Se quando você pensa em biblioteca imagina um lugar careta, quadrado, onde não há nada de interessante além de espaço para os estudos, engana-se. Está aí a Biblioteca Nair Lacerda, em Santo André, para provar. Localizado na Praça 4º Centenário, pertinho do Teatro Municipal, o local completa seis décadas de vida neste ano. Foi criado em 1954 e idealizado pela escritora, jornalista e tradutora Nair Lacerda.
Espaço de formação de cidadãos, a biblioteca oferece muito mais do que se imagina. Quer ler um título, mas não tem como retirar? Tudo bem, os responsáveis podem enviar a obra pelo correio e o leitor devolve da mesma forma. Tudo sem custos.
Logo na entrada, o visitante se depara com o Espaço Permanente de Fotografia, criado em homenagem ao fotógrafo João Colovatti, que trabalhou no Diário.Na recepção, a bibliotecária Viviane Gomes da Rocha e a auxiliar de biblioteca Isis Olivare esbanjam simpatia, mostram amor pelo universo dos livros e estão sempre prontas para ajudar, fornecer toda informação possível e fazer com que o visitante não saia da biblioteca de mãos abanando.
“Todos os dias realizamos pesquisas para ajudar outras pessoas. Encontramos novidades o tempo todo”, diz Isis. Viviane explica que a doação de livros ajuda a manter a biblioteca atualizada. Para saber que tipo de livro o local mais necessita, basta ligar no 4433-0768.
Capitaneada pela gerente Carmela Giura, a Biblioteca Nair Lacerda oferece livre acesso ao visitante, ou seja, ele tem contato direto com os livros e pode buscar o que precisa nas prateleiras. Ela conta que seu grande desafio é desmitificar a ideia de que biblioteca é um lugar ultrapassado, atrasado. O espaço dedicado às leituras, logo na entrada, sempre se transforma em local para debates, palestras e encontros. A programação pode ser conferida na internet, na página do Facebook (www.facebook.com/RedeBibliotecasSA).
“Repensamos o conceito de biblioteca pública. Ela tem enorme poder de transformação da sociedade. A biblioteca busca sempre se atualizar. É mais moderna e oferece gama de serviços. As pessoas vêm para cá para outras demandas. Não é mais como antes, quando vinham para copiar algo e estudar em casa”, explica Carmela. Além disso, o espaço conta com uma bela Gibiteca, que oferece cerca de 25 mil exemplares, boa parte disponível para empréstimo. Responsável pelo espaço, Carlos Fagonholi conta que os títulos de super-heróis são os mais procurados. “Turma da Mônica também é sucesso”, diz. Entre títulos de Fantasma e Asterix, há também uma rara edição de 1930 de Flash Gordon.
Coladinho à Gibiteca, ao lado das mesas que ficam perto da janela, está a prova de inclusão social, com o acervo em Braille. Títulos como A Menina Que Roubava Livros e O Diabo Veste Prada não ficam de fora. “As pessoas ligam para cá, a Roseli (responsável pelo setor) vai até o ponto de ônibus, recebe a pessoa, auxilia no empréstimo dos livros e leva a pessoa de volta ao ponto”, explica Carmela.
O local oferece ainda o acervo digital, que pode ser acessado de casa pelo site da Prefeitura (www.santoandre.sp.gov.br) e inclui, inclusive, títulos da Gibiteca. Há também o espaço infantil, com material para a criançada e que faz empréstimos de livros para creches que atendem crianças carentes.
NOVIDADES
A biblioteca foi contemplada com R$ 300 mil em edital do governo do Estado de São Paulo e passará por reforma em 2015. “Faremos grande mudança no layout. Será totalmente moderno. As pessoas terão prazer de ficar aqui. Vamos mudar todo o mobiliário”, afirma Carmela, que adianta: “internet wi-fi também está nos planos”.
Envolvida com a Biblioteca Nair Lacerda há 30 anos, Carmela explica que tem relação afetiva com o espaço e a preocupação em mostrar que é vivo. “Percebemos quantas pessoas ainda buscam livros. Vejo que as mídias se somam, assim como o cinema não destruiu o teatro”, diz ela, em relação à internet.
Em setembro, 2.524 pessoas visitaram a biblioteca e 2.932 emprestaram livros. Já os eventos culturais levaram ao local 621 pessoas. O acervo digital teve cerca de 1.400 acessos e 118 pessoas se tornaram sócias.
Qualquer cidadão pode usar o espaço, que conta ainda com computadores disponíveis para uso de internet. Mas para retirar material e levar para casa é necessário morar em Santo André. Para se filiar, basta apresentar RG e comprovante de residência.
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