Mulheres e Movimentos

 

‘MULHERES E

MOVIMENTOS’

 

Rio de Janeiro – RJ

 

OS MOVIMENTOS, ENCONTROS, PERSONAGENS E

CENÁRIOS DA MILITÂNCIA FEMINISTA BRASILEIRA

RETRATADOS EM 260 FOTOS DE CLÁUDIA FERREIRA,

COM TEXTOS DE CLAUDIA BONAN

 

Os registros, em imagens de grande intensidade, da presença feminina na vida política e nas manifestações sociais desde 1989 – no Brasil e na América Latina – estão reunidos em livro. Mulheres e Movimentos, com lançamento segunda, dia 7 de março – véspera do Dia Internacional da Mulher – na livraria da Travessa (RJ), reflete este período de profunda riqueza eternizado nas figuras da militância, nas reivindicações em forma de encontro, seminário, protesto ou festa, recuperando com precisão e poesia alguns dos momentos-chave destes últimos quinze anos no contexto do feminismo.

O volume reúne as fotos – todas em preto&branco – dos movimentos de mulheres, em momentos clicados pela fotógrafa carioca Claudia Ferreira desde 1989. As imagens que Claudia colheu – íntimas e públicas, individuais e coletivas, dos momentos oficiais e dos flagrantes – têm o contraponto dos textos da médica e socióloga Claudia Bonan, que historiam e comentam as fotografias.

A publicação em livro dessas imagens comoventes e referenciais marca efemérides como os 30 anos do Ano

Internacional da Mulher (ONU-1975), os vinte anos da criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e os dez anos da IV Conferência Mundial da ONU sobre a Mulher em Beijing.

Mulheres e Movimentos foi financiado pela Fundação Ford e pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Na apresentação, a ministra Nilcéia Freire, titular da pasta, ressalta a importância dos movimentos brasileiros e latino-americanos ali registrados “na redemocratização dos seus países e organização da sociedade civil”.

Também na introdução, a editora – a professora e ensaísta Heloisa Buarque de Hollanda – aponta que “as Cláudias nos oferecem, em fina sintonia e com grande talento e liberdade, uma das mais felizes versões da história das mulheres nas últimas décadas do século XX” e relembra que “nos anos setenta, teóricas do feminismo apontavam a câmera fotográfica e a caneta do jornalista como objetos fálicos”. “Aqui, este trabalho desmente regras e teorias”, assegura Heloisa.

Dividido em quatro grandes capítulos (veja no box a seguir), o livro oferece ainda no conjunto de legendas (reunidas no fim do volume) um panorama global e preciso de fatos e referências, que foram construídas como um verdadeiro glossário histórico.

Mulheres e Movimentos traz, no conjunto da sua proposta, uma visão de mão dupla, segundo Sonia Alvarez, professora de Política na Universidade da Califórnia, na orelha do livro. “É um olhar íntimo sobre a face pública dos movimentos de mulheres e feminista” e a possibilidade de levar “o público leitor para dentro desses movimentos, mostrando a face cotidiana e nem sempre tão ‘heróica’ de seus mais diversos grupos”, escreve Sonia.

Ela aponta ainda algumas “contribuições fundamentais” que estão no livro das Cláudias Ferreira e Bonan: “romper de vez com o mito do que as feministas brasileiras e latino-americanas são brancas, das classes mais favorecidas, ‘mal amadas’ e vendidas ao imperialismo” (…) e “acabar definitivamente com a idéia de que, com a ‘normalização da política’ e a profissionalização de importantes setores dos movimentos sociais nos anos 1990, o feminismo acabou.

Ele [o livro] ilustra nitidamente que os feminismos no Brasil e na América Latina talvez tenham se transformado, reconfigurado e transnacionalizado” (…) mas “não desistiram de montar críticas das mais assíduas e afiadas ao neoliberalismo global e seus efeitos nefastos sobre as mulheres” (…) e “não abriram mão das mudanças radicais almejadas e defendidas pelas feministas em décadas passadas; e nem deixaram de abraçar novas lutas, insistindo que ‘outro mundo [também feminista] é possível’, mas que não poderá ser construído sem os feminismos, sem as mulheres”.

OS QUATRO CAPÍTULOS

1º capítulo – uma visão geral do movimento feminista, com pinceladas desde o inicio do século XX até os anos 90, com os principais marcos históricos e a diversidade do movimento assinalados

2º capítulo – Os encontros feministas brasileiros e latino-americanos que “são invenções políticas peculiares”, dada a variedade de manifestações que são incluídas – “os mais variados desejos, necessidades e vontades podem se transformar em oficinas, grupos de trabalho, painéis, rituais, alvoradas ou marchas: a iniciativa está nas mãos das participantes”

3º capítulo – a participação das mulheres no ciclo de conferências mundiais da Organização das Nações Unidas nos anos 1990: ECO 92 (RJ); China, em setembro de 1995 (a IV Conferência Mundial sobre a Mulher); Durban, África do Sul, setembro de 2001 (III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerância Correlata).

OBS: são citados ainda (sem registro fotográfico) os encontros de 1993, em Viena (que foi a anfitriã da II Conferência Mundial dos Direitos Humanos); e o de 1994, Cairo, no Egito (para a IV Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento).

4º capítulo – A participação em dois processos políticos que abrem o novo século: no Fórum Social Mundial em 2001 e na Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras, junho de 2002, em que duas mil mulheres de todos os cantos do país desembarcam em Brasília.

CLAUDIA FERREIRA é carioca, jornalista, fotógrafa profissional desde 1977. Trabalhou para o Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Correio Braziliense a para a Agência francesa Sippa Press. Na década de 80, trabalhou em cinema como fotógrafa de cena e fez fotos para teatro, ballet e shows musicais.

Desde o começo dos anos 90, tem o seu trabalho voltado para a cobertura de eventos do movimento social, com principal ênfase aos movimentos de mulheres e feminista. Sobre esse tema realizou oito exposições individuais no Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Salvador e Paraíba, e participou de várias coletivas. Recebeu o prêmio Rio Mulher 2004 da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro, pelo conjunto do seu trabalho.

CLAUDIA BONAN, médica e pesquisadora do Instituto Fernandes Figueira/UFRJ, doutora em Sociologia, militante, diretora do CACES (Centro de Atividades Culturais, Econômicas e Sociais).

MULHERES E MOVIMENTOS

(208 páginas – fotos de Claudia Ferreira e textos de Claudia Bonan – R$ 85)

Lançamento: 7 de março – 19h

Livraria da Travessa – R. Visconde de Pirajá, 572 – Ipanema

 

 

Compartilhar: