Cultura no Regime Militar

 

Usar a arte como instrumento de agitação política – caminho apontado pelo Centro Popular de Cultura da UNE no início dos anos 60 – acaba tendo vários seguidores. Os festivais de música do final dessa década revelam compositores e intérpretes das chamadas canções de protesto, como Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda e Elis Regina. O cinema traz para as telas a miséria de um povo sem direitos mínimos, como nos trabalhos de Cacá Diegues e Glauber Rocha. No teatro, grupos como o Oficina e o Arena procuram dar ênfase aos autores nacionais e denunciar a situação do país. Com o AI-5, as manifestações artísticas são reprimidas e seus protagonistas, na grande maioria, empurrados para o exílio. Na primeira metade dos anos 70 são poucas as manifestações culturais expressivas, inclusive na imprensa, submetida à censura prévia.

Tropicalismo e iê-iê-iê – Em 1968, ano de efervescência do movimento estudantil, surge o tropicalismo: uma reelaboração dos elementos da cultura e realidade social brasileira à luz da contracultura e do rock’n’roll. Surgem figuras como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato e José Capinam. A revolução musical provocada pelos Beatles e outros grandes grupos de rock internacional também tem sua expressão no Brasil: o iê-iê-iê e a jovem guarda são popularizados pela televisão e afirmam-se junto a uma grande parcela da juventude urbana.

00000197.jpg – 20 KB

Imprensa alternativa – Durante a ditadura aparecem no Brasil cerca de 150 periódicos regionais e nacionais de oposição ao Regime Militar. Denunciam a tortura, as violações dos direitos humanos, a falta de liberdade, o arrocho salarial e a degradação das condições de vida dos trabalhadores. O marco inicial da imprensa alternativa ocorre em 1969, com O Pasquim. Depois aparecem o Bondinho (1970), Polítika (1971), Opinião (1972), o Ex (1973), entre outros. A partir de 1974, a imprensa alternativa adquire o caráter de porta-voz de movimentos ou grupos da esquerda. Destacam-se os jornais Movimento (1974), Versus (1975), Brasil Mulher (1975), Em Tempo (1977), e Resistência (1978).

Referências bibliográficas

  • TAPAJÓS, Vicente. História do Brasil. 14.ed. São Paulo: Comp. Ed. Nacional, 1967.
  • MELLO, Waldyr Jansen de. História do Brasil. São Paulo: Centrais Impressoras Brasileiras, 1980.
  • VIANNA, Helio. História do Brasil. 8.ed. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1970.
  • LINHARES, Maria Yedda Leite. História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1990.
  • POMBO, Rocha. História do Brasil. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1947.
  • RIBEIRO, João. História do Brasil. 19.ed. Rio de Janeiro: Paulo de Azevedo, 1966.
  • PESAVENTO, Sandra Jatahy. O Brasil contemporâneo. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1991.
Compartilhar: