

 

Em setembro de 2018, a Guaaja começou a competir em eventos internacionais: a aguardente recebeu medalhas em duas das maiores competições de destilados do planeta, uma em Hong Kong e outra em Bruxelas, conquistando 4 medalhas de ouro e 1 de prata, respectivamente. Além dos prêmios pela qualidade, a marca ganhou também o prêmio de melhor destilaria. Outra conquista do rótulo, foi o ouro na competição brasileira de aguardentes.

O teor alcóolico da bebida varia de acordo com a produção. Nas fábricas, a média é de 38%; porém, as produzidas artesanalmente não seguem uma regra quanto a isso. Algumas chegam até os 60%. “A tiquira é um negócio meio doido, ela nunca dá igual aqui no alambique. E a gente mede aqui é no olho. É goela abaixo. Depende quantos copos o sujeito tomar antes de cair, a gente sabe quanto deu”, afirma um dos produtores locais, em tom de brincadeira

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