A literatura cubana é uma das mais prolíficas, relevantes e influentes da América Latina e de todo o âmbito da língua espanhola, com escritores de grande renomeie como ATÍLIO CABALLERO e a A BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ APRESENTA O CONFERENCISTA; DA ECUELA INTERNACIONAL DE CIENE HABANA.
José Lezanha Lima vs Virgilio Pintera:
“Dos pilares de la literatura cubana contemporânea”
Veinte años de literatura em uma Isla (1989-2009):
“Temas y tendências”
Formas de realismo en la ciudad barroca (La Habana como centro de
referência literária)
Literatura cubana actual y sexualidad:
“Su exposición narrativa”
Narrativa de la dramaturgia (teoria de la estrutura dramatúrgica.
Nuevo Teatro Cubano)
A literatura cubana, desde seu começo, se afirma nos contextos dos períodos de sua história, refletida muito nitidamente, sobretudo na narrativa e mais ainda na novela. Novelas que refletem esse acontecer insuflado dos ventos libertários, e que confirmam a produção de muitos dos seus prosadores mais importantes. O primeiro grande poeta cubano foi José Maria de Heredia, que dominou a literatura da Ilha nas primeiras décadas do século XIX, e foi banido de Cuba devido às suas atividades revolucionárias.
A geração romântica foi formada por José Jacinto Milanês, Plácido e Juan Clemente Zenea (poesia); Cirilo Villaverde e Gertrudis Gómez de Avellaneda (prosa). Mártir da independência de seu país, José Marti foi também um dos precursores do Modernismo. A revolução cubana nasce sob a influência do seu ideário, e um de seus axiomas básicos era a cultura como alicerce da liberdade. No início do século XX, a tendência na ficção era naturalista (Jesus Castellanos, Miguel del Carrión, Carlos Louveira, Luis Fellipe Rodrigues).
A década de 30 corresponde ao movimento afro-cubano, que teve no poeta Nicolas Guillén a figura mais representativa, seguida por Emilio Ballagas, Mariano Brull, Dulce Maria Loynaz e Eugenio Florit. Na prosa destacaram-se Carlos Montenegro, Lydia Cabrera, Enrique Labrador Ruiz, Lino Novas Calvo e Virgilio Piñera.
Após a Revolução, a literatura cubana dividiu-se em duas correntes: a oficial e a do exílio (Guillermo Cabrera Infante). A grande maioria dos escritores cubanos surgidos antes da Revolução, e que eram poucos, se vinculou decididamente ao processo de construção socialista, recriando suas obras com uma visão bem definida do mundo em prol da liberação. A literatura cubana da Revolução cobre uma ampla e variada gama temática, que expressa com grande riqueza a complexidade do homem e do mundo.
27 a 30 de julho de 2010 ÀS 19:OOH
Auditório da BPP – 2º andar
Inícios
A literatura de fala hispana no território cubano, inicia-se com a conquista e colonização espanhola. Os conquistadores traziam consigo cronistas que redigiam e descreviam todos os acontecimentos importantes, ainda que com pontos de vista espanhóis e para um público leitor espanhol. O mais importante cronista que chegou a Cuba no século XVI foi Fray Bartolomé das Casas, autor, entre outras obras, de História das Índias”.
A primeira obra literária escrita na ilha data do século XVII, quando em 1608, Silvestre de Balboa e Troya de Quesada (1563 – 1647) publica Espelho de Paciência]], um poema épico-histórico em oitavas reais, que narra o sequestro do bispo Fray Juan das Cabeças Altamirano pelo pirata Gilberto Girón.
A poesia inicia, pois, a história das letras cubanas, que não regista outras obras importantes durante o século XVII.
Não foi até 1739 que aparece em Sevilla a primeira obra teatral escrita por um cubano: “O príncipe jardineiro e fingido Cloridano”, de Santiago Pita, comédia de uma bem conseguida imitação das expressões artificiosas da época, com ocasionas reminiscências de Lope de Vega, Calderón da Barca e Agustín Moreto.
