Para eliminar os entraves à diversidade

 

 

 

A Cultura, em suas múltiplas expressões, movimenta cerca de 5% do PIB nacional. Isso é pouco? Sem dúvida, é. Nosso país, neste quesito, fica abaixo da média internacional, que é de 7%. Mesmo assim, pode-se perguntar: falta dinheiro para azeitar a indústria cultural brasileira? Ou o problema seria, mais uma vez, fruto da má distribuição dos recursos?

 

Neste quinto Aliás Debate, realizado na última segunda-feira no auditório de O Estado, quatro intelectuais debateram modelos e alternativas para um país cuja diversidade cultural é pulsante, porém amarga índices de atraso no tocante à leitura de livros e jornais, por exemplo – o que vem confirmar o ainda baixo acesso aos bens culturais em boa parte da população. Sérgio Micelli, sociólogo, foi quem levantou na mesa a tese do “apartheid cultural brasileiro”. Sem contestações. O antropólogo Hermano Vianna até aprofundou-a ao mostrar, com exemplos, a ineficiência do Estado em políticas que atendam aos atuais padrões tecnológicos e novas configurações urbanas. Para Danilo S. de Miranda, diretor-regional do Sesc-SP, o Estado não precisaria ser tão titubeante, desde que assuma, de uma vez, que sua missão é a do fomento cultural. Ou seja, o Estado não é um empresário do ramo. Já as intervenções do filósofo José Arthur Giannotti mostram o inquebrantável elo entre cultura e educação. Sem que esta melhore, a outra não brilha.

 

José Arthur Giannotti professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análises e Planejamento (Cebrap). É também presidente da Associação dos Amigos do Centro Universitário Maria Antonia. Doutor em filosofia pela USP, Giannotti fez seu pós-doutorado na Universidade de Paris, além de especialização em filosofia na Universidade de Columbia e na Universidade de Yale, ambas nos Estados Unidos. Giannotti é autor de diversos livros, entre eles O jogo do belo e do feio, Certa herança marxista e Apresentação do mundo.

 

Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP, é sociólogo e filósofo de formação.Também graduou-se em Administração. Reconhecido como um dos grandes gestores culturais do País, Miranda assumiu a direção do Sesc em 1984 e foi responsável pela implementação do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e do Centro Experimental de Música (CEM), além de incentivar pesquisas de novas linguagens em artes cênicas, artes plásticas, música e dança. É conselheiro do MAM de SP. E autor, entre outros títulos, de Ética e Cultura e O Parque e a Arquitetura.

 

Hermano Vianna é doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisador musical e roteirista de TV. Realizou estudos pioneiros sobre a história do samba e as origens do funk, que resultaram nos livros O mistério do samba e O mundo funk carioca. Vianna produz o Tim Festival e diversos programas televisivos, como o Brasil Legal e o mais recente o Mercadão de Sucessos (com Regina Casé, na TV Globo). É um dos fundadores do site Overmundo. E autor, ainda, de Música do Brasil e Galeras Cariocas.

 

Sérgio Miceli é sociólogo e professor da USP. Formado em Ciências Políticas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – RJ), fez seu mestrado na USP e doutorado em Sociologia pela École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, na Universidade de Paris, e também pela USP. Realizou estudos sobre o modernismo brasileiro e a relação entre intelectuais e política. É autor de Intelectuais à Brasileira, Nacional Estrangeiro – História Social e Cultural, e A noite da madrinha, entre outros títulos.

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