Celso Frateschi
Novo presidente da Funarte elogia a gestão de seu antecessor e afirma que utilizará as boas experiências que teve na área de Cultura no governo paulista.
Celso Frateschi é o novo presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte), instituição vinculada ao Ministério da Cultura. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira, dia 28 de fevereiro.
Paulistano da Lapa de Baixo, Frateschi é ator e diretor teatral com mais de 30 anos de carreira. Na política cultural, já teve experiência como secretário de Cultura em Santo André, na gestão de Celso Daniel e no começo da segunda gestão do PT no município. Na cidade de São Paulo, durante o governo Marta Suplicy, foi nos dois primeiros anos diretor do Departamento de Teatro e, nos dois seguintes, secretário de Cultura. Entre os resultados de sua gestão, destacam-se projetos de fomento ao teatro e à produção cultural na periferia, principalmente com a criação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs).
Confira, a seguir, a entrevista que o presidente da Funarte concedeu à Assessoria de Comunicação Social do MinC.
Ascom/MinC – Qual a pauta de trabalho para os próximos quatro anos (período 2007-2010)? O senhor pode destacar os pontos principais?
Celso Frateschi – A idéia é traduzir em ação o que o ministro Gilberto Gil coloca como o tripé das políticas do Governo: a Cultura como fator simbólico, a Cultura como cidadania e a Cultura como desenvolvimento econômico. O grande desafio é colocar a Funarte dentro deste contexto. Eu tenho muitas idéias que só vão se transformar em planos e em programas a partir de um acordo com o conjunto do ministério e com a própria Funarte. Eu tenho uma experiência razoável na área da administração, que eu considero ter tido bastante êxito. Mas para afirmar quais são os principais projetos para os próximos quatro anos eu ainda preciso, e quero, um aval do ministério como um todo, uma vez que uma das questões primordiais é trabalhar integrado com o conjunto do Governo.
Ascom/MinC – Tem alguma nova proposta para os segmentos teatro, artes visuais, música, dança e artes circenses? Algo já pensado?
Celso Frateschi – Coisas pensadas são muitas. Mas eu não posso dizer ainda porque são projetos que ainda não têm uma definição do Governo. Tem saído na imprensa, e aproveito para esclarecer oficialmente, que o ministro Gilberto Gil me daria carta branca para eu fazer o que eu quiser. Primeiro, eu não quero carta branca. Eu quero e vou participar de um projeto coletivo. O que eu menos almejo é carta branca para trabalhar. Repetindo: o meu interesse é participar de um processo coletivo.
Ascom/MinC – Como ator e também ex-secretário de Cultura, o senhor tem algum antigo sonho para a Funarte?
Celso Frateschi – Eu tive duas experiências muito fortes como administrador cultural. Primeiro, como secretário de Educação e Cultura de Santo André, na gestão do prefeito Celso Daniel. E depois como secretário de Cultura no governo da prefeita Marta Suplicy. Nos dois governos o grande sonho era transformar a Cultura numa política pública prioritária e estratégica. A grande realização, do ponto de vista interno, foi envolver outras áreas nas questões culturais. É importante que todas as áreas pensem em Cultura, não apenas a Secretaria de Cultura. E tanto com o prefeito Celso Daniel quanto com a prefeita Marta Suplicy isso foi possível e isso otimiza todo o trabalho. Eu acho que a experiência que já tenho foi o motivo para eu ter sido convidado para participar deste Governo. Então, sonhos existem muitos. Mas isso tem que ser mediado pela realidade. E não é um limite só a realidade, a realidade também é um estímulo para o sonho. Dialogar com a realidade significa você conseguir implantar os projetos da forma mais adequada possível.
Ascom/MinC – Vamos falar sobre a ação proposta – e já iniciada pelo presidente anterior da instituição – de federalizar a Funarte, descentralizando os trabalhos do eixo RJ-SP-Brasília. O fato do senhor ser de São Paulo poderá, de alguma forma, influenciar uma mudança do eixo da Funarte para a capital paulista?
Celso Frateschi – Não influenciará. A idéia é federalizar. Esse processo começou a ser realizado pelo meu antecessor, Antônio Grassi. A idéia é fazer isso de forma plena criando novas representações da Funarte. Trabalhar pensando nisso não significa jogar para nenhuma outra capital. Se fosse centralizar em algum novo local seria Brasília, que é o centro administrativo do País, mas o objetivo é descentralizar mesmo.
Ascom/MinC – Segundo o que vem sendo veiculado na imprensa, o senhor não pretende modificar o que já vinha sendo realizado. Qual o balanço que o senhor faz da administração da Funarte nos últimos quatro anos? Quais as ações e políticas que o senhor pretende manter e quais serão as modificações?
Celso Frateschi – Para falar dos últimos quatro anos a gente tem que se remeter ao que foi herdado pelo presidente anterior da instituição. E o Grassi herdou uma Funarte completamente desmotivada e dilapidada no seu patrimônio, principalmente de suas ações principais. A visão dos governos anteriores ao governo Lula era de um Estado mínimo, então muitas das coisas que a Funarte desenvolvia e mesmo que possuía foram passadas adiante; a responsabilidade foi jogada para outro. Na primeira gestão do atual Governo foi retomada essa responsabilidade pública, reaberta – por meio de uma ação bastante contundente – a política de editais públicos, e retomadas as questões fundamentais da Funarte, que é, primeiro, pensar o País como um todo. Projetos que tinham sido desativados foram retomados, como o Projeto Pixinguinha, o Projeto de Artes Plásticas, a Escola Nacional de Circo, o Centro de Documentação e vários outros que não existiam mais. Portanto, a gestão anterior a minha retomou o que estava desativado e deu um primeiro passo extremamente importante. A minha idéia é dar continuidade a isso. A minha idéia é cada vez mais harmonizar as ações da Funarte com o MinC e traçar projetos que respondam essa missão da Funarte que é de estímulo e de fomento à arte no Brasil como um todo. Então o que me proponho é fazer grande esforço para continuar as ações já implementadas pela gestão anterior e também ampliá-las. Fazer a ampliação na medida do que for necessário.
Ascom/MinC – Já há data prevista para a posse?
Celso Frateschi – Não tem data ainda para a posse solene. Estarei em Brasília nesta semana conversando com o ministro Gilberto Gil.
09/03/2007