Drible na pirataria

 

 

 

 

Eles tocam em qualquer aparelho de CD ou de DVD, custam menos para ser produzidos e chegam a ser até 80% mais baratos. Não à toa, caíram no gosto de músicos de todo o país. Em Brasília, pelo menos quatro bandas têm trabalhos gravados em Semi Metalic Disc (SMD): os sertanejos Charles & Cleyton e as bandas Superquadra, Sub-versão e Lafusa. “A principal questão que nos levou a gravar em SMD foi o preço. Gastamos quase a metade do valor orçado em relação à prensagem de um disco”, diz Guilherme Guedes, baterista do Lafusa, banda que acaba de lançar o álbum Quadricolôr.

 

Patenteado pelo sertanejo Ralf (da dupla goiana Chrystian & Ralf), o SMD é considerada a mais eficiente arma da indústria fonográfica no combate à pirataria. “O Brasil é o quarto no ranking de países campeões em consumo de produtos pirateados. A arte, um dos negócios mais puros que conheço na vida, está entrando em extinção. A gente quase não vê mais novos artistas”, lamenta Ralf. Por mais que tenha agradado a artistas em início de carreira e até aos mais experientes, a idéia parece não ter deixado satisfeitas as grandes gravadoras. No entanto, mesmo sem apoio das majors brasileiras, a comercialização dos SMDs experimenta rápida expansão. “A reação foi estranha. Parece que elas não querem combater a pirataria”, critica Ralf. “O engraçado é que a má aceitação só aconteceu no Brasil. Em Londres, por exemplo, o artista escolhe se quer ter o trabalho gravado em SMD ou em CD”, acrescenta.

 

Uma das características mais interessantes dessa nova mídia é o preço. O valor de venda é tabelado: R$ 5 para SMD (substitutos do CD) e R$ 8 para SMDV (funcionam como DVD). “Ficamos satisfeitos com o resultado. Os SMDs têm a mesma qualidade dos CDs”, assegura Guilherme Guedes.

 

O novo suporte tem tecnologia 100% brasileira e é confeccionado nas mesmas fábricas que os CDs. Os produtos funcionam em qualquer aparelho de CD e DVD convencionais, mas com uma diferença, segundo Ralf: o CD tem a parte interna completamente metalizada, enquanto o SMD possui apenas a fração das faixas metalizadas. “Basta apertar um botão da máquina para que saia uma mídia nova. Na hora em que os engenheiros viram que era simples assim, tomaram um susto”, conta Ralf.

 

Desde março de 2005, quando a mídia entrou em circulação, o preço continua o mesmo. Para baratear os custos de produção – aproximadamente 30% menor do que no caso de um CD –, as embalagens em acrílico foram substituídas por modelo mais econômico e moderno, inquebrável e feito em papel-cartão especial. A ficha técnica e os demais créditos podem ser impressos na própria capa, no encarte, em uma revista ou no rótulo do SMD. Os produtos também podem ser feitos em diversas cores e formatos. “Outro fator que nos levou a optar por essa mídia é o fato de ela ser inovadora e esteticamente diferente”, avalia Guedes.

 

Prestes a lançar o novo trabalho, Acústico 2, em SMD e SMDV, Chrystian e Ralf foram os primeiros a apostar no formato. Hoje, eles comemoram as novas mídias. “O portal SMD recebe, em média, 25 mil visitas por mês de pessoas do Brasil e de fora”, afirma Ralf. A Bolacha Discos, selo criado por Carolina Monte (irmã da Marisa Monte), também apostou nos discos com preços que dão inveja a qualquer camelô.

 

Além das vantagens na produção e na comercialização, a nova tecnologia tem outro ponto positivo: o retorno financeiro para o artista. A maioria dos músicos recebe de 6% a 8% do valor de vendagem de um álbum. “Os grandes cantores não vendem mais que 10 mil cópias. Com o alto preço dos álbuns, é impossível que um artista sobreviva só da vendagem”, analisa Ralf.

 

Nos próximos meses, a fábrica de SMD e SMDV deve se transferir para Manaus. A mudança pode baixar os custos de distribuição em 60%. “Podem custar até menos do que R$ 5 e R$ 8.” Mais informações no site www.portalsmd.com.br.

23/04/07

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