A 3ª MARÉ – Mostra Ambiental do Recife lançou sua programação completa, que tratará de pôr em debate a cidade que temos e a cidade que queremos, expondo os conflitos existentes na interação entre o homem e o meio-ambiente
Até a 18 de agosto 21 filmes (oito inéditos no Recife) serão exibidos no Jardim Botânico, Cinema São Luiz, UFPE e na comunidade Ilha de Deus, com presença de realizadores. Oficinas, saraus, debates e atividades culturais completam a programação em três eixos temáticos: Cidades & Conflitos, Povos & Territórios e Ecossistemas & Biodiversidade; sessão especial de “Terra em Transe” marca os 50 anos da obra de Glauber Rocha.
A arte oficial do evento traz um conceito de encaixes gráficos desenvolvido pelo animador Bruno Cabús. A curadoria do crítico e pesquisador André Dib é composta por três longas e 17 curtas-metragens, além da Sessão Guerrilha, com filme surpresa na UFPE.
Segundo o coordenador da mostra e produtor cultural Rafael Buda, a terceira edição da MARÉ pretende trazer à tona questões que apesar de urgentes, não são debatidas com profundidade pela população da Região Metropolitana do Recife. ”A 3ª MARÉ se consolida com um debate urgente sobre a cidade que temos e a cidade que queremos. Seus conflitos, a interação do homem com o meio ambiente e as lutas políticas atuais são fios condutores para uma reflexão que permeia toda a programação. Assim, como o fluxo da maré, apresentamos filmes que traduzem esse sentimento e escancaram nossas contradições”.
Nessa edição, a MARÉ não abordará uma única temática, como em edições anteriores. Três temas guiarão as sessões de exibição, assim como os debates e demais atividades. Os desafios da mobilidade urbana, a luta pelo direito à moradia, o desmonte dos espaços públicos coletivos e outros tópicos estarão reunidos no debate acerca das Cidades & Conflitos.
Já o processo de homogeneização das tradições e culturas, provocadas pela globalização, serão refletidas no eixo Povos & Territórios, que discutirá a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento e a valorização da cultura popular, o respeito pelas diferentes etnias e a manutenção dos povos tradicionais. E como não poderia deixar de ser em uma mostra ambiental, problemáticas atuais envolvendo Ecossistemas & Biodiversidade serão discutidas.
A MARÉ será dividida em duas etapas. A primeira, de 07 a 11 de agosto, com a realização das oficinas de Sensibilização Ambiental (com Daniele Carvalho, bióloga, professora, educadora ambiental e coordenadora de formação da MARÉ) e Vídeo ambiental (com Lilian Alcântara, cineasta), na Escola Professor José da Costa Porto, localizada na Ilha de Joana Bezerra (comunidade do Coque) e na Escola Poeta Jonatas Braga, em Campo Grande. A segunda etapa acontece entre os dias 12 e 18 de agosto, com a apresentação da mostra audiovisual, debates e atividades culturais no Jardim Botânico do Recife, no Cinema São Luiz, na UFPE e na Ilha de Deus.
Seis curtas-metragens abrem a MARÉ no Jardim Botânico do Recife: História Natural (PE), de Júlio Cavani; Retratos da Alma (DF), de Leo Bello; Ruínas (PE), do coletivo Jacaré Vídeo; Frequências (PE), de Adalberto Oliveira; Disforia Urbana (PE), de Lucas Simões; e Da margem do rio o mar (GO), de Rei Souza. Nesse dia, também será ofertada uma oficina de Sensibilização Ambiental. Já no segundo dia, haverá mais quatro curtas-metragens: a ficção paulista Animais (SP), de Guilherme Alvernaz; Exília (PE), de Renata Claus; Lá do alto (RJ), de Luciano Vidigal; e Em busca da terra sem males (RJ), de Anna Azevedo. O Sarau Poético Cordel Animado fecha a programação do Jardim Botânico.
De segunda a quarta (14 a 16 de agosto) o Cinema São Luiz será a casa da MARÉ, numa programação com mesas de debate e filmes exibidos no padrão profissional DCP, com entrada ao preço único de R$ 5 (bilheteria abre às 18h). Seis filmes serão exibidos, quatro deles inéditos no Recife; antes de cada sessão será formada uma mesa com debatedores que tratarão sobre os temas: “A contradição do capital tem gênero, cor e orientação sexual”; e “O colapso ambiental e a segunda natureza”.
