Festival da Bandeirantes – MPB

 

 

Rede Bandeirantes anuncia um evento nos moldes dos produzidos nos anos 60 e 70, com inscrições abertas a partir deste mês e grande final nos palcos de Brasília, em outubro

Com a fracassada tentativa da Rede Globo em retomar o Festival Internacional da Canção (com uma nova roupagem), em 2000, A Rede Bandeirantes de Televisão resolveu assumir a responsabilidade de reeditar um festival de MPB, tão ambicioso quanto aqueles da era dos festivais – que revelou entre 1965 e 1972 artistas do porte de Jorge Ben, Elis Regina, Jair Rodrigues, Chico Buarque, Gilberto Gil e Raul Seixas. Ao menos, essa é a proposta de uma das autoridades no assunto: o músico Gutemberg Guarabyra.

O projeto, desenvolvido desde janeiro, é concreto e as inscrições serão abertas no final deste mês e, em junho, serão selecionadas 500 músicas, das quais ficarão 32 para as semifinais, em agosto. A grande final, com 12 músicas classificadas, será realizada em Brasília, durante uma semana do mês de outubro, assim “mantendo a mesma vibração dos antigos festivais”, conforme define Guarabyra.

O músico acrescenta que o Festival da Band apresentará as músicas ao intérprete que o autor achar o ideal, e irá convidá-lo a participar do evento defendendo a composição. “A intenção é realizar um festival tão brilhante e justo quanto aqueles, porém melhor lapidado, com uma melhor assessoria aos compositores classificados, tanto na escolha dos intérpretes quanto na dos arranjadores”, adianta.

currículo

Compositor, parceiro, desde o início dos anos 70, de Luis Carlos Sá e Zé Rodrix, Guarabyra foi o vencedor do II Festival Internacional da Canção (II FIC), em 1967, pela sua música Margarida e, em seguida, Guarabyra começou a produzir musicais para a TV Tupi carioca, como Bibi ao Vivo e Blota Júnior. Com Renato Correia, dos Golden Boys, e Danilo Caymmi, Guarabyra compôs Casaco Marrom, canção vencedora do Festival de Juiz de Fora, em 1969. Em 1971, foi convidado para dirigir o VI FIC ao lado de Augusto Marzagão. Logo, assumiu a direção artística do Festival de Juiz de Fora e assinou contrato com a Odeon.

Com essa bagagem, Guarabyra acredita que, apesar dos tempos serem outros para a música brasileira, é, sim, possível que os novos artistas alcancem a mesma glória dos criativos anos 60 e 70. “Infelizmente, depois dessa era, o que temos visto são festivais que nem poderiam ser chamados de festivais. De tão malfeitos, desorganizados, sem transparência, injustos e pouco vibrantes, deixaram a impressão de que o modelo é que não funcionava mais”, critica Guarabyra.

Mercado do disco

 O Festival da Band surge como uma alternativa ao monopólio das gravadoras. Dará chance, como garante Guarabyra, a revelar bons intérpretes, autores e arranjadores que não têm tido chance de emergir na indústria fonográfica. “Um festival de verdade não permite que o mercado seja guiado apenas pela mentalidade estreita das gravadoras, que determina que nada do que contraria aquilo que julguem ser um bom produto, possa ser lançado”, alfineta.

Nesta observação, Guarabyra inclui não só os artistas inéditos ou iniciantes, mas a demanda “reprimida” da velha guarda do choro, da canção e de todos os gêneros, tradicionais ou não, marginalizados pela indústria do disco. “Meu papel é o de fazer ver que um festival autêntico mantém todas as funções dos festivais dos bons tempos”, diz. O músico exemplifica que a safra dos anos 90, apesar de rotulada como de baixos picos de criatividade, não foi tão fraca como parece. “Se as gravadoras não tivessem se fixado em explorar e subsidiar apenas dois ou três gêneros de música e se os festivais tivessem sido mais inteligentes e produtivos, as coisas teriam sido bem diferentes”, sublinha.

Concorrência

A TV Cultura também programa, ainda para este ano, um festival de MPB, contudo sua assessoria preferiu não revelar detalhes devido ao estado embrionário do projeto.

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