O Samba como Resistência – Estudantes da UFPR Resgatam a História da Cultura Negra em Curitiba

 

Coordenados pela professora Juliana Barbosa, alunos do curso de Relações Públicas da UFPR produzem podcast que explora a rica tradição do samba na cidade, destacando a importância da Escola de Samba Colorado e a luta contra a discriminação racial.

 

No cenário acadêmico atual, os universitários enfrentam uma série de desafios e transformações que moldam sua trajetória acadêmica e profissional. No entanto, impulsionados pela professora Juliana Barbosa, docente e pesquisadora da cultura do samba na Universidade Federal do Paraná (UFPR), um grupo de estudantes embarcou em uma jornada de conhecimento e reconhecimento histórico, essencial para a valorização da cultura negra em Curitiba.

Esse projeto se materializou em um podcast, onde os alunos do curso de Relações Públicas da UFPR exploram o papel do samba como forma de resistência cultural e social, em especial a trajetória da Escola de Samba Colorado, a primeira do Brasil fundada por ferroviários. A Escola, que marcou época na cidade, agora revive nas histórias contadas por aqueles que mantêm viva a tradição.

O podcast, idealizado e coordenado por Juliana Barbosa, que além de professora é uma entusiasta do samba, com PhD em estudos culturais e jurada do Estandarte de Ouro, trouxe à tona importantes nomes do samba no Paraná. Entre os convidados estão Léo Fé, compositor e fundador do Bloco de Samba Boca Negra; Mabel, passista e carnavalesca apaixonada pelo samba; Cláudio Dunga, percussionista e sambista reconhecido; Pelezinho, ritmista e filho de Maé da Cuica, e o jornalista e compositor Cláudio Ribeiro.

Essas vozes ecoam não só a importância do samba como manifestação artística, mas também sua relevância como instrumento de resistência e afirmação da identidade negra em uma sociedade que ainda convive com o preconceito racial. Desde suas origens nas rodas de samba, formadas por africanos escravizados, até sua consolidação como um dos principais símbolos da cultura brasileira, o samba carrega consigo a história e a luta de um povo.

 

A Colorado, comandada pelo Mestre Maé da Cuíca, da extinta Vila Tassi, foi a primeira escola de samba da capital paranaense e possui duas características que definem sua identidade. A primeira é que a Colorado foi a única escola fundada com a proposta de ser uma verdadeira escola de samba, inspirada nos modelos do carnaval carioca, além de contar com uma maioria étnica negra em seu contingente de foliões. A segunda peculiaridade é sua sonoridade: formada predominantemente por pessoas negras, a Colorado trouxe para o carnaval curitibano a inovação de um samba ao estilo dos mestres do Rio de Janeiro.

O carnaval, as histórias dos entrevistados e a Escola Colorado, também nos permite observar e compreender melhor os mecanismos sociais da cidade. O surgimento da Colorado, em 1946, vai além do contexto carnavalesco, revelando a história de um forte preconceito social e racial que marcou a trajetória da cidade.

Entusiasmados, os alunos pretendem lançar o podcast na segunda quinzena de setembro, em homenagem aos aniversários de Maé da Cuica e Cláudio Ribeiro, que são celebrados nos dias 16 e 20 do mês, respectivamente. Para encerrar as gravações com chave de ouro, os estudantes organizaram uma pequena roda de samba em tributo aos entrevistados, reforçando o espírito de união e celebração que o samba sempre promoveu.

Assim, esse projeto acadêmico se torna mais que uma simples pesquisa; é um ato de resistência cultural, uma celebração da história e um exemplo vivo de como a educação pode ser um poderoso agente de transformação social.

 

 

 

 

 

 

 

 

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