Apesar de que as letras insulares já contavam com um Espelho de Paciência, escrito mais de século e médio atrás, a verdadeira tradição poética cubana começa com Manuel de Zequeira e Arango e Manuel Justo de Rubalcava, no final do século XVIII. Isto se pode afirmar não só pela qualidade que atingiram em suas respectivas obras, senão por sua tipicidad insular já distante do espanhol. O canto à natureza autóctona ia sendo o tom e o tema primado da poesia de Cuba; os poemas inaugurais com maior qualidade são a oda “À piña”, de Zequeira, e a “Silva cubana”, de Rubalcava
Entre 1790 e 1820, como datas aproximadas, se estende o lapso do neoclasicismo, caracterizado pelo emprego de formas clássicas semelhantes às preferidas na Metrópole, com iguais evocaciones de deuses grecolatinos, mas com um singular protagonismo da natureza como clara intenção de mostrar diferenças em relação com Europa. Um poeta que podemos situar a médio caminho do “culto” e o “popular” foi Francisco Pobeda e Armenteros, quem com seu estilo conseguiu ser dos iniciadores do processo de “cubanización” da lírica. Pouco tempo depois, Domingo do Monte tentará o mesmo que Pobeda, propondo a “cubanización” do romance. Também Do Monte destacará por sua obra de orientação, a organização de tertulias e sua correspondência.
O Romantismo madurará em Cuba graças a uma figura de rango continental, cuja obra poética rompeu com a tradição da língua espanhola, inclusive da própria metrópole, dominada então por um neoclasicismo de diversas gradaciones. José María Heredia nasceu em Santiago de Cuba, em 1803 e morreu em Toluca, México em 1839, e além de ser o primeiro grande poeta romântico cubano, foi também ensayista e dramaturgo. Em 1826 fundou “O Íris”, jornal crítico e literário, único em seu género, junto com os italianos Claudio Linati e Florencio Galli, e duas revistas importantes, “Miscelánea” (1829-1832) e “A Minerva” (1834). Entre seus poemas sobresalen dois silvas descritivo-narrativas: “No teocalli de Cholula”, escrita entre 1820 e 1832, onde admira as grandes ruínas aztecas e reprova a religião prehispánica, e “Ao Niágara” (1824), sobre as então imponentes e selvagens cataratas, composições nas que aparece uma nova personagem: o eu de filiación romântica inscrito na paisagem.
Outros românticos notáveis são Gabriel da Concepção Valdés(“Plácido”) e Juan Francisco Manzano. Entre os seguidores do regionalismo americano contou-se com José Jacinto Milanés; em tanto, uma das figuras descollantes do romantismo hispanoamericano foi Gertrudis Gómez de Avellaneda.
A seguinte meta de grande importância para a poesia cubana sobreviene com o aparecimento de dois poetas excelentes: Juan Clemente Zenea (1832 – 1871) e Luisa Pérez de Zambrana: autores que conseguem atingir altas qualidades literárias em sua obra. Assim, quando irrompe a chamada geração do Modernismo, já existe uma tradição poética cubana, na que pudesse se dizer que mal faltava o grau de universalidade que se atingiu brilhantemente com José Martí (1853 – 1895).
As influências foráneas, sobretudo francesas, vieram a reunir em outro poeta essencial: Julián do Casal. Uma dos ganhos mais notáveis que a poesia cubana obtém com sua obra, consiste na elaboração intelectiva, artística, da palavra como arte, não exenta de emoções, de tragicidad, de visão da morte.
No século XIX cubano contou, ademais, com filósofos e historiadores como Félix Varela, José Antonio Saco e José da Luz e Caballero que prepararam a geração da independência. Surgiu também uma novela antiesclavista com Cirilo Villaverde, Ramón de Palma e José Ramón Betancourt. Assim mesmo floresceu uma literatura de costumes com José Victoriano Betancourt e José Cárdenas Rodríguez e um romantismo tardio com a “reacção do bom gosto”: Rafael María de Mendive, Joaquín Lorenzo Luaces e José Fornaris. Na crítica merece recordar-se a Enrique José Varona.
No século XX inicia-se com uma República mediatizada pela ocupação norte-americana. Cuba tem saído de uma cruenta Guerra de Independência, e a literatura cubana, na primeira metade desse século, vai estar marcada pelo influjo de dois grandes escritores: Julián do Casal e José Martí, os primeiros modernos.
