Revista ilustrada semanal fundada por Jorge Schmidt na cidade do Rio de Janeiro
em 13 de abril de 1907, e extinta em agosto de 1958.
Jorge Schmidt, que também era editor-proprietário das revistas Kosmos e Careta, fundou a
Fon Fon porque queria uma publicação mais ligeira e rentável que a Kosmos, periódico
luxuoso e caro. De início, intelectuais como como Gonzaga Duque, Lima Campos e Mário
Pederneiras, identificados com o “clima simbolista”, deram direção à revista. Seus
ilustradores eram os renomados Raul Pederneiras, Kalixto e J. Carlos.
O nome do semanário – onomatopeia do som da buzina dos automóveis – foi criação do
cartunista e poeta Emílio de Meneses. Quando fundada, a revista tinha como personagem
principal um chofer chamado Fon Fon, o que reforçava a idéia de uma publicação
fortemente identificada com os valores da modernidade. A presença marcante de
fotografias, charges e caricaturas coloridas, e o recurso às técnicas de ilustração, litografia e
xilogravura traduziam visualmente essa identificação. Em seu editorial de lançamento, Fon
Fon apresentou-se como um semanário alegre, político, crítico e esfusiante. Leve, desejava
fazer rir e alegrar seus leitores com pilhérias finas e troças educadas.
O repertório temático de Fon Fon incluía os costumes e o cotidiano carioca; crítica de arte,
teatral e cinematográfica; literatura, partituras, cinema, atualidades; sátira política, crônica
social; jogos, charadas, curiosidades; concursos e colunismo social. Trazia flagrantes em
fotos de nomes do jet set carioca, políticos, artistas e jornalistas brasileiros e internacionais.
Oferecia aos seus leitores, ainda, as mais recentes novidades do estrangeiro sobre moda e
comportamento.
Em 1915 a Fon Fon mudou de proprietário e direção. Sérgio Silva passou a editorproprietário e assim se manteve até o último número. A Mário Perderneiras, que havia
ficado sozinho na direção da revista, juntaram-se Álvaro Moreira (como diretor), Hermes
Fontes, Olegário Mariano, Felipe d’Oliveira, Homero Prates, Rodrigo Otávio Filho, Ronald
de Carvalho, Paulo Godói, Rui Pinheiro Guimarães e Ribeiro Couto. A revista contou
também com a colaboração de Gustavo Barroso, Mario Sette, Oscar D’Alva, Mario Poppe e
Bastos Portela. A ilustração passou às mãos de Correia Dias, com eventuais colaborações
de outros artistas, como Di Cavalcanti e Fabian. Nesse período se oberva na Fon Fon uma
identificação com a atmosfeta do movimento modernista, tendência que se acentuou na
década de 1920.
Se até os anos de 1930 havia na revista um espaço significativo para sátira política e
crônica social, a partir de então esse tom perdeu força, cedendo lugar à figura feminina e à
divulgação de modelos de comportamento, beleza, elegância e luxo. Seções como
Culinária de bom gosto, Conselhos às mães, Páginas do lar e Como ser bela e moldes
para roupas passaram a conviver com a literatura e as notícias do cotidiano, assim como a
ilustração perdeu espaço para a fotografia. A partir da Era Vargas, portanto, houve um
investimento da publicação em um temário relacionado à afirmação de papéis ideais para a
mulher. Nota-se também a intensificação do uso de material (fotografias, textos
informativos etc.) sobre a infância, sempre de conteúdo disciplinador.
Com a entrada no Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942, boa parte dos textos passou
a enfatizar o orgulho nacional, o espírito patriótico e guerreio do brasileiro. Nesse período a
tentativa de mudança no direcionamento de conteúdo fez com que Fon Fon se aproximasse
do gênero do foto-jornalismo de atualidades.
O último número da Fon Fon foi publicado em agosto de 1958, pouco tempo depois da
morte de Getúlio Vargas, que encerrou a viabilidade de um projeto nacional ao qual à
revista esteve ligada, ainda que informalmente, como indicaram Gottardi e Naher.
Carolina Vianna Dantas
FONTES: BASSANEZI, C. Revendo; BRITES, O. Crianças; Fon Fon; GOMES, A.
Essa; GOTTARDI, A; NAHES, S. Revista Fon-Fon; LINS, V. Poesia; OLIVEIRA,
- Vênus; SILVA, M. Caricata; SODRÉ, N. História.
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