Engajamento Cultural

culturalCom trocas de experiências e relatos de representantes do Brasil, da Argentina, da Bolívia e de Cuba, sobre a aplicação da cultura como desenvolvimento social, aconteceu na manhã de sexta-feira, 2 de outubro, o debate do Painel 4: Pontos de Cultura, Casas de Cultura, Missões Culturais e outras Experiências de Protagonismo Sócio-Cultural, do II Congresso de Cultura Ibero-Americana, no SESC Vila Mariana, em São Paulo.

O secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, Célio Turino, falou sobre os Pontos de Cultura. Disse que para a política pública ser eficaz é preciso que o gestor público se dispa da ideia de ser um grande controlador para construir um novo paradigma na relação entre Estado e sociedade. Turino disse que o Ministério repassa R$ 70 mil, por ano, com o convênio de três anos, para que grupos culturais desenvolvam trabalhos de acordo com suas necessidades. “É inverso o processo, é o Estado perguntando, não impondo. Ao perguntar, as pessoas se antecipam na construção de uma política e ainda colocamos os meios de produção nas mãos de quem produz cultura”.

Explicou que o Brasil tem atualmente cerca de dois mil Pontos de Cultura em atividade, em aldeias indígenas, quilombos, favelas, também com grupos de teatro experimental e comunitária, dança, música, pesquisa. “As formas são as mais variadas, cada Ponto de Cultura tem uma característica própria, mas a essência é a mesma, essa capacidade de agir e tomar para si a realidade e transformar o indivíduo, o grupo e a sociedade”, esclareceu.

Um dos painelistas, o vice-primeiro ministro de Cuba, Rafael Bernal, relatou que existem mais de 300 Casas de Cultura nas cidades principais do país. “Trabalham como executores dessas tarefas sócio-culturais, duas figuras: o promotor cultural e o instrutor de arte. O promotor cultural é um mobilizador da população para as ações e atividades culturais e o instrutor de arte vai tratar especificamente a linha acadêmica da população”.

Da Argentina, o coordenador do grupo El Culebrón Timbal, de Teatro Popular Juvenil e da Escola de Arte Popular para Jovens, Eduardo Balan, trouxe um curta-metragem com uma das iniciativas desenvolvida no país chamada Caravana Cultura dos Bairros – que consiste em uma carreata que percorre diversos municípios. “Essa ação leva à nossa comunidade cultura e mostra que a cultura pode ser uma ferramenta de transformação e de qualidade social”. Segundo Balan, o país está buscando uma nova política para a cultura e que o exemplo dos Pontos de Cultura, no Brasil, podererá contribuir para tornar legítimos os diversos projetos culturais que ainda não são legais.

O diretor geral do Sistema de Coros e Orquestra de Santa Cruz de La Sierra, Rúben Dario Suárez Arana, explicou como a música transformou socialmente os jovens dos bairros mais pobres na Bolívia. “Tínhamos apenas uma orquestra sinfônica e uma de câmara. Precisamos pensar em fazer mais coros e orquestras, com a cultura da cidade e com as pessoas da periferia e, além disso, mostrar que poderiam sobreviver da música”. Segundo Arana, atualmente são mais 57 empregos, com jovens de diversos povoados que queria ter seu coral e sua orquestra. “Hoje tocamos em diversos países, isso foi o resultado de acreditar na cultura como transformação social”, concluiu.

Festa dos Pontos de Cultura – No final do painel, no meio de uma grande ciranda com o público presente, a representante dos Pontos de Cultura Dulci fez uma declaração.  “Agradeço pela emancipação da cultura para nós brasileiros da ponta. Nós chegaremos lá através da aprovação de uma lei de autonomia e protagonismo cultural, de uma lei da Cultura Viva – uma lei que garanta a continuidade e permanência dos Pontos de Cultura como uma política pública do Estado”.

Leia, também, as matérias: Mecenato Privado; Conferência de Abertura; Cultura e Transformação Cultural no site do MinC

http://www.cultura.gov.br/site/2009/10/02/engajamento-cultural/

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