Ruy Guerra
Com homenagens a um dos maiores cineastas brasileiros, Ruy Guerra, e ao videomaker e precursor da arte audiovisual Éder Santos, a nona edição da Mostra de Cinema de Tiradentes que começa na próxima semana, dia 20, vai reunir 173 produções, das quais 24 são longas, 60 curtas e 89 vídeos, que serão exibidos em 47 sessões. A expectativa dos organizadores é de que o evento, que teve sua programação anunciada ontem, movimente mais de 35 mil pessoas durante os nove dias da mostra, até 28 de janeiro.
A mostra terá debates, oficinas, mesas-redondas, mais o 7.º Seminário do Cinema Brasileiro: Idéias e Perspectivas, além de uma programação paralela que inclui shows, espetáculos teatrais e cortejos. Sob o tema Livre Pensar, a mostra deste ano inaugura a inclusão do debate aberto entre a crítica especializada, o público e os diretores dos filmes.
¨É um desejo antigo que tínhamos de aprofundar a discussão e a reflexão sobre as obras. É uma forma, também, de retirar os críticos dos bastidores, colocando-os em foco, além de aprofundarmos o debate sobre o papel do crítico na informação/formação do público¨, diz a coordenadora-geral da Mostra de Cinema de Tiradentes, Raquel Hallak.
Entre os críticos convidados para os debates estão Luís Zanin Oricchio e Luiz Carlos Merten, Maria do Rosário Caetano e José Geraldo Couto, e os professores universitários e críticos André Setaro (UFBA) e César Geraldo Guimarães (UFMG). Além de vários atores, produtores e diretores convidados que vão para Tiradentes estão Matheus Nachtergaele, Lima Duarte, Irene Ravache, Fernando Eiras e Dira Paes.
De acordo com Raquel Hallak, a mostra deste ano bateu seu próprio recorde de produções envolvidas (foram mais de 500 inscrições só em vídeo), além de exibir duas produções totalmente inéditas no circuito cinematográfico: Serras da Desordem, de Andrea Tonacci, e Mulheres do Brasil, de Malu di Martino (com Dira Paes, Camila Pitanga, Bete Coelho, Tuca Andrada, Débora Evelyn). Entre as películas inéditas no Estado, está a produção mineira Aboio, da cineasta Marília Rocha, Depois Daquele Baile, de Roberto Bomtempo (que teve parte das gravações feitas em Belo Horizonte), A Concepção, de José Eduardo Belmonte, e A Máquina, de João Falcão.
ESPECIAIS
Ruy Guerra e Éder Santos ganharam retrospectivas especiais. Do cineasta será exibido o inédito O Veneno da Madrugada, que levou os prêmios de Fotografia (Walter Carvalho) e Direção de Arte (Marcos Flaksman) na última edição do Festival de Brasília, além de Os Cafajestes (1962, primeiro filme de Guerra) e Erêndira (1983).
De Éder Santos serão exibidos: Mentira e Humilhações (1998), Rito e Expressão (1989), Janaúba (1993), Tumitinhas (1998),Framed by Curtains (1999), Neptune´s Choice (2003), Delicadeza do Amor (2004), Não Vou à África Porque Tenho Plantão (1990), Essa Coisa Nervosa (1991), Enredando as Pessoas (1995).
Envolvido em um novo trabalho, Deserto Azul, que já obteve apoio na Argentina para a realização da primeira fase do longa-metragem que marca sua estréia na ficção científica, Éder Santos diz que ficou lisonjeado em ser um dos homenageados da mostra deste ano. ¨Freqüento o evento desde a primeira edição. Ano passado, até participei com um vídeo. Acho que a mostra é um importante espaço para a valorização do trabalho dos profissionais¨, disse.
Santos elogiou o aumento da participação de vídeos no evento. ¨Cada vez mais o cinema está encampando o vídeo e outras linguagens visuais, acho isso muito interessante¨, disse. Com quase três décadas dedicadas ao vídeo, ele é considerado referência na área tanto no Brasil quanto no Exterior. ¨Éder Santos marcou uma geração de artistas pela proposta de um trabalho autoral, extremamente criativo e é, sem dúvida, um dos precursores dessa arte no Brasil. Já Ruy Guerra é um cineasta excelente, que não deixou que sua estética fosse corrompida, e pautou sempre seus trabalhos pela liberdade e pela experimentação¨, disse Raquel Hallak.
A exemplo das outras edições, todas as oficinas da Mostra de Cinema são gratuitas. Ainda há algumas vagas nas 13 oficinas, cujas inscrições serão encerradas amanhã. Entre as oficinas para adultos há Realização em Vídeo Digital; Estúdio de Cinema e Animação; Assistência de Direção e Continuidade; Direção de Fotografia, Roteiro, Roteiro Avançado, Documentário, Interpretação Para Cinema. Para o público infanto-juvenil (de 7 a 18 anos) foram disponibilizadas cinco oficinas: de Iniciação ao Roteiro, Fotografia Still, Vídeo Experimental, Interpretação Para Jovens e de Criação e Arte.
A infra-estrutura da mostra continua basicamente a mesma das edições anteriores haverá exibições no maior palco, o Cine Praça (instalado ao ar livre, no Largo das Forras, na praça principal da cidade) que tem capacidade para 2,5 mil lugares, e o Cine-Tenda (próximo à rodoviária), com capacidade para 700 lugares, mais 150 lugares no Cine-Teatro do Centro Cultural Yves Alves, na rua Direita. Já as sessões de vídeo ganharam maior espaço antes eram 150 lugares no Centro Cultural, agora são 700 lugares, no Cine Tenda.
Orçado em R$1,15 milhão, o projeto da mostra foi aprovado nas leis Rouanet e Estadual de Incentivo à Cultura, contando com patrocínio da Telemar, Petrobrás, Cemig e Eletrobrás.
9.ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES De 20 a 28 de janeiro. Inscrições para as oficinas gratuitas abertas até amanhã no site www.mostratiradentes.com.br ou via e-mail: oficinas@universoproducao.com.br. Informações pelo telefone (31) 3282-2366.