Exposições de fotografia tomam conta de espaços culturais do Rio

A fotografia, seja como arte, técnica ou informação, vai ocupar os espaços  culturais da cidade a partir do final deste mês, em uma série de exposições que  se estenderá até agosto. O carro-chefe dessa maratona é o FotoRio 2013 –  Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro, que será aberto para  convidados no próximo dia 27, às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB),  com a inauguração da exposição Charlotte Rampling – Álbuns  Secretos. No dia seguinte (28), a mostra será aberta ao público, com entrada  gratuita, ficando em cartaz até 21 de julho.

Em duas salas do CCBB, a exposição desvenda a personalidade de uma estrela do  cinema, a inglesa Charlotte Rampling, cujo olhar misterioso inspirou alguns dos  mais importantes fotógrafos do século 20. Esses ensaios fotográficos, de nomes  como Cecil Beaton, David Bailey e Bettina Rheims, fazem companhia na mostra aos  álbuns de família da atriz, com fotos que revelam sua intimidade.

Apresentada pela primeira vez em Paris, no ano passado, a exposição tem  curadoria de Jean-Luc Monterosso e organização do fotógrafo e antropólogo Milton  Guran, coordenador do FotoRio. Embora seja um dos destaques,  Charlotte  Rampling – Álbuns Secretos é apenas a primeira de cerca de 100 exposições  que o evento, realizado a cada  dois anos, vai abrigar nos próximos três  meses.

Outras mostras de fotógrafos de renome mundial serão inauguradas em junho,  como a do norte-americano David Alan Harvey, no Centro Municipal de Arte Hélio  Oiticica. Já o Centro Cultural Correios vai abrigar a exposição da fotógrafa  franco-alemã Sabine Weiss, considerada, segundo Guran, “a última grande  humanista da fotografia”.

Também a partir de junho, o Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) será o  local de 11 exposições de fotógrafos brasileiros voltados para a arte  contemporânea. Haverá ainda exposições na Caixa Cultural, no Oi Futuro e na rede  de centros culturais da prefeitura carioca, que se espalham por todas as regiões  da cidade.“A programação do FotoRio é bastante rica, abrangendo desde a fotografia  mais erudita aos registros do cotidiano, feitos não só pelos fotógrafos  profissionais, mas também pelas pessoas comuns, usando celulares, câmaras
digitais”, explica o coordenador Milton Guran. “No mundo de hoje, qualquer um
pode produzir informação visual e estabelecer um diálogo com o mundo, seja por  meio de um blog, do Instagram ou do Facebook”, acrescenta.

Além das exposições, a discussão sobre as diferentes formas de se fazer  fotografia está no cardápio do FotoRio. O Oi Futuro sediará um seminário sobre o  Instagram como linguagem fotográfica e na Caixa Cultural o FotoCine vai debater  as relações entre o cinema e a fotografia. Faz parte ainda do evento o sétimo  encontro sobre inclusão visual do Rio de Janeiro, que reúne os projetos que  tratam da fotografia como meio de inclusão social.

Para Milton Guran, o mundo vive hoje uma revolução na comunicação visual.
“As novas tecnologias de produção da imagem, e, sobretudo, os novos circuitos  de distribuição e circulação da informação visual estão alterando completamente  os nossos padrões de comunicação. A estimativa é 1,5 bilhão de imagens  circulando na globosfera. Isto é uma coisa extraordinária. Nunca houve na  história da humanidade um volume tão grande de informação visual simultânea”,  afirma.

Além do FotoRio, a cidade recebe nos próximos dias outras grandes exposições  dedicadas à fotografia. Nesta terça-feira (21) será aberta ao público, na Caixa  Cultural, a World Press Photo, que reúne 154 registros de 54 fotógrafos  de 32 nacionalidades. São imagens que ganharam destaque na imprensa  internacional em 2012, abordando temas como política, economia, esportes,  cultura e natureza.

Esta é a 56ª edição da mostra, considerada a maior e a mais prestigiada  seleção de fotojornalismo do mundo. A exposição itinerante percorre 100 cidades  em 45 países. No Brasil, a mostra tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e  depois do Rio, onde fica até 23 de junho, segue para Brasília e Fortaleza.

Os vencedores desta edição foram anunciados em fevereiro passado, em  Amsterdam, na Holanda, onde fica a sede da World Press Photo. Foram mais de 103  mil imagens feitas por 5.666 fotógrafos de 124 países. A foto vencedora foi a do  sueco Paul Hensen, que retrata a imagem de duas crianças palestinas mortas,  vítimas de um míssil israelense.

Este ano o Brasil está presente na mostra em dois momentos, ambos premiados  com menção honrosa. “Em um ensaio, o fotógrafo belga Frederick Buyckx mostra o  cotidiano de famílias depois da criação das Unidades de Polícia Pacificadora  (UPPs) em favelas do Rio. Em outro, o repórter fotográfico carioca Felipe Dana  tem a difícil e heróica missão de transmitir, em imagem, a dor e o desamparo de  uma jovem viciada em crack”, explica Flávia Moretti, representante da World  Press Photo no Brasil.

Com entrada grátis, a mostra poderá ser visitada de terça-feira a domingo,  das 10h às 21h. A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, número 25,  no centro do Rio.

No dia 29 será a vez do Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico do Rio de  Janeiro, inaugurar a aguardada exposição Gênesis, do premiado fotógrafo  brasileiro Sebastião Salgado. A mostra, que teve inauguração mundial em abril  passado, em Londres, apresenta 245 imagens que documentam maravilhas do globo terrestre que permanecem imunes às transformações da modernidade: montanhas,  desertos, florestas, tribos, aldeias e animais.

Primeira grande exposição de Salgado em mais de dez  anos, Gênesis ficará em cartaz no Rio até agosto, seguindo depois para  São Paulo.
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