O balanço oficial sai somente em dezembro, mas um fruto do Ano do Brasil na França já começa a amadurecer. A Associação Francesa de Ação Artística (Afaa), braço de intercâmbio cultural do Ministério das Relações Exteriores da França, que coordena o projeto do outro lado do Atlântico, pensa em fazer um ano, ou temporada, da França no Brasil, possivelmente em 2008.
Diretor da Afaa há seis anos, Olivier Poivre d´Arvor esteve no país na semana passada fazendo os primeiros contatos para realizar aqui o que chama de presente aos brasileiros. Pago, em boa parte, pelo governo e empresas privadas francesas.
“Por enquanto, esta é uma idéia francesa. Vim aqui para ver qual é a receptividade com o Ministério da Cultura, o Itamaraty, os secretários de Cultura do Rio e de São Paulo e instituições como o Sesc”, adiantou d´Arvor em sua passagem por São Paulo, onde levantou a idéia da realização, dentro do projeto, de uma grande exposição do pintor impressionista Henri Matisse na Pinacoteca do Estado.
França, um país de todos
Se conseguir deslanchar sua idéia, d´Arvor pretende montar um comitê binacional de mecenas para ajudá-lo a desenhar o projeto, que viajaria, além de São Paulo e Rio, a cidades como Salvador, Belo Horizonte, Recife e Curitiba.
E, do mesmo modo que a proposta feita em 2000, pelo próprio d´Arvor ao então ministro da Cultura Francisco Weffort, era levar à França um retrato do Brasil que ultrapassasse os clichês do Carnaval e do futebol, o ano da França no Brasil abrangeria não só ícones da cultura francesa mas também a produção feita em países que têm relação estreita com o país europeu, sobretudo do continente africano, de onde vieram cerca de 3 milhões de imigrantes.
“Se o Brasil está na moda hoje é porque também está na moda este conceito de diversidade cultural que todos os países procuram, ou tentam se integrar a ele, com exceção dos EUA”, justifica.
Ainda segundo d´Arvor, o projeto tentaria também mostrar quais as interseções entre o França e Brasil, em aspectos históricos e culturais.
O projeto também teria seu lado festivo, com a vinda, por exemplo, de grandes estrelas do cinema e da música franceses ao Brasil, lançamentos de filmes etc.
“E quem sabe até organizaríamos um piquenique no Pão de Açúcar”, brincou o diretor.