A candidata à Presidência Marina Silva (PSB) disse que a informação divulgada na imprensa de que ela consulta a bíblia antes de tomar decisões importantes faz parte de uma estratégia de “pessoas de má-fé” para rotulá-la como fundamentalista. De acordo com Marina, a bíblia é uma referência para o ser humano assim como é a arte e a literatura. “Uma pessoa que crê tem na bíblia uma referência, assim como tem como referência a arte, a literatura. Às vezes as pessoas podem ter um insight (ideia) assistindo um filme”, disse, durante entrevista ao Jornal da Globo exibida na madrugada desta terça-feira.
As declarações de Marina se referem a uma matéria no jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira que afirma que a candidata costuma recorrer a versículos da bíblia em momentos decisórios difíceis. Marina disse que o ser humano tem naturalmente uma subjetividade e que isso é importante para o desenvolvimento das sociedades.
“As pessoas tomam decisões que levam em conta vários aspectos”, disse. “O ser humano não é uma unidade pura de alguma coisa, somos seres subjetivos e a subjetividade é uma riqueza interior para qualquer ser humano”, afirmou. “Isso (informações da matéria) é uma forma que as pessoas foram construindo para tentar passar a imagem que eu sou fundamentalista, coisas de pessoas de má-fé”, disse.
Na entrevista, Marina Silva voltou a explicar que a mudança no seu programa de governo em relação ao casamento de pessoas do mesmo sexo e à energia nuclear se deve a um erro de processo na elaboração do documento. Ela também disse que defende os direitos civis de todos os brasileiros e que repudia qualquer forma de preconceito.
Na área econômica, a candidata do PSB afirmou que, caso seja eleita, vai recuperar o tripé macroeconômico – superávit fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação – para retomar a confiança do investidor no País. Além disso, Marina afirmou que tem um compromisso de não aumentar impostos e que os recursos para a ampliação de programas sociais virão do espaço fiscal adquirido quando o País voltar a crescer.
Energia. Marina disse também que espera que o governo federal realize um reajuste dos preços administrados como uma medida de política de País, deixando de lado o aspecto eleitoral sobre essa questão. “Eu espero que os preços administrados possam ser corrigidos pelo próprio governo”, disse a candidata quando perguntada se irá aumentar o preço da gasolina para beneficiar o setor sucroalcooleiro. “Quero que se tenha visão de País, não uma visão apenas voltada para as eleições”, afirmou, na entrevista exibida na madrugada desta terça-feira.
Marina defendeu as diretrizes energéticas que constam no seu programa de governo e falou que não vai ignorar os recursos provenientes do petróleo da camada pré-sal. No entanto, segundo ela, o País precisa avançar além do combustível fóssil e estimular o desenvolvimento de fontes de energia renovável, a exemplo da energia eólica e de biomassa. “Vamos explorar os recursos do pré-sal, mas vamos dar um passo a frente”, disse.
Segundo a candidata, os países desenvolvidos desenvolvem suas matrizes energéticas na direção de fontes menos poluentes, mas sem prescindir do petróleo, recurso que ainda não tem um substituto na mesma escala. Marina disse que os recursos do pré-sal são importantes para serem utilizados em áreas prioritárias do País, como educação, saúde e inovação.
A candidata não descartou projetos de hidrelétricas na região amazônica, onde está o maior potencial desse tipo de energia no Brasil. “Se os projetos têm viabilidade econômica, ambiental e social é preciso avançar com eles”, disse. “Mas é preciso investir também em fontes renováveis de energia”, alertou Marina Silva. Ela também afirmou que o País precisa das termoelétricas como fonte de energia auxiliar na matriz brasileira.
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