Evento começou ontem e vai até sábado (2) em Vitória (ES) destacando produções femininas e corpos dissidentes em evento cinematográfico
A segunda edição da Mostra Nacional CineMarias – Corpos (in)Visíveis começou nesta quinta-feira (31) no Cine Metrópolis da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) em Vitória. O evento gratuito, que se estende até sábado (2), inicia com o painel “Depois da Lei Maria da Penha”. A coordenadora-geral do projeto, Luana Laux, ressalta a relevância da mostra como uma das poucas dedicadas ao cinema feminino que continua ativo no país.
Inspirada na Lei Maria da Penha, a mostra busca criar espaço para produções com identidade feminina, “de modo que as pessoas possam conhecer e difundir os trabalhos as narrativas e as agendas que estão sendo colocadas nesses filmes”, disse Luana.
O evento deste ano aborda narrativas afirmativas e, especificamente, aborda a questão do combate físico à violência e ao feminicídio. As inscrições para as oficinas e rodas de debates podem ser feitas na página do CineMarias. Já as mostras de cinema, premiações, homenagem e shows não precisam de inscrições.
O tema central da edição de 2023, “Corpos (in)Visíveis”, enfoca os corpos decoloniais, particularmente as identidades femininas pretas, pardas, indígenas, quilombolas e marisqueiras. Esses grupos enfrentaram processos históricos de apagamento cultural e artístico, e a mostra pretende proporcionar um espaço para sua expressão e reflexão.
Entre os destaques do programa, um painel intitulado “Descolonizando o Brasil” busca reexaminar o país sob uma perspectiva colonial, trazendo artistas e pensadores para discutir questões relevantes. Haverá também a participação de líderes quilombolas, marisqueiras e indígenas capixabas, bem como uma homenagem à multiartista Lia de Itamaracá, ícone da ciranda brasileira e resistência cultural.
Na noite desta quinta, acontece o lançamento de curtas-metragens produzidos por 30 bolsistas no Laboratório Audiovisual CineMarias (LAB CineMarias). Elas contam a relação de seus corpos com os territórios e algumas experiências de violência. O LAB CineMarias é um laboratório imersivo de capacitação da área, voltado para jovens identidades femininas e não binárias, moradoras de comunidades da Grande Vitória e interessadas em aprender cinema.
No âmbito dos filmes, a mostra exibirá “A Flor do Buriti”, um longa premiado no Festival de Cannes, que aborda a resistência do povo Krahô no Tocantins. Também será apresentado “Uýra – A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi.
A sub-representação das mulheres no cinema também é um tópico abordado, conforme dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), destacando a necessidade de mais espaço e visibilidade para mulheres, especialmente as negras e indígenas, nos cargos de liderança nas produções audiovisuais.
A programação completa pode ser acessada no site oficial do evento.
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com agências
Edição: Bárbara Luz
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