Cultura Digital e Hip Hop

 

 

 

 

A terra sob o sol escaldante de uma das capitais mais quentes do Brasil, Teresina, no Piauí, virou cenário, desde o último dia 27, do I Encontro de Conhecimentos Livres dos Pontos de Cultura do Nordeste. Evento este que teve seu término no próximo dia 05, promovendo muita discussão (e ação) no quesito “Cultura Digital”.

 

A idéia surgiu a partir dos Pontos de Cultura, um projeto do Ministério da Cultura (Minc) que viabiliza a implementação de Telecentros (espaços cedidos geralmente por organizações não governamentais – através de Editais -, com acesso a internet), mais equipamentos de audiovisual (filmadoras, máquinas digitais e ilhas de edição) para produção cultural. Tudo isso instalado, em sua maioria, nas comunidades das periferias de grandes centros urbanos.

 

O I Encontro de Conhecimentos Livres foi uma iniciativa do Governo Federal (Minc) e do Governo do Estado do Piauí visando democratizar os conhecimentos através da apropriação do novo conceito de aprendizado denominado de Cultura Digital, que nada mais é do que a apropriação dos novos conhecimentos tecnológicos para inclusão e transformação social, principalmente para os que estão à margem da sociedade. Dentro da programação dezenas de oficinas e capacitações foram realizadas realizadas com grande participação popular.

 

“O Evento surgiu da necessidade de viabilizar atividades voltadas para metareciclagem de computadores, introdução ao softwere livre, uso de kits multimídia e gestão compartilhada de produção de conhecimento por todos os Pontos de Cultura espalhados pelo país, principalmente os do nordeste. Neste encontro, reúnem-se cerca de 200 pessoas de todos os lugares do Brasil”, explica Thiago Novaes, Coordenador Político do Departamento de Cultura Digital do Minc. Novaes explica também que a capital piauiense foi escolhida para sediar o Evento pelo caráter simbólico de sua localidade – o Piauí é um dos estados com um dos menores índices de desempenho econômico-social da Federação -, e, de forma tão importante quanto, a organização do Movimento Hip Hop em Teresina, que é um dos principais catalisadores e articuladores do Evento.

 

Hip Hop como ação transformadora

Não por acaso, o Encontro está acontecendo numa das regiões mais pobres de Teresina, o bairro Parque Piauí, onde funciona o Centro de Referência da Cultura Hip Hop, que também é a sede do grupo Questão Ideológica (Q.I), uma associação que desenvolve vários projetos sociais na cidade. Mas a entidade que fez as primeiras articulações com o Ministério da Cultura foi o Movimento Hip Hop Organizado Brasileiro (MOHHOB), existente em vários estados e com forte atuação no Nordeste. “Nós do MOHHOB achamos que não existe cultura sem política, por isso achamos fundamental a qualificação e politização de todos os integrantes do movimento, estudando, aprendendo o que é a Cultura Digital etc… fazemos parte de vários grupos de Hip Hop, mas precisamos ir além disso”. É o que esclarece Mc Negro Lamar, um dos coordenadores nacionais do MOHHOB e integrante do grupo de Hip Hop Clã Nordestino. “Hoje o MOHHOB tem 8 pontos de cultura espalhados em vários lugares do Brasil, compreendemos que nossa luta é muito difícil, mas fundamental, trabalhamos, apesar de todo o preconceito que existe, vencendo obstáculos e despertando o senso crítico na juventude da periferia… imagine um jovem da favela cuidando de um Telecentro, isso é revolucionário!”, completa.

Agência Carta Maior

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