Preto no Branco Discute Racismo e Diferenças Sociais

“Preto no Branco”, primeiro
longa-metragem de Ronaldo German, é mais um exemplo do cinema
brasileiro realizado sem a participação de grandes produtoras.
Com parcos recursos e sem tempo para assegurar o cumprimento de
algumas cenas idealizadas na elaboração do projeto, o diretor
sofreu para concluir esse filme que estréia na sexta-feira.

Outro ponto singular da obra de German é a temática social
— embalada por conceitos do pensamento elitista dominante e
encharcados por velhos preconceitos. “Preto no Branco”, assim
como “Contra Todos” (de Roberto Moreira) e “Amarelo Manga” (de
Cláudio Assis), trabalha com o caos social sofrido pelo país. O
argumento parte de um texto de Luis Fernando Veríssimo.

O filme começa com uma série de depoimentos de alguns
personagens sobre o dia-a-dia na periferia carioca. Os temas
são os mais comuns: entrar ou não para o tráfico, participar ou
não da criminalidade, o apelo de uma mãe para endireitar o
filho.

A história realmente engrena quando um jovem (Leandro
Santanna) chega em seu primeiro dia de trabalho como office-boy
de uma loja para noivas. O garoto mora na favela, mas prefere
uma vida longe do crime. Porém, quando é enviado para uma casa
de classe média para entregar um recibo e buscar um vestido de
noiva, acaba se envolvendo com drogas (quase forçado por um
amigo).

Por outro lado, a família de classe média é composta por
personagens paranóicos e em pânico com a violência urbana do
Rio de Janeiro.

No entanto, todas as discussões são superficiais quando se
percebe que os diálogos não correspondem às expectativas, assim
como os personagens, pouco elaborados. Do meio para o fim, a
tentativa de inserir um humor negro prejudica a obra em
constrangedoras situações. Na falta de um debate mais rico, só
resta ao espectador colocar novamente em xeque suas convicções
a respeito de temas clichês — o que parece ser a intenção do
próprio diretor.

(Rodrigo Zavala, do Cineweb)

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