Com um número todo dedicado à música popular, a Biblioteca Nacional está lançando a revista “Cultura Brasileira Contemporânea”, editada pelo poeta e compositor Francisco Bosco. A estréia deixa claro o objetivo de publicar análises que possam ir além do que se escreve na grande imprensa.
Antonio Cicero, por exemplo, mostra as diferenças entre poesia e letra de música, enfrentando a polêmica que, para ele, é uma infeliz disputa por status. “Mais de 99,9% dos livros de poemas ou dos discos de música erudita não chegam aos pés do disco “Amoroso”, de João Gilberto”, escreve Cicero.
Arthur Nestrovski, articulista da Folha, avalia o CD “Carioca”, de Chico Buarque. Mostra como a faixa “Subúrbio” concilia rap e Tom Jobim -tensão que está nos pensamentos de Chico, que disse à Folha, em 2006, que a força do rap seria “o sinal mais evidente de que a canção já foi, passou”. Em outras faixas, ele faria, diz Nestrovski, “uma espécie de museu particular da canção”.
Outro artigo de destaque é o do poeta e artista plástico Nuno Ramos sobre Paulinho da Viola. A análise explicita as relações do músico com a tradição do samba, a bossa nova e os autores contemporâneos.
05/04/07