Por falta de teatros, Corumbá, no Mato Grosso do Sul, não é um lugar ideal para receber espetáculos de dança, o que impossibilita a população local de acompanhar o que é produzido na área. Mas, uma vez por ano, essa carência é sanada com a realização da Mostra Corumbá Santuário Ecológico da Dança, cuja quinta edição que vai até 12 de outubro, na Praça Generoso Ponce.
Realizado dentro do Festival Pantanal das Águas, que inclui um encontro internacional de pesca e outro de samba, a mostra de dança é uma realização da prefeitura organizada pela bailarina e coreógrafa Márcia Rolon e pelo ex-secretário de Meio Ambiente e Turismo de Corumbá Ângelo Rabelo. A curadoria é da crítica e jornalista gaúcha radicada no Rio Suzana Braga.
Entre os grupos deste ano, estão a Cia. de Dança de São Paulo, a Companhia Sesiminas, a Cia. Jovem El Paso de Dança (Rio), a Quasar (Goiânia), Ginga (Campo Grande), Cia Ritmus de Rua (São Paulo) e o Grupo Funk-se (Campo Grande), além de atrações internacionais, como os bailarinos Andreza Randisek e Rodrigo Guzman, do Balé de Santiago, dirigido pela consagrada brasileira Márcia Haydée. Todos os espetáculos têm entrada gratuita.
– Estão vindo representantes de diferentes estilos: dança moderna, clássica, dança de rua, funk… – enumera Suzana, sublinhando que o evento atrai também gente de outras cidades.
Como conseqüência desse sucesso, os diretores fundaram, há seis meses, o Moinho Cultural Sul-Americano, uma escola de dança e música que reúne 225 crianças carentes, brasileiras e bolivianas, entre 6 e 12 anos.
– Começamos a ser cobrados pela comunidade para aumentar os eventos ligados à dança e resolvemos fundar esta escola, que atende crianças de Corumbá e Ladário, no Brasil, e Puerto Suarez, na Bolívia. É um trabalho que combate a exclusão social e estimula habilidades que gerem novas possibilidades de trabalho – explica Márcia, que assina a coreografia do Ginga.
Paralelamente à dança será realizada, no auditório do Moinho Cultural, uma mostra de cinema coordenada por Wagner Correa de Araújo, diretor do Cadernos de Cinema da TVE. Além de clássicos do balé, o público verá títulos como o longa Ódiquê, de Felipe Joffily, e o curta Nos pés do samba, de Janaína Diniz (filha de Ruy Guerra e Leila Diniz), ambos inéditos em circuito nacional. Também estão programados o musical Ópera do malandro, de Ruy Guerra (com a presença do diretor); Fabio Fabuloso (com a presença de um dos diretores, Pedro Cezar); Tirando as bordas, também de Pedro Cezar; Fala tu, de Guilherme Coelho, com a presença do personagem rapper Thogum.
– Há vários motivos para a escolha desses filmes. Ópera do malandro, por exemplo, é o grande musical brasileiro, e consegue reunir cinema, música e dança em uma só obra. Odiquê fala de galeras, malandragem e marginalidade e é adequado para ser exibido para as galeras do funk e do rap que vivem em Corumbá. Tirando as bordas contém citações do poeta mato-grossense Manoel de Barros, homenageado na mostra. E Fala tu tem ligação com a street dance e o rap – comenta Wagner.