Mês da Fotografia Começa sem Força

Sem patrocínio estatal ou privado e ressentindo a falta de apoio da comunidade ligada à fotografia, o Mês Internacional da Fotografia de São Paulo, aberto oficialmente amanhã no Conjunto Cultural da Caixa, no centro da cidade, chega à 7ª edição sem um foco definido e com futuro incerto.
Organizado desde 1991 pelo Nafoto (Núcleo dos Amigos da Fotografia), o mês se solidificou como um evento do calendário da cidade ao atrair um grande público e promover debates importantes para o desenvolvimento da fotografia nacional. Nas cinco primeiras edições, São Paulo pôde ver pela primeira vez o trabalho de grandes nomes da fotografia mundial, como Josef Koudelka, Robert Doisneau, Luis Gonzales Palma, Joel-Peter Witkin e Graziela Iturbide, atraindo cerca de 220 mil pessoas.
A edição atual, assim como a anterior realizada em 2003, se limita a agrupar 29 exposições já anteriormente agendadas pelas instituições e galerias da cidade. Pela segunda vez, os organizadores não puderam lançar um tema conceitual que amarrasse as mostras nem tiveram fôlego para fazer curadorias e convidar fotógrafos para expor.
Lutando praticamente sozinho contra as adversidades, o pesquisador e curador Rubens Fernandes Júnior confessa que pensou em não realizar o evento neste ano. “Em novembro do ano passado, enviamos um projeto para algumas empresas pedindo patrocínio, mas nem sequer tivemos retorno”, diz. “Resolvemos fazer o mês mais uma vez, dessa forma precária, para que ele não morra. A idéia é mantê-lo no calendário cultural da cidade e fazer a partir de agora um trabalho de conscientização de alguns prováveis patrocinadores para que em 2007 possamos reerguê-lo.”
O sucesso de público verificado nas primeiras edições não garantiu, no entanto, a manutenção de apoios. Segundo Fernandes, isso é reflexo da falta de cultura fotográfica por parte do empresariado que ainda não vê na fotografia uma expressão cultural relevante. “Cinema, dança, vídeo, teatro e literatura possuem eventos fixos já cristalizados, ainda temos que fazer um trabalho de base para que a fotografia ganhe o status necessário e que reflita a importância e o prestígio que a fotografia brasileira possui mundialmente hoje.”
Mesmo sem uma organização maior, o mês conseguiu abrigar 29 mostras que já estão acontecendo quase simultaneamente na cidade, além de eventos paralelos.
Entre os destaques das mostras está o fotógrafo francês naturalizado norte-americano Elliott Erwitt, que integra o staff da prestigiada agência Magnum. Com a mostra “Magic Hands”, Erwitt irá inaugurar a Leica Gallery em São Paulo -a sétima no mundo-, especializada em mostras de fotografias. A Faap irá abrigar outro destaque estrangeiro: o fotógrafo francês Bernard Plossu com a mostra “Voyage d’Hiver em Pologne”, a partir de 16 de maio.
Entre as atrações nacionais, que se ressente da falta de fotógrafos com carreira consolidada, as melhores dicas ficam por conta de trabalhos inéditos que possuem uma abordagem original, como “Ocian”, de Hilton Ribeiro, e “Maio”, de Rogério Canella.

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7º Mês Internacional da Fotografia
Quando: ter. a dom., das 9h às 21h (abre amanhã, às 19h, para convidados)
Onde: Conjunto Cultural da Caixa (pça. da Sé, 111, centro, tel. 0/xx/11/ 3107-0498; www.nafoto.org.br/7mes)

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