Ocorrerá também, no mesmo cinema, a sessão comemorativa de 50 anos de Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha. O filme reflete sobre a sociedade brasileira da década de 1960, e continua muito atual dentro da conjuntura política do país. Após ser restaurado em 2007 por Paloma Rocha, cineasta e filha do diretor do filme, a obra voltou as salas de cinema nesse ano de 2017. A MARÉ será a responsável pela primeira exibição no Recife, no dia 14 de agosto, as 19h30. A sessão será precedida pelo debate: “Terra em Transe – 50 anos depois num país em transe”, que contará com a participação de Alexandre Figueiroa, que é professor e crítico de cinema, e com mediação de Luiz Joaquim, também professor e crítico de cinema.
No último dia de atividades, o evento acontecerá na comunidade da Ilha de Deus, que fica localizada no bairro da Imbiribeira. Os presentes participarão de uma visita guiada e ao chegar na comunidade, serão recepcionados pelo Sarau Poético “As Cumade”. Logo após, será formada uma mesa com o tema “Fissura no capital e o turismo de base comunitária” e serão exibidos, na sequência, cinco curtas: os pernambucanos Pequena área, de Tiago Martins Rêgo e Sebba Cavalcante; Fora Presídio, do Coletivo Ficcionalizar; Fotograma, de Luís Henrique Leal e Caio Zatti; Iluminadas, de Gabi Saegesser; e o baiano Latosolo, de Michel Santos.
O festival contará ainda com três saraus: “O Cordel Animado”, no domingo (13) projeto integrado pela escritora e contadora de histórias Mariane Bigio, e sua irmã, a musicista Milla Bigio. A dupla prepara um repertório de histórias autorais em Cordel, permeadas por música e sonoplastia; “SLAM da Maré”, na quinta (17), que será comandado pelo Coletivo recifense Controverso Urbano e consiste numa batalha poética em que pessoas leem ou recitam textos autorais. O SLAM é visto como um espaço livre de expressão da cena artística alternativa e jovem, principalmente da periferia; por fim, na sexta (18) haverá o espetáculo “As Cumade”, formado pelas poetas Anaíra Mahin e Lu Rabelo, que desenvolvem um trabalho hibrido com poesia, teatro e música. As apresentações performáticas e temáticas possuem grande viés político de conscientização.
A MARÉ é uma realização Asaga Audiovisual e conta com produção da Bonsucesso Comunicação e Cultura, incentivo do Fundo Municipal de Meio Ambiente do Recife e apoio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentabilidade e Meio Ambiente do Recife.
Confira a programação completa do festival:
Sábado 12/08
Jardim Botânico do Recife (Entrada franca)
09h – Mostra de curtas
História natural (PE, 2014, 14’), de Júlio Cavani
Retratos da alma (DF, 2017, 20’), de Leo Bello *
Ruínas (PE, 2017, doc, cor, HD, 3’24’’), do Coletivo Jacaré Vídeo
10h – Mostra de curtas
Frequências (PE, 2017, doc, cor, DH, 19’), de Adalberto Oliveira
Disforia Urbana (PE, 2015, doc, cor, HD, 12’), de Lucas Simões
Da margem do rio o mar (GO, 2017, doc, cor, HD, 13’), de Rei Souza *
10h – Oficina de Sensibilização Ambiental
Domingo 13/08
Jardim Botânico do Recife (Entrada franca)
09h – Mostra de curtas – 60 minutos
Animais (SP, 2016, fic, cor, HD, 13’), de Guilherme Alvernaz *
Exília (PE, 2016, doc, cor, HD, 24’), de Renata Claus
Lá do alto (RJ, 2016, fic, cor, HD, 8’), de Luciano Vidigal *
Em busca da terra sem males (RH, 2017, doc, cor, HD, 15’), de Anna Azevedo *
10h – Sarau Poético: Cordel Animado
Segunda 14/08
Cinema São Luiz (Preço único: R$ 5)
17h – Mesa: “Terra em Transe – 50 anos depois num país em transe”, com Alexandre Figueiroa (professor e crítico de cinema) e mediação de Luiz Joaquim (professor e crítico de cinema)
19h30 – Exibição:
