Habitação dos Índios Brasileiros.

 

 

 

 

Os tupinambá moram em frente à serra já mencionada, na beira do mar; mas o seu território ainda se estende por cerca de sessenta milhas por trás dela. Residem na margem do Paraíba, um rio que vem das montanhas e deságua no mar, e ocupam uma faixa de aproximadamente 28 milhas de extensão na costa. Os inimigos são uma ameaça por todos os lados. Ao norte, seu território faz fronteira com o dos hostis guaiataca; os inimigos no sul são os tupiniquim, e, na direção do interior, os carajá. Os guaiana da serra vivem nas proximidades dos tupinambá, que são perseguidos terrivelmente por uma tribo fixada entre eles e os guaiana, a dos maracaia. Todas tribos mencionadas estão presentemente em guerra entre si e todas comem os inimigos aprisionados.

Os tupinambá gostam de fazer suas cabanas próximas a locais providos de água e lenha, assim como peixes e caça. Quando se esgotam os recursos do território escolhido, eles estabelecem suas moradas em outro local. Sendo preciso erguer cabanas, cada chefe reúne um grupo de aproximadamente quarenta homens e mulheres, ou tantos quanto estiverem disponíveis. Esse grupo costuma ser constituído por amigos e parentes. Então constroem uma cabana que – dependendo do tamanho do grupo – chega a ter catorze pés de largura e até cento e cinqüenta pés de comprimento. A cabana mede cerca de duas braças de altura, sendo arredondada em cima como a abóbada de uma adega. Cobrem-na espessamente com folhas de palmeira, para proteger da chuva o seu interior. Ninguém tem um quarto separado na cabana, que por dentro consiste num único cômodo enorme, onde cada casal, homem e mulher, possui um espaço com cerca de doze pés de comprimento em um dos lados, de frente para um outro casal que possui seu espaço no outro lado. Assim as cabanas são preenchidas, cada família tendo sua fogueira própria. O chefe é dono do espaço central. Normalmente a cabana tem três entradas pequenas, uma de cada lado e uma no meio, tão baixas que é preciso curvar-se para passar. É raro uma aldeia contar com mais de sete cabanas, entre as quais deixam um espaço livre, onde matam seus inimigos aprisionados. As aldeias costumam ser protegidas do seguinte modo: em torno das cabanas ergue-se uma cerca feita com troncos cortados de palmeiras, com mais ou menos uma braça e meia de altura e tão grossa que nenhuma flecha possa penetrá-la. Há nela pequenos buracos pelos quais atiram suas flechas. Em volta dessa cerca erguem ainda uma outra, feita com varas longas e grossas, presas não muito próximas umas às outras, restando no meio uma separação que não permite a passagem de um homem. Em algumas tribos, é costume espetar as cabeças dos inimigos comidos em estacas, na entrada da aldeia.

[1548-1555]

(Livro 2, Capítulo IV. STADEN, Hans. A verdadeira história dos selvagens, nus, devoradores)

VIDA JUNTO COM A FLORESTA

A nossa riqueza está na terra.

Na terra podemos formar nossas aldeias.

Podemos cultivar nossas roças.

Nos rios, igarapés e lagos podemos pescar.

Na floresta que cobre a terra tem caça, remédios, frutas.

Tem madeira para construir a casa.

E madeira para construir a canoa.

Tem materiais para fabricar os objetos da casa, os brinquedos e os enfeites, as tintas para pintar.

Tem materias para fazer a festa, as máscaras e os instrumentos musicais, para fazer música.

Da floresta vêm as histórias para contar e os espírito que ajudam a curar.

Nossa vida anda junto com a floresta.

Na construção da casa usamos a madeira de várias árvores para fazer os barrotes, esteios, tábuas e listões. As mais importantes são: jacareúba, acapu, paracauuba, taniboca, maçaranbuca, muirapiranga, matamatá, pau-brasil, cedro, cedrorana, coquita, tento, louro-inamuí, capinuri, envireira, jacareúba, ucuuba, cauixe, andiroba, itaúba, louro-chumbo, marupá, mulateiro, sucupira. Com essas madeiras também construímos a casa de farinha, a casa de festa, a escola, a igreja e o posto de saúde.

Muitas casas têm as paredes e o assoalho feitos do tronco do açaizeiro e da paxiúba-barriguda.

As casas são cobertas principalmente com o caranã.

Mas também podem ser usadas as folhas de outras palmeiras, como a jarina, patauá, urucuri, bacaba, murumuru, ubim. Estas palhas servem ainda para cercar a cozinha, cobrir a casa de farinha e o tapiri da roça.

http://www.socioambiental.org/cgi-local/shop.pl/page=prod-outras.html/SID=502848487 – arvores

O livro das

http://www.socioambiental.org/cgi-local/shop.pl/page=prod-outras.html/SID=502848487 – arvores

(GRUBER, Jussara Gomes (org.). O livro das árvores)

Veja na rede:

A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro: A Temática Indígena na Escola

Cimi – Conselho Indigenista Missionário

Cultura Caiçara

Documentação indigenista e ambiental

FUNAI – Fundação Nacional do Índio

Instituto Socioambiental

Museu do Índio, Rio de Janeiro

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