Sobretudo Casal foi a grande figura canónica de fins do XIX e princípios do XX na poesia. “Seu irradiación, aparte da que teve no modernismo finisecular, onde foi decisiva, atinge a Regino Boti e, sobretudo, a José Manuel Poveda – este último lhe dedica seu “Canto élego” -, e ainda a Rubén Martínez Villena e José Zacarías Tallet. Mas, “como entender o exotismo lírico de Regino Pedroso, o intimismo simbolista de Doce María Loynaz, a sentimentalidad poética de Eugenio Florit, o acendrado e solitário purismo de Mariano Brull – também minado de um raigal impossível -, ou o neorromanticismo de Emilio Ballagas, e inclusive a veta entre romântica e modernista de uma zona da poesia de Nicolás Guillén, sem um antecedente como Casal?”[1]
Dantes da chegada definitiva das Vanguardias, a década de 1920 supôs o desenvolvimento de uma poesia que antecipou as agitaciones sociais e humanas da década posterior. Nela destacam Agustín Deita, José Zacarías Tallet e Rubén Martínez Villena.
Deita foi o mais relevante destes poetas, sobretudo por sua obra “A zafra” (1926), onde poetizó a realidade do trabalho no campo em versos bucólicos. Com esta obra, Deita afastou-se do modernismo, sem ainda chegar ao radicalismo de algumas vanguardias.
O modernismo considera-se clausurado com “Poemas em menguante” (1928), de Mariano Brull, um dos principais representantes da poesia pura em Cuba. No progresso das vanguardias se diferencian duas linhas quase divergentes: a realista, de temática negra, social e política, onde destacou Nicolás Guillén, e a introspectiva e abstracta que teve em Doce María Loynaz e Eugenio Florit a seus mais reconhecidos representantes.A metade de caminho de ambas tendências, cabe situar a obra de Emilio Ballagas.
Em 1940 apareceu o grupo de revista-a Origens]], de preocupação cubanista, cujo líder foi José Lezama Lima, e no qual se integram Ángel Gaztelu, Gastón Baquero, Octavio Smith, Cintio Vitier, Fina García Marruz e Eliseo Diego.
Outros destacados poetas dessa geração foram: Lorenzo García Vega, Samuel Feijóo e Félix Pita Rodríguez, mas sem dúvidas foi José Lezama Lima (1910 – 1976) a figura central da poesia cubana na metade do século. A densidade metafórica, a alambicada sintáxis, a escuridão conceptual, definem um âmbito poético barroco, no que se pugna por atingir uma visão mediante a qual a vida não siga aparecendo como “uma sucessão bostezada, um silencioso desgarramiento”. A obra de Lezama Lima abarca vários volumes de poesia onde se destacam Morte de Narciso (1937), Inimigo rumor (1947), Firmeza (1949), e Dador (1960) Entre essas duas décadas (1940 – 1950), se atingiu uma criação à altura do melhor que se escrevia em língua espanhola.
O telefonema “Geração do Cinquenta” (autores nascidos entre 1925 e 1945), tiveram como mestres a poetas “do pátio”, como Lezama Lima e Florit, em tanto partiram de variadas correntes, inclusive a neorromántica, para ir acrescentando o que na década de 1960 será a última corrente do século XX, amplamente aceitada por numerosos poetas: o coloquialismo.
Dantes, no entanto, é preciso observar ao absurdo e o tom existencial de Virgilio Piñera; o sentido do criollo em Eliseo Diego e Fina García Marruz; a tardia, mas efectiva saída do livro de José Zacarías Tallet “A semente estéril” (1951); o diálogo com o homem do povo da segunda parte de “Face”, de Samuel Feijóo; a intertextualidad atingida por Nicolás Guillén em “Elegia a Jesús Menéndez”; o já comentado énfasis conversacional do Florit de “Asonante final” e outros poemas (1955), e inclusive no até então fechado intimismo de Doce María Loynaz, com seu peculiar “Últimos dias de uma casa” (1958). Dizer-se-ia que a poesia se “democratiza” procurando o “diálogo comum” ou trata de achar referentes líricos com notas épicas.
“Nos anos iniciais da Revolução parecia insuficiente para a lírica o tom intimista predominante nas décadas precedentes, e inclusive a anterior poesia social (de protesto, denúncia e combate), convertia-se em impropia para as novas circunstâncias sociais”.[2]
O emprego do tom conversacional foi vinculado a certa dose épica, com interesses testimoniales. Assim, nessa classe de poesia, se narravam circunstâncias da vida quotidiana, baixo a exaltación de uma sociedade em revolução social.
Começou a desenvolver-se uma poesia politizada, em ocasiões sem énfasis tropológico, na que se rehuía o emprego de formas tradicionais da métrica. Esta corrente perduró ao menos por duas décadas, ainda que, praticou-se até o final do século XX entre os poetas que não variaram sua atitude discursiva.
Quase todos os integrantes da promoção nascida entre 1930 