Origens da Música Popular Brasileira

A nossa música aparece juntamente com os primeiros centros urbanos, no Brasil colonial do século XVIII, por volta de 1730 quando Salvador e Rio de Janeiro despontam como as cidades mais progressistas da colônia.Mas é só a partir do século XIX que se configura a síntese da nossa expressão musical urbana através da mistura de sons indígenas, negros e europeus. Um dos primeiros ritmos brasileiros foi o Lundu, inicialmente uma dança dos negros africanos, com elementos sensuais e insinuantes, passa das senzalas e das ruas para os palácios para tornar-se lundu de salão, mas por suas origens não era prestigiado pela cultura oficial ou seja a cultura burguesa. No inicio da década de 1820, essa dança se transforma e passa a ser chamada de lundu-canção, que sendo absorvido e modificado pela cultura burguesa, perde seus traços mais importantes: a sensualidade, a coreografia e demais traços que caracterizavam a dança, o violão e a viola tocados nas ruas dão lugar ao piano nos salões imperiais. Embora esses fatores tenham praticamente extinto o lundu tal como era em sua origem, sua importância ficou gravada na musica popular brasileira pelos diversos traços que permanecem até hoje tais como estruturas rítmicas, instrumentos e maneiras de toca-los, dessa forma deixando uma importante herança musical na nossa cultura.

Modinha A modinha outra das primeiras expressões musicais do nosso país percorre caminho inverso ao Lundu, gênero de música dos salões da corte fortemente marcado pela influência da ópera italiana, sai das festas dos nobres para os festejos de rua. Embora não se saiba com precisão, tudo indica que seu aparecimento se deu nos fins do século XVIII. A modinha deve a Caldas Barbosa sua popularização, adquirindo, a partir das suas obras características mais brasileiras, a modinha passa então a ter duas versões a aristocrática e a vulgar, sendo que a corte não aceitava as mudanças que haviam sido feitas nas modinhas populares e preferia as versões mais formais com influências européias, o que levou a modinha vulgar, por ter apoio popular a continuar viva, enquanto a aristocrática sucumbiu seguindo os passos da nobreza que a preferia. De ritmo fácil e ainda fortemente marcada pela influência do romantismo, a modinha transforma-se em um gênero de canção popular chegando a dividir com o lundu a hegemonia da música popular brasileira. Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida no cancioneiro brasileiro por Chiquinha Gonzaga, tem seu nome estreitamente ligado à modinha, sendo uma das nossas figuras mais importantes entre 1870 e 1935. Pode-se dizer que Chiquinha Gonzaga e Caldas Barbosa foram, cada um em seu devido tempo, os principais responsáveis pela popularização da modinha, sendo muito atacados pela crítica da época pelos versos insinuantes que ás vezes usavam em suas obras.Choro Gênero da música popular brasileira, que surge no final do século XIX, no Rio de Janeiro. Inicialmente não é considerado estilo musical, mas uma forma abrasileirada com que músicos da época tocam ritmos estrangeiros como polca, tango e valsa. Eles utilizam, entre outros instrumentos, violão, flauta, cavaquinho, bandolim e clarineta, que dão à música um aspecto sentimental, melancólico e choroso. O termo choro passa, então, a denominar o estilo. Influenciado por ritmos africanos, como o batuque e o lundu, sua principal característica é a improvisação instrumental, especialmente com violão e cavaquinho. A função de cada instrumento na música varia de acordo com o virtuosismo dos componentes do conjunto, que podem assumir o papel de solo, contraponto ou as duas coisas alternadamente. A partir de 1880, com a proliferação dos conjuntos de pau e corda, formados por dois violões de cordas de aço, flauta e cavaquinho, o estilo populariza-se nos salões de dança e nas festas da periferia carioca. Um dos primeiros chorões – nome dado aos integrantes desses conjuntos – é o flautista Joaquim Antônio da Silva Calado (1848-1880). Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga criam as primeiras composições que firmam o choro como gênero musical com características próprias. No início do século XX, o choro deixa de ser apenas instrumental e passa a ser cantado. A partir da década de 30, impulsionado pelo rádio e pelo investimento das gravadoras de disco, o choro torna-se sucesso nacional. Uma nova geração de chorões organiza-se em conjuntos chamados regionais e introduz a percussão nas composições. O principal nome do período é Pixinguinha, autor de mais de uma centena de choros e um dos mais importantes compositores da música popular brasileira. Em 1928 cria Carinhoso, que recebe letra de João de Barro, o Braguinha, em 1937. Também se destaca Valdir Azevedo , autor de Brasileirinho,(1947), o maior sucesso da história do gênero, gravado por Carmen Miranda e, mais tarde, por músicos de todo o mundo. O choro também aparece na música erudita. Um exemplo é a série Choros, do maestro Heitor Villa-Lobos

Conheça também: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, o único exclusivamente dedicado à música popular do Brasil.

Compartilhar:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*