Se depender do Ministério da Cultura, a greve dos funcionários federais da área por reposição salarial e plano de carreira será substituída por outra mobilização, com mais visibilidade, inclusive. Semana passada, o diretor do Departamento de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, José Nascimento Júnior, esteve no Rio para conversar com os funcionários dessas instituições e tentar convencê-los a mudar a forma de reivindicação. “O maior capital de um museu são suas relações sociais, inclusive fora do País, e devemos aproveitá-las para nos fazer ouvir”, disse ele aos grevistas.
Dos 12 museus federais ligados ao MinC , nove ficam no Rio. Quatro deles, Nacional de Belas Artes, Villa-Lobos, da República e Paço Imperial, estão fechados ao público. Outros quatro , Histórico Nacional, os dois Castro Maya (do Açude e a Chácara do Céu) e o Museu Imperial (em Petrópolis) funcionam parcialmente. O Sítio Burle Marx só recebe visitas programadas.
Com a greve, importantes exposições estão ameaçadas, como a do escultor Henry Moore prevista para o Paço Imperial, comemorando 20 anos de sua inauguração. A dos afrescos de Pompéia, da Coleção Teresa Cristina, restaurados recentemente, está no Museu Nacional de Belas Artes, sem público porque a instituição está fechada desde março. Ontem, parte dos funcionários reconheceram que esta questão não atrai simpatia para a greve, mas outros servidores presentes à reunião com Nascimento Júnior ressaltaram que o MinC só lhes ouviu devido à paralisação.
Segundo Nascimento, o MinC quer servir de intermediário dos funcionários, mas não pode propor soluções em desacordo com as diretrizes da equipe econômica.Na reunião com os funcionários do Museu Histórico Nacional, ontem de manhã, eles reclamaram que uma lista de reivindicações foi entregue há 13 meses, em maio de 2004 e só agora o Ministériotoma conhecimento delas.
“Algumas questões não podem ser resolvidas só pelo MinC porque estão ligadas ao orçamento, mas há outras que podem ser ativadas diretamente pelo Ministério.”
“Eles pedem, por exemplo, um seminário para discutir as condições técnicas, de capacitação de seu trabalho. Estas reuniões estão sendo importantes porque não discutimos só a greve, mas as instituições como um todo. E surgem novos pontos que nos orientam na relação com os funcionários.” Embora aberto à conversa, Nascimento só prometeu levar as reivindicações conjuntas à área econômica. Hoje, ele se reúne com o ministro interino, Juca Ferreira. “Vou relatar as preocupações e tensões e ver como o Ministério pode resolvê-las.”