Estreia “O Agente Secreto”, o filme que pode dar mais um Oscar ao Brasil

 

A partir de agora, mais de 700 salas, de 370 cidades, passam a exibir o filmaço de Kleber Mendonça Filho, na maior estreia nacional em 2025

Há um ano, em 7 de novembro de 2024, “Ainda Estou Aqui” chegava às salas de cinema do Brasil embalado por sua passagem retumbante no Festival de Veneza, onde foi aplaudido por dez minutos e conquistou o troféu de melhor roteiro. Mais de 5 milhões de pessoas foram ver o longa-metragem de Walter Salles, que ficou quatro meses em cartaz e continuou a acumular prêmios – como o Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres e o inédito Oscar de melhor filme internacional.

Desta vez, 364 dias depois, é a vez de outro filme-marco do cinema nacional estrear no País. A partir desta quinta-feira (6), mais de 700 salas, de 370 cidades, passam a exibir “O Agente Secreto”. Embora não se trate de um filme do tipo comercial, é a maior estreia nacional em 2025. Milhares de espectadores já se anteciparam e foram às dezenas de pré-estreias em todas as regiões brasileiras. Agora, chegou a vez de o grande público conhecer o filmaço de Kleber Mendonça Filho.

Sua trajetória por festivais internacionais já alçou a produção à posteridade. Só no tradicional Festival de Cannes – o mais respeitado pela crítica –, “O Agente” levou quatro prêmios, incluindo o de melhor direção para Mendonça Filho e o de melhor ator para Wagner Moura. Em outros festivais, recebeu mais 15 premiações. No Cinéma Paradiso Louvre, também na França, foi exibido ao ar livre nos jardins do Museu do Louvre.

Revistas especializadas apontam que a atuação de Wagner Moura deve garantir ao filme mais indicações e prêmios. Como já foi escolhido para representar o País na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2026, “O Agente” pode dar mais um Oscar – o segundo seguido – ao Brasil.

 

Além da direção, Mendonça Filho assina o roteiro, que é ambientado na cidade do Recife (PE), em 1977, durante o regime militar. Segundo o diretor, era preciso jogar luzes nas agruras do País sob o governo do general-ditador Ernesto Geisel. O resultado é um misto de drama histórico e thriller político, com 158 minutos de duração.

Na trama, Marcelo (Wagner Moura), um professor universitário e especialista em tecnologia, volta de São Paulo ao Recife para fugir de seu passado e da perseguição política. Aos poucos, porém, percebe que a capital pernambucana está cercada de armadilhas para os opositores do governo autoritário.

Se outros grandes filmes recentes que expõem a ditadura brasileira, como “Marighella” (2019) e o próprio “Ainda Estou Aqui”, são baseados em fatos verídicos, “O Agente” é uma obra histórica de ficção, com elementos pinçados da realidade. Essa característica o aproxima de produções anteriores – e originalíssimas – de Mendonça Filho, em especial “O Som ao Redor” (2013) e “Aquarius” (2016).

O êxito de “O Agente Secreto” e de Kleber Mendonça Filho tem um simbolismo maior porque, mais do que democrata ou progressista, o diretor pernambucano é um homem de esquerda, que usa seu cinema para resistir e provocar. Em maio de 2016, quando “Aquarius” foi exibido no Festival de Cannes, os representantes do filme aproveitaram a sessão de fotos no tapete vermelho para denunciar o golpe de Estado então em curso no Brasil contra a presidenta Dilma Rousseff (PT).

Mendonça Filho, a atriz Sônia Braga e outros artistas abriram seus cartazes: “O Brasil vive um golpe de Estado”; “54.501.118 votos estão sendo queimados”; “O mundo não pode aceitar um governo ilegítimo”; “Chauvinistas, racistas e golpistas como ministros”; “Vamos resistir!”. A manifestação no Boulevard de la Croisette, em Cannes, na Riviera Francesa, furou o bloqueio e pautou a grande mídia internacional.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Já em 8 de agosto passado, a equipe de “O Agente Secreto” visitou o presidente Lula (PT) no Palácio da Alvorada, onde houve uma exibição especial do filme. “Hoje foi dia de receber os companheiros Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho no Cine Alvorada”, registrou Lula, que recomendou “O Agente” como “uma obra que mostra a força e o talento do cinema brasileiro”. Mendonça Filho, por sua vez, compartilhou uma foto em que ele beija a testa do presidente: “O Brasil é um país que ainda mantém laços com a realidade. Grato”.

Além do Brasil, “O Agente Secreto” estreia simultaneamente em Portugal e na Alemanha. O filme também será lançado nos Estados Unidos (em Nova York no dia 26 de novembro, e em Los Angeles no dia 5 de dezembro), além da França, em 17 de dezembro). Cerca de 95 países devem ter lançamento da produção brasileira.

Compartilhar:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*