A memória tem o papel fundamental de manter registrado, no consciente coletivo, o caminho percorrido pela humanidade ao longo da história. Ler e ouvir fatos do passado ajudam as pessoas a se conhecerem, se reconhecerem e se conectarem. Com o intuito de estabelecer o vínculo entre as experiências do passado e da vida cotidiana atual, nasceu o Memorial da Resistência.
Inaugurado em 24 de janeiro de 2009, espaço preserva as memórias da resistência e da repressão políticas ocorridas no estado de São Paulo. O memorial está localizado no prédio que originalmente abrigou os armazéns e escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1914, e que posteriormente sediou, de 1940 a 1983, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – Deops/SP.
O Memorial da Resistência convida seus visitantes a fazer um passeio por dois períodos da história brasileira, marcada pelas ditaduras do Estado Novo (1937 e a Civil-Militar (1964-1985). Tratam-se de momentos políticos conturbados, em que cidadãos foram perseguidos e presos.
O programa museológico do espaço está estruturado em pesquisa, documentação, conservação e comunicação patrimoniais. Seu objetivo é incentivar à reflexão e a promover ações que contribuam para o exercício da cidadania, o aprimoramento da democracia e a valorização de uma cultura em direitos humanos.
Convite à reflexão
Visitar o Memorial é percorrer importantes fatos que marcaram a história. Para isso, o espaço possui uma exposição de longa duração que está abrigada em parte do antigo espaço carcerário e seu roteiro expositivo está organizado em quatro módulos.
No primeiro módulo, intitulado “O edifício e suas memórias”, é apresentada a cronologia da ocupação do edifício desde sua construção à atualidade; do outro, um vídeo que mostra a história e estrutura do DEOPS/SP, em tópicos que evidenciam suas diversas ramificações.
O modulo B, que leva o nome “Controle, repressão e resistência: o tempo político e a memória”, os visitantes são convidados a conhecer as noções, as estratégias e os fatos relativos ao controle, repressão e resistência, configurando a abordagem da sala e contextualizando o espaço prisional no âmbito do Brasil republicano por meio de um equipamento multimídia e por uma cronologia, entre outros recursos.
No módulo seguinte, o C, chamado “A construção da memória: o cotidiano nas celas do DEOPS/SP”, é apresentado o conjunto prisional composto por quatro celas, um corredor principal e um corredor para banho de sol. Em cada um dos espaços, painéis e outros suportes audiovisuais apresentam desde o processo de implantação do Memorial da Resistência aos testemunhos sobre o cotidiano na prisão.
Impossível não se emocionar com os depoimentos dos sobreviventes, que relatam suas experiências “ao pé do ouvido”, por meio de fones estrategicamente instalados numa das celas. São histórias que trazem ao presente as memórias do cárcere.
Por fim, o módulo D, “Da carceragem ao Centro de Referência”, oferece possibilidades de aprofundamento temático, por meio da consulta a banco de dados referenciais, além de uma amostragem de objetos e documentos provenientes do Fundo DEOPS/SP.
Dialogando com a sociedade
Vinculado à Pinacoteca do Estado, o Memorial da Resistência possui uma programação que inclui palestras, debates, mostras de filme e lançamentos de livros, sempre seguidos de debates. Um dos destaques da programação do Memorial da Resistência é o projeto “Sábados Resistentes”, realizado em parceria com o Núcleo de Preservação da Memória Política do Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo.
Serviço
As visitas ao Memorial da Resistência podem ser realizadas de quarta a segunda, das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. O espaço está localizado no largo General Osório, 66 – São Paulo, SP. A entrada é gratuita. Mais informações: www.memorialdaresistenciasp.org.br
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