Sete salas, sete obras. O Museu de Arte do Espírito Santo (Maes) reinaugurou seu modesto espaço expositivo, no centro de Vitória, após uma reforma do entorno, com uma mostra que, ao discutir uma das principais características da produção contemporânea, obras que não têm durabilidade, propiciou aos artistas uma experimentação que levará ao menos três das obras expostas a se desdobrarem em trabalhos fora do país.
É o caso da nova obra de Rivane Neuenschwander, que, depois de Vitória, segue para a Bienal de Veneza, na Itália, que será aberta em 12 de junho próximo. Composta por uma máquina de escrever com os sinais alterados, substitui o alfabeto por pontos, e o público pode datilografar cartas cifradas, fixando-as num imenso quadro verde, que ocupa duas paredes inteiras do museu. “A artista transforma tanto palavras quanto tempo, significado, expressão e atuação nesta sua obra”, diz o curador da exposição, Franklin Espath Pedroso.
Em Veneza, Rivane apresentará a mesma obra, só que com sete máquinas de escrever, a partir da escolha de Rosa Martínez, uma das curadoras da Bienal. Também em Veneza, José Damasceno leva o delicado fluxograma rizomático com as palavras ontem, hoje e amanhã, apresentado no Maes.
Bomba de cores
Já o trabalho de Marepe, composto por 4.500 bexigas cheias, que ocupam totalmente outra das salas, convida o público a uma ação performática na explosão de todas as bolas, o que em geral não dura mais de cinco minutos, deixando no chão uma miríade de cores. “Fiz esse trabalho a partir das festas de aniversário em Vitória, pois lá as crianças explodem todas as bexigas no fim dessas festas. Foi o início de um raciocínio, a partir desse trabalho criei o que vou levar para o Centro Pompidou, no qual essas bexigas vão estar dentro de imensas roupas”, conta Marepe.
Além desse trabalho, Marepe vai apresentar outras duas peças, no Centro Cultural Francês, em setembro, uma com fotos de infância do artista, tiradas no dia 7 de setembro, e outra, um imenso retrato de seu avô, Tiburtino Peixoto, também conhecido como Bubu, ao lado da imagem do presidente francês George Pompidou, que dá nome ao local, chamado de Beaubourg, criando um inusitado trocadilho.
“Impermanência e Transitoriedade”, a exposição em cartaz em Vitória, foi criada após uma série de encontros sobre a função atual dos museus. “Uma das questões que não foram abordadas nesses encontros foi a da obra de arte que tem um limite de duração e, por isso, é de difícil inclusão numa coleção museográfica. Daí optei por selecionar artistas que trabalham em torno dessa temática”, diz Pedroso.
Por isso, o curador selecionou sete artistas, o número de salas do museu, que realizam trabalhos com uma marca transitória. Além de Neuenschwander, Damasceno e Marepe, participam da exposição Brígida Baltar, Carlito Carvalhosa, David Caetano e Sandra Cinto.
Impermanência e Transitoriedade
Curadoria: Franklin Espath Pedroso
Onde: Museu de Arte do Espírito Santo (av. Jerônimo Monteiro, 631, Vitória, centro, tel. 0/xx/27/ 3132-8393)
Quando: de ter. a sex., das 10 às 18h; até 30/4
Quanto: entrada franca
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