O maracatu feminista de Nazaré da Mata

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As canções do grupo utilizam surdo, tarô, minero, porca, gonguê e sopro para musicalizar temáticas como feminicídio, violência, conquistas e reivindicações. Tudo que envolve o interesse da mulher, segundo a representante Eliane Rodrigues. A agremiação lançou dois CDs com músicas compostas por elas e cantadas pelas mestras e contramestras.

As luas (versos) que retratam o universo feminino gritam para quem quiser ouvir que a participação social da mulher também cabe na cultura popular. Sua peculiaridade fez com que o Maracatu Feminino de Baque Solto Coração Nazareno servisse de material de estudo para diversas áreas, participando de documentários nacionais e internacionais, livros, TCCs e teses de mestrado.

A proposta da agremiação é tirar a mulher da posição coadjuvante e colocá-la como protagonista. O símbolo é uma tulipa com uma mulher desabrochando. Os trajes são lilás e cor de rosa. Os 16kg dos trajes das caboclas deixa clara a mensagem do grupo: com muito brilho, levam a fortaleza que há em cada mulher.

“Somos feministas quando vamos para a rua brigar por um espaço que também é nosso por direito. Todas as mulheres do maracatu têm essa consciência”, afirma Eliane. O grupo abre espaço para artistas como Lucicleide Silva, que há 11 toca surdo e encontrou nele uma forma de autonomia carnavalesca: “Quase não se via mestras, musicistas ou caboclas. Me faz sentir importante, empoderada e feliz.”

Lucicleide reforça a importância da mulher ser livre para mostrar o potencial em um cenário predominado por homens como forma de quebrar tabus. Antes, brincava em blocos, mas sem um papel de destaque. Com o Coração Nazareno, cada vez mais se força a aprender e multiplicar cultura e conhecimento para crescer e levar mais mulheres com ela, colocando em prática o conceito de sororidade.

O Maracatu Feminino de Baque Solto Coração Nazareno é um dentre os vários projetos da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam). Atualmente, desfilam cerca de 68 mulheres que perpassam várias gerações e unem foliãs de crianças de colo a idosas. A Rádio Comunitária, também organizada e coordenada por elas, é integrada a outras atividades e apresenta para as mulheres de Nazaré da Mata a cultura regional enquanto arte, valorizando sempre a cultura de paz.

Fonte: Revista Nabuco

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