Dança Agita Escolas da Rede Pública de SP

Camila Puppa estudou na Escola Municipal de Bailados, ensina balé para crianças e é responsável pelo sucesso de bailarinas como Daniela Severian e Ivy Amista, jovens que brilham na Europa. Isabel Marques estudou as técnicas de Laban e o método do educador Paulo Freyre. O amor pela dança levou as duas professoras a levar a dança para as escolas da rede pública da cidade. Mesmo sem patrocínio.

O objetivo em comum entre elas está em formar platéia. “Quando tornamos o balé e a sua história acessíveis à comunidade, incentivamos o gosto pela arte e a descoberta de novos talentos”, explica Camila. Em uma parceria com a subprefeitura da Vila Mariana, um grupo de bailarinos da Escola de Danças Ilusão e Vida leva um libreto explicativo sobre uma determinada coreografia e sugestões de atividades interdisciplinares para os professores desenvolverem com seus alunos dentro da escola. Os alunos participam do processo de criação e, para fechar, todos assistem ao espetáculo. A coreografia escolhida deste ano foi Dom Quixote, que será apresentada hoje e amanhã no Teatro Paulo Autran (Av. João Dias, 2.046). E, para dar mais brilho, o grupo conta com a presença da solista Ivy Amista e de Denis Piza, ambos do Balé de Munique.

Ivy e Piza dançam voluntariamente. “Eles se formaram comigo e é uma oportunidade única para os bailarinos ampliarem seu repertório, suas informações sobre o balé e ver que é possível chegar lá. E, para o público, um presente ver dois artistas tão talentosos em cena”, orgulha-se a mestra. “Dançar no Brasil tem um significado especial”, diz Ivy. “É uma forma de retribuir a formação que tive e transmitir aos brasileiros o que aprendi na Alemanha.”

Para dar seqüência ao projeto, Camila Puppa busca apoio para a produção dos espetáculos. Os interessados podem entrar em contato pelo tel. 5589-0305. Já a proposta do Caleidos Arte e Ensino é estabelecer pontes entre a educação e a arte, o ensino e a sociedade, por meio da dança e da poesia. Um dos resultados do empenho dos diretores Isabel Marques e Fabio Brazil foi o Projeto Dança-Escola que, com o apoio da Unesco, reuniu professores da rede pública para usar a dança como ferramenta na educação. A idéia deu tão certo que, além de levar a arte para as escolas, as participantes montaram a Cia. de Professores.

“A criação da companhia tem uma ênfase artística, sem esquecer da educação”, diz Isabel. As professoras participantes possuem educação continuada, ensaiam semanalmente e aliam esses conhecimentos com os pedagógicos para atuar com os alunos. A companhia tem como objetivo pesquisar, difundir e engajar as escolas públicas na fruição e aprendizado da dança contemporânea. Para as professoras, o projeto significa um avanço, como observa Isabel. “As crianças percebem que não existe só as ´dancinhas´ da festa junina. A arte é uma forma de conhecimento, que deve se articular com a sociedade.”

O resultado desse processo pode ser visto amanhã como parte do projeto Boca no Mundo, a partir das 10 horas, no Caleidos (Rua Pio XI, 1.497, tel. 3021-7510). A professora Solange de Castro leva sua turma da Emei Rodolfo Trevisan para apresentar o resultado de sua pesquisa. Ela partiu da poesia Trem de Ferro, de Manuel Bandeira, para elaborar a gestualidade e instigar a criatividade dos alunos.

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