Festival de Curtas mergulha no passado

  

 

 

 

 

 

 

Em sua 17ª edição, o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo vai ao analista. A partir desta noite, o maior evento do gênero no país olha para trás, reavalia sua trajetória e apresenta filmes que marcaram anos passados. O festival, que começa hoje para convidados e amanhã para o público, selecionou 28 títulos que considera fundamentais. É o produto dessa reflexão, agrupado no programa Foco, uma retrospectiva com cineastas que inovaram à sua época em conteúdo e forma. São diretores que mais tarde se destacariam em longas-metragens, como o francês Jean-Pierre Jeunet (“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), o inglês Nick Park (“A Fuga das Galinhas”), a argentina Lucrecia Martel (“A Menina Santa”), e os brasileiros Jorge Furtado (“O Homem que Copiava”) e Marcelo Gomes (“Cinema, Aspirinas e Urubus”). E por que deitar no divã agora? Na avaliação de Zita Carvalhosa, diretora do festival, “o curta-metragem e todo o audiovisual passam por uma fase de mudança de patamar, proporcionada pelas novas mídias e o pelo aumento potencial de espaços de exibição”. Para ela, o curta, justamente por sua duração, se adapta bem para exibição em espaços que há alguns anos eram estranhos ao cinema: a internet e os telefones celulares. E a mostra dialoga com tais mídias: serão exibidos 18 trabalhos do Fluxus, festival de cinema na internet, e também o filme brasileiro “Tapa na Pantera”, visto mais de 1 milhão de vezes no www.youtube.com. Segundo Zita, o crescimento recente de sites de exibição de vídeo como o YouTube tende a ampliar o interesse pelo curta e, por tabela, por sua mostra. “O festival é mais do que exibição de filmes. É um ponto de discussão, de encontro entre realizadores e público.” Outro ponto que provoca a “mudança de patamar” de que fala Zita é o fortalecimento da produção de filmes em cinema digital. Em meados dos anos 90, o festival apresentava pela primeira vez um curta nesse formato, do japonês Hideo Nakazawa. Neste ano, 60% dos trabalhos inscritos e 40% dos selecionados utilizam o vídeo. Em seus dez dias, o Festival de Curtas exibe 424 filmes, de 51 países, divididos em 56 programas e exibidos em oito salas. Parte da mostra pega a estrada e vai a São Carlos (30/8), ao Rio (1º/9), a Recife (6/9) e a Porto Alegre (de 8 a 10/9). Na Mostra Internacional e na programação latina, estão presentes filmes premiados nos principais festivais do mundo, como o norueguês “Sniffer” (Palma de Ouro em Cannes), o sueco “Nunca Como da Primeira Vez!” (Urso de Ouro em Berlim) e o argentino “Paredes Vizinhas” (Grand Prix em Clermont-Ferrand). Entre os nacionais, destaque para “Alguma Coisa Assim”, de Esmir Filho, prêmio de melhor roteiro na Semana de Crítica em Cannes, e “Quando o Tempo Cair”, estréia do ator Selton Mello na direção. Como sempre, o festival organiza atividades paralelas à exibição, como as Oficinas Kinoforum, de produção de curtas digitais, e um workshop sobre novas tecnologias no cinema. Tudo de graça.

 

 

 

17º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS DE SÃO PAULO

 

Onde: Museu da Imagem e do Som, Cinesesc, Centro Cultural São Paulo, Sala Cinemateca, Espaço Unibanco de Cinema, Frei Caneca Unibanco Arteplex, Cinusp e Faap

 

Quanto: entrada franca

 

NA INTERNET – Programação completa e endereços dos cinemas www.kinoforum.org.br/curtas/2006

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