Em busca da terra sem males (RJ, 2017, doc, cor, HD, 15’), de Anna Azevedo *
Terra em Transe (Brasil, 1967, fic, pb, 35mm, 111’), de Glauber Rocha ** SESSÃO COMEMORATIVA DE 50 ANOS
Terça 15/08
Cinema São Luiz (Preço único: R$ 5)
17h – Mesa: “A contradição do capital tem gênero, cor e orientação sexual”,
Com Fabiana Moraes (jornalista e cineasta), Cida Pedrosa (poeta e Secretária da Mulher do Recife) e Laudijane Domingos (Presidenta da União Brasileira de Mulheres / PE)
Mediação: Daniele Carvalho (bióloga e educadora ambiental)
19h30 – Exibição:
Dia de Pagamento (PE, 2016, doc, cor, HD, 28’), de Fabiana Moraes **
Cidades Fantasmas (2017, doc, cor, HD, 71’), de Tyrell Spencer *
Quarta 16/08
Cinema São Luiz (Preço único: R$ 5)
17h – Mesa: “O colapso ambiental e a segunda natureza”,
Com Rafael Amorim (cineasta), Maurício Guerra (Secretário Executivo de Meio Ambiente do Recife) e Augusto Semente (Movimento Mata Uchôa)
Mediação: Patrícia Caldas (geógrafa e pesquisadora)
19h30 – Exibição:
Nanã (PE, 2017, doc, cor, HD, 25’), de Rafael Amorim * **
O Botão de Pérola (El botón de nacár, Chile, França, Espanha, 2015, doc, cor, HD, 82’), de Patricio Guzmán *
Quinta 17/08
UFPE – Praça do CAC (Entrada franca)
17h – SLAM da MARÉ
Com o Coletivo Controverso Urbano
18h – Sessão Guerrilha
19h – Mesa: “A produção do espaço e a gentrificação da cidade”
Com Cristina Araújo (professora DAU-UFPE), Tiago Delácio (cineasta e mestrando em DAU-UFPE) e Luana Varejão (advogada popular e mestranda em DAU-UFPE)
Mediação: Rafael Buda (produtor cultural e coordenador da MARÉ)
Sexta 18/08
Ilha de Deus (Entrada franca)
16h – Visita guiada na Ilha de Deus
17h – Sarau Poético: As Cumade
18h – Mesa: “Fissura no capital e o turismo de base comunitária”,
Com João Paulo (turismólogo e doutorando no MDU-UFPE) e Josenilda Pedro – Nalvinha (Centro Educacional Saber Viver)
18h30 – Mostra de curtas –
Pequena área (PE, 2014, doc, cor, HD, 12’), de Tiago Martins Rêgo e Sebba Cavalcante **
Fora presídio (PE, 2016, doc, cor, HD, 13’), de Coletivo Ficcionalizar **
Fotograma (PE, 2016, doc, cor, HD, 9’11’’), de Luís Henrique Leal e Caio Zatti **
Iluminadas (PE, 2016, doc, cor, HD, 13’), de Gabi Saegesser **
Latossolo (BA, 2017, doc, cor, HD, 18’), de Michel Santos *
* filmes inéditos no Recife
** presença de realizadores e / ou equipe
Sinopses dos filmes:
Animais (SP, 2016, fic, cor, HD, 13’), de Guilherme Alvernaz
Sinopse: Sob a rígida lei da selva, cada um procura defender como pode seu bem mais precioso, a vida.
Exília (PE, 2016, doc, cor, HD, 24’), de Renata Claus
Sinopse: Dona Bernadete visita Dona Leriana, sua antiga vizinha na Ilha de Tatuoca.
Lá do alto (RJ, 2016, fic, cor, HD, 8’), de Luciano Vidigal
Sinopse: Um menino sonhador tenta convencer seu pai a levá-lo ao alto de uma pedra, na favela do Vidigal. Ali, perto do céu, ele acredita que poderá se comunicar com a avó, de quem sente saudades.
Em busca da terra sem males (RJ, 2017, doc, cor, HD, 15’), de Anna Azevedo
Sinopse: Na mitologia Guarani, Terra sem males é o lugar onde os índios encontram a paz. Nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, um grupo indígena sem terra ergue uma pequena aldeia chamada Ka´aguy hovy Porã, Mata Verde Bonita. Ali, crianças crescem entre as antigas tradições, como a língua Guarani, e a cultura das grandes cidades contemporâneas, como o rap. Mas sempre sob a tensão de um dia surgir “os donos da terra” e o eterno pesadelo de, outra vez, terem que sair em busca da terra sem males.
História natural (PE, 2014), de Júlio Cavani
Sinopse: Um homem encontra um misterioso objeto orgânico no topo da árvore mais alta de uma floresta.
