Foi em setembro de 1911 que o Teatro Municipal abriu pela primeira vez as cortinas para São Paulo. Neste 94º aniversário, ao mesmo tempo em que promove uma semana de espetáculos gratuitos envolvendo todo o seu corpo artístico, a administração volta-se para uma questão tão ou mais relevante que as comemorações: a transformação do teatro em autarquia.
O processo de mudança está em curso e passa pela batuta do maestro e diretor artístico do teatro, Jamil Maluf, que avalia a transformação como “vital para a regularização de contratos dos músicos”.
“Estamos ainda na fase de elaboração do projeto. É algo muito complexo, mas as vantagens para o teatro serão imensas, já que, atualmente, apenas 30% do corpo funcional e artístico do teatro possuem situação trabalhista estável”, afirma o maestro.
A discussão e elaboração do texto se dá entre o corpo administrativo do teatro e a Secretaria da Cultura. Segundo a diretora administrativa do Municipal, Miriam Mazzei, faltam ainda três anexos a serem acrescentados ao texto.
“O estatuto de autarquia mantém o teatro vinculado à prefeitura, mas facilita a captação e gestão de recursos”, diz Mazzei.
Segundo ela, a transformação envolve impacto financeiro, já que os custos com a folha de pagamento deverão passar de R$ 12 milhões para R$ 30 milhões.
Atualmente, o Centro Cultural São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade atravessam processo semelhante.
Coreografia inédita
A programação de aniversário leva ao palco grande parte do corpo artístico do Municipal: Coral Paulistano, Quarteto de Cordas, entre outros.
“Só não incluímos a Orquestra de Repertório, que está envolvida na montagem de “Os Pescadores de Pérolas”, afirma Maluf.
Entre os destaques da programação, estão as três apresentações do Balé da Cidade, que mostra a coreografia inédita “Adeus Deus”, de Sandro Borelli.
“O Sandro desenvolve temas densos, difíceis. Essa nova coreografia fala sobre suicídio, e o resultado é um trabalho muito bonito, visualmente interessante”, diz a diretora artística do balé, Mônica Mion. Os ingressos só poderão ser retirados no dia do espetáculo.
Um pouco de história
Um incêndio em 1898 foi o responsável por destruir o antigo Teatro São José, na praça João Mendes. A cidade ficou sem um espaço que pudesse receber à altura as grandes companhias estrangeiras. É nesse contexto que surge o Municipal, que tem projeto conjunto de Ramos de Azevedo e dos italianos Cláudio e Domiziano Rossi. No dia da inauguração, 20 mil pessoas se acotovelavam na porta para assistir à ópera “Hamlet” de Ambroise Thomas num teatro que futuramente sediaria, só para citar o exemplo mais célebre, a Semana de 22.
O Municipal e Seus Artistas
Quando: até o dia 18
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, centro, tel. 0/xx/11/222-8698)
Quanto: entrada franca (retirar um par de ingressos por pessoa no dia de cada espetáculo, a partir das 10h)