Nova Sede do Instituto Baccarelli

 

À frente do computador, onde é exibido nos mínimos detalhes o projeto da nova sede do Instituto Baccarelli, Edílson Venturelli fala à vontade do significado de uma sala de concertos em Heliópolis, orçada em R$ 12 milhões. É algo, explica, que vai mexer com a auto-estima das pessoas. Atrás dela, Ruy Ohtake vai criar um pequeno centro cultural. E a subprefeitura já estuda a revitalização da região da sala, a abertura de novas ruas, a construção de casas. Para Venturelli, é a chance de se mostrar o que pode ser feito na comunidade. Um começo. “Quando fizemos o concerto no Teatro Alfa, ficamos felizes porque levamos muita gente daqui para lá”, ele conta. “Agora, eles poderão ter acesso a essa música aqui mesmo.”

O plano é abrir a sala para um público amplo. “Queremos a comunidade dando vida ao teatro”, explica Edmilson Venturelli, irmão de Edílson. “Mas queremos que o público dos Jardins, do Morumbi, do centro, também venham. O preconceito funciona dos dois lados. Para quem está de fora, nada de bom pode sair da favela. Para muita gente aqui dentro, quem está fora, quem conseguiu alguma coisa, não é bem-visto. Essa barreira precisa e pode ser implodida quando esses dois públicos estiverem sentados lado a lado para assistir a um concerto.”

Os grupos do projeto vão compor a base da programação, que não está fechada a artistas de fora. Ana Botafogo também deve estrear seu novo espetáculo lá. “Quem quiser vê-la não vai ter de vir até aqui”, desafia, brincando, Edílson. Quanto à orquestra, o maestro Tibiriçá explica que o repertório se limita ao repertório clássico, Mozart, algumas sinfonias de Beethoven. “O nível técnico tem de crescer e os instrumentos precisam melhorar”, ele explica. Edmílson, a propósito, conta que conseguir novos instrumentos é um dos próximos objetivos. Em um ensaio da semana passada, eles tocavam o segundo movimento da Quinta de Beethoven. Em alguns momentos, você ouve claramente o problema dos instrumentos, vê que os músicos ainda se acostumam à linguagem sinfônica. E aí vem o maestro, orienta, explica, conta histórias. E a resposta é rápida e eficiente, o que revela uma garotada não apenas interessada, mas musical, com um potencial gigantesco. “Encontrar gente assim mudou minha vida”, diz Tibiriçá.

Estado de São Paulo

 

 

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