Retratos da alma (DF, 2017, 20’), de Leo Bello
Sinopse: O documentário conta as histórias de pessoas que têm uma estreita relação com o meio ambiente, e nos convidam a refletir sobre a natureza humana.
Ruínas (PE, 2017, doc, cor, HD, 3’24’’), de Jacaré Vídeo
Sinopse: Novo episódio do É Por Aí Mobilidade, série de programas produzida pela Jacaré Vídeo, mostra o que está acontecendo nas ruas e os problemas de locomoção enfrentados no Recife.
Frequências (PE, 2017, doc, cor, HD, 19’), de Adalberto Oliveira
Sinopse: Na retina, raios luminosos que giram revelam um novo mundo.
Disforia Urbana (PE, 2015, doc, cor, HD, 12’), Dir. Lucas Simões
Sinopse: A vida na cidade, com todo seu movimento e celeridade, é na verdade solitária e monótona.
Da margem do rio o mar (GO, 2017, doc, cor, HD, 13’), de Rei Souza
Sinopse: Breve ensaio sobre a beira da rua
Terra em Transe (Brasil, 1967, fic, cor, 35mm, 108’), de Glauber Rocha
Sinopse: País fictício da América Latina, Eldorado, é palco de uma convulsão interna desencadeada pela luta em busca do poder.
Dia de Pagamento (PE, 2016, doc, cor, HD, 28’), Fabiana Moraes
Sinopse: Em Rio da Barra, sertão de Pernambuco, a transposição de um rio possibilitou a compra de biscoito, casa, suco de caixinha, perfume, terreno. Quase todos foram usados como substitutos da cidadania.
Cidades Fantasmas (2017, doc, cor, HD, 71’), de Tyrell Spencer
Sinopse: Deserto chileno, Amazônia brasileira, Andes colombianos e Pampa argentino. Quatro destinos na América Latina, onde as ruínas e o silêncio são o plano de fundo da nossa jornada. Alguns de seus antigos moradores ainda guardam na memória o que viveram ali e, através de relatos mais intimistas, evocam lembranças de um passado que não querem esquecer. Com um olhar contemplativo sobre o que restou, refletimos sobre o que deixamos e podemos deixar do nosso legado, entendendo que tudo pode ter um fim e que nada está livre da luta contra o esquecimento.
Nanã (PE, 2017, doc, cor, HD, 25’), de Rafael Amorim
Sinopse: Em um complexo portuário e industrial, a população enfrente o processo de gentrificação do território. A resistência é a terra.
O botão de pérola (El botón de nacár, Chile, França, Espanha, 2015, doc, cor, HD, 82’), de Patrício Guzman
Sinopse: O oceano contém a história de toda a humanidade. No mar estão as vozes da Terra e de todo o espaço. O litoral chileno esconde o segredo de dois misteriosos botões encontrados no fundo do mar. Com mais de 4 mil km de costa e o maior arquipélago do mundo, o Chile apresenta uma paisagem sobrenatural, com vulcões, montanhas e glaciares. Nessa paisagem estão as vozes da população indígena da Patagônia, dos primeiros navegadores ingleses que chegaram ao país, e também a voz dos presos políticos do governo de Augusto Pinochet. Alguns dizem que a água tem memória. Este filme mostra que ela também tem voz.
Fotograma (PE, 2016, doc, cor, HD, 9’11’’), de Luís Henrique Leal e Caio Zatti
Sinopse: Uma mulher negra caminha por um bairro de classe média alta no Recife, Brasil. Um muro e duas câmeras de segurança a separam de um condomínio de luxo. “Fotograma” disseca esta imagem cotidiana, buscando pensar suas inscrições históricas. Imagens da cultura e inscrições da barbárie.
Iluminadas (PE, 2016, doc, cor, HD, 13’), de Gabi Saegesser
Sinopse: Luz, sombra, mistério: uma abordagem poética do cotidiano de parteiras que atuam na capital, zona da mata e agreste pernambucanos.
Latosolo (BA, 2017, doc, cor, HD, 18’), de Michel Santos
Sinopse: A relação do homem com seu ambiente natural, e a ocupação de uma cidade localizada sobre o latossolo vermelho amarelo.
Serviço:
Quando: de 07 a 18 de agosto de 2017
Onde: Jardim Botânico do Recife, Cinema São Luiz, CAC-UFPE e Comunidade Ilha de Deus.
Quanto: Entrada franca (exceto Cinema São Luiz, R$ 5 – preço único; bilheteria abre às 17h)
Do Portal Vermelho
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