Apesar de ser uma realidade distante, o campo evangélico conservador e fundamentalista no Brasil costuma demonstrar apoio a Israel e seu governo de extrema direita.
Ao acessar minha página em uma rede social, deparei-me com diversas pessoas, incluindo amigos pessoais, que estavam exibindo a bandeira de Israel em seus perfis. Isso levantou uma pergunta em minha mente: esse gesto é de natureza política, religiosa, um ato de ignorância ou um reflexo de um conhecimento histórico insuficiente? A utilização de símbolos como a Estrela de Davi ou a bandeira de Israel em eventos evangélicos no Brasil tornou-se cada vez mais comum nos últimos anos, especialmente entre grupos religiosos associados ao bolsonarismo.
Líderes evangélicos do Brasil defenderam veementemente Israel, durante o atual conflito com o Hamas em Gaza, Palestina. Esse apoio não se limitou a expressar compaixão pelas vítimas, mas também incluiu a defesa do Estado de Israel e suas políticas. A exibição de símbolos como a Estrela de Davi ou a bandeira de Israel em eventos evangélicos no Brasil se tornou uma prática difundida nos últimos anos, especialmente entre grupos religiosos ligados ao bolsonarismo.
No entanto, o apoio a Israel e suas agendas não se limita apenas aos evangélicos bolsonaristas ou às igrejas neopentecostais, conforme explicado pela antropóloga Jacqueline Teixeira, professora da Universidade de Brasília (UnB). “Esse apoio também pode ser encontrado em igrejas do protestantismo histórico que se originaram nos Estados Unidos”, ela explica.
Pesquisadores consultados afirmam que o apoio tem raízes religiosas. Uma das bases teológicas para esse apoio é a crença difundida que enxerga Israel como um componente crucial nos eventos que antecedem o “fim do mundo”.
Além disso, os evangélicos se identificam fortemente com o Antigo Testamento da Bíblia, que narra a história sagrada do povo israelita. Por vezes, ocorre uma confusão entre o povo de Deus da época histórica e a nação de Israel do Velho Testamento, com o moderno Estado de Israel e suas políticas sionistas.
Embora o apoio tenha raízes religiosas, a maneira como muitos líderes se posicionaram sobre o assunto nos últimos anos adquiriu um caráter político evidente. Eles têm utilizado interpretações de conceitos do Antigo Testamento para se inserirem no cenário político. Bolsonaro, de acordo com alguns especialistas, soube identificar e capitalizar essa dinâmica de maneira inteligente.
Mesmo que Bolsonaro não seja pessoalmente envolvido nesse movimento de apoio ao Estado de Israel, ele percebeu de forma perspicaz que muitos rituais praticados em igrejas evangélicas incorporaram elementos judaicos. Assim, ele institucionalizou ainda mais essa situação.
Embora o apoio a Israel e à sua agenda política já existisse muito antes de Bolsonaro se tornar influente entre os evangélicos, o bolsonarismo introduziu uma novidade nesse apoio: o discurso bélico-religioso. Em outras palavras, a ideia de que uma luta entre o bem e o mal justificaria o uso da violência.
Estudos têm indicado a tentativa de justificar eticamente os bombardeios, ações violentas e políticas de guerra que Israel adota em relação ao povo palestino. Essa naturalização da violência entre os religiosos, como a restrição de alimentos e água para os palestinos, seria um resultado da maior circulação de imagens e discursos do bolsonarismo nas igrejas, o que permitiu uma aceitação mais ampla da guerra e da desumanização dos palestinos.
A corrente teológica do dispensacionalismo foi assimilada por tradições conservadoras evangélicas e sionistas, muitas vezes associadas ao fundamentalismo cristão, que percebem uma intrigante fusão entre a nação histórica de Israel e o Estado moderno. Essa teologia tem suas raízes nos Estados Unidos, um país historicamente aliado de Israel. A crítica que se faz a partir desse contexto é o apoio incondicional oferecido por muitos líderes evangélicos a Israel nos dias de hoje.
Essa forma de apoio frequentemente desconsidera uma série de perspectivas históricas, incluindo os tratados internacionais que Israel descumpriu, as apropriações territoriais que ocorreram e a maneira como os palestinos são tratados.
Cláudio Ribeiro
Jornalista – Compositor
Mermão Cláudio, há que corrigir essa parte do texto “Apesar de ser uma realidade distante, o campo evangélico conservador e fundamentalista no Brasil costuma demonstrar apoio a Israel e seu governo de extrema esquerda.
GOVERNO DE ISRAEL É DE EXTREMA DIREITA E NÃO DE EXTREMA ESQUERDA. Abraço.