Em 22 de junho de 1527, morre Nicolau Maquiavel. O escritor florentino, autor do livro O Príncipe, afirmava que o rei deveria ter a astúcia da raposa e a coragem do leão e ser dissimulado, se a segurança do Estado exigisse. O soberano precisava eliminar toda ameaça, preferindo ser temido do que amado.
Nicolau Maquiavel, um dos mais conhecidos filósofos políticos de todos os tempos, se tornou famoso por defender a visão de que um governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e manter o poder. Seus críticos o denunciam como um homem que foi desprovido de moralidade, porém, seus admiradores afirmam que ele foi um dos únicos realistas que verdadeiramente entendiam o mundo político e que teve a coragem de descrevê-lo como ele realmente é. Em todo caso, séculos após terem sido publicados, os trabalhos de Maquiavel continuam sendo lidos e analisados por estudantes de filosofia, história e política.
Maquiavel nasceu em Florença, na Itália, no ano de 1469. Seu pai era advogado e membro de uma proeminente família italiana. Na época, no ápice do Renascimento, a Itália estava dividida em pequenos principados, enquanto outros países como Espanha, Inglaterra e França eram nações unificadas. Não surpreende que naquele momento a Itália estivesse politicamente e militarmente fraca, apesar de seus grandes alcances culturais.
Durante a juventude de Maquiavel, Florença era governada pelo famoso Lorenzo Medici, o Magnífico. Em 1492, Medici morreu e sua família foi expulsa de Florença, que se tornou uma república em 1498. Aos 29 anos de idade, Maquiavel conquistou um alto cargo na administração civil da república. Ao longo dos quatorze anos seguintes, ele participou de diversas missões diplomáticas, tendo viajado pela França, Alemanha e pelo interior da Itália.
Em 1502, Maquiavel se casou com Marieta Corsini, com quem teve quatro filhos e duas filhas. Em 1510, inspirado por sua leitura sobre a história romana, organizou uma milícia civil da República de Florença. Todavia, em agosto de 1512, um exército espanhol entrou na Toscana e saqueou Prato. Aterrorizados, os florentinos depuseram seu governante, Pier Soderini, a quem Maquiavel havia caracterizado como “bom, porém fraco”, e permitiram a volta da família Medici ao poder.
Em 7 de novembro do mesmo ano, pouco após os Medici assumirem novamente o poder, Maquiavel foi demitido de seu cargo, e no ano seguinte, foi preso por ter supostamente colaborado contra a família Medici. Ele foi torturado, mas ainda assim insistiu ser inocente. Foi libertado naquele mesmo ano, e a partir de então, se isolou, vivendo em uma pequena propriedade em San Casciano, próximo a Florença. Sem perspectivas de conseguir uma nomeação para o novo governo, Maquiavel se dedicou a escrever livros.
Durante os 14 anos seguintes, Maquiavel escreveu diversos livros. Sua obra mais famosa foi “O Príncipe” (1513). Também escreveu “A Arte da Guerra” e “História de Florença”. Mas seu mais brilhante e conhecido trabalho é, sem dúvida, “O Príncipe”.