O documentário “Contando histórias, revelando tradições” contará tudo sobre a metodologia de encenação virtual e sobre as oficinas de teatro de formas animadas e contação de estórias.
Aprovado com data marcada para estrear na segunda-feira (5), o projeto “Contando histórias, revelando tradições” além de lançar as oficinas de contação de estórias e teatro de formas animadas, via plataforma web no Portal de Artes MeVer, lançará até 30 de abril, um documentário sobre o processo de encenação virtual.
Como o projeto foi proposto no Edital Nº 07/2020 – Concurso Prêmio Encontro das Artes – Lei Aldir Blanc/Teatro e tem por objetivo promover ações emergenciais de enfrentamento ao SARS-CoV-2 (Covid-19), promovido pelo Governo Federal, Governo do Amazonas, Secretaria de Cultura e Conselho Municipal de Cultura, no interior, e a cidade contemplada foi Novo Aripuanã, mas pela situação crítica de crise com a pandemia que assola o país, as oficinas serão transmitidas via página web do portal MeVER, um portal de transmissões de espetáculos: www.mever.com, a ideia do documentário é filmar toda a adaptação das oficinas de contação de histórias para o ambiente virtual.
Para o diretor do documentário, Pedro Gonçalves, o teatro sempre existiu e, como arte, teve uma expressão fundamental para a vida das pessoas. “Antes da pandemia, tínhamos um motivo para fazer arte. Agora com a pandemia, temos mais razões para fazê-la. E o problema é como. Neste contexto, os artistas estão universalizando as novas tecnologias para de alguma forma fazer com que a arte chegue às pessoas via internet, streaming ou rádio, estão experimentando novas possibilidades e o cinema os ajuda neste registro histórico”, diz Pedro Gonçalves.
Segundo a coordenadora geral do projeto, Vanessa Bordin, o foco do documentário é servir como material didático que contribua com artistas, estudantes e pesquisadores da área. “A ideia era registrar a experiência em Novo Aripuanã, agora com a mudança de planos, o documentário fará o registro da nova metodologia, adequando algo pensado de modo presencial para o espaço virtual”.
O comunicador autônomo, Henrique Lucas, que é um dos cineastas que atuam na execução da cena documental, afirma que aborda os bastidores de produção e também os processos criativos que envolveram a reorganização de logísticas para contação de histórias online. “Além disso, o documentário irá um pouco mais fundo, entrevistando estudiosos do assunto e fomentando o debate acerca das alterações que a pandemia do novo coronavírus trouxe as nossas vidas e às artes cênicas de uma maneira geral”.
As oficinas acontecerão via Google Meet. O público prioritário é o de Novo Aripuanã, mas agora em espaço virtual pessoas de todo o Brasil e do mundo podem assistir e interagir com as Oficinas de Contação de Histórias “Contando histórias, revelando tradições”, pelo chat no YouTube.
As pessoas envolvidas no projeto são desde atores, contadores de histórias, oficineiros, produtores audiovisuais e de mídia. O tema das oficinas propriamente ditas será a contação de histórias – e neste caso histórias e não estórias porque, como revela Vanessa Bordin, trata-se de uma abordagem de narrativas sobre as tradições indígenas das culturas locais – e o teatro de formas animadas, pensados agora para o espaço virtual. “Nossa finalidade é humanizar esse espaço digital, trazendo uma experiência poética aos participantes que possam ouvir, contar e criar histórias ao lado de seus familiares, dentro de suas casas compartilhando com pessoas de diferentes lugares. Tornando o espaço virtual um espaço de aproximação e troca”, afirma Vanessa Bordin.
Teatro e pandemia
Para Henrique Lucas, o documentário traz à cena o que tem de novo nessa metodologia para a ‘cena teatral’ em tomada de takes virtuais: a manutenção dos principais aspectos das artes cênicas: os afetos e a busca pela catarse cênica, em meio ao universo do isolamento social, via plataforma web. “O documentário é sobre este problema, a busca pela solução de um desafio”, afirma. “Com o Covid-19, surge o desafio de continuar fazendo teatro em meio a um universo de isolamento social, de distanciamento afetivo e de endemia geral”, afirma e acrescenta:
“Cabe ao artista cênico encontrar novas formas de manter algumas características teatrais, pilares de construção do formato, frente a esse novo contexto. A efemeridade cênica não se dá mais pela presença ao vivo, mas pela transmissão ao vivo e em contraposição ao uso de câmeras para gravação. É preciso encontrar os pontos de equilíbrio para que o teatro continue sendo teatro e não se torne mais uma produção audiovisual como qualquer outra. A novidade metodológica é a adaptação da quarta parede do palco para a quarta parede da tela”.
Para explicar o novo dispositivo, Henrique Lucas relata detalhadamente a inovação artística do tipo de abordagem cênica: “a inovação está no dispositivo cênico que está sendo moldado para uma reformulação do espaço cênico. A iluminação é diferente, os objetos cênicos e figurinos são distintos. A interatividade é mais importante do que nunca e ela não se dá no formato humano-humano, ele transcorre no formato humano-tela”.
Sobre a temática, os diretores do documentário, Vanessa Bordin e Pedro Gonçalves afirmam que irá abordar o teatro e as novas tecnologias no contexto da pandemia. “É inevitável que a situação que nós artistas estamos vivendo agora não seja abordada de alguma forma durante o filme. Certamente o tema passa por este lugar onde como os artistas cênicos, vem utilizando as novas tecnologias e como as novas tecnologias se relacionam com o fazer teatral”.
Amazônia em foco
Apesar do projeto ser executado em plataforma virtual, a ideia é manter o foco em Novo Aripuanã, uma região marcada pelo conflito de terras, pelas invasões, grilagens que atingem os povos tradicionais. Afirma Henrique Lucas: “dificilmente qualquer artista na atualidade consegue manter-se afastado de um posicionamento ideológico e político. Ser artista já é por si só uma tomada de posicionamento. Obviamente a situação das queimadas na Amazônia é apenas um reflexo da atual situação política nacional, que precisa ser deveras sinalizada, inclusive por conta do próprio Covid-19. Além do mais, não podemos esquecer que a própria lei Aldir Blanc solicita que as produções realizadas com suas verbas apresentem cunho social de cidadania. É dever cidadão utilizar nossa arte para o movimento de melhoria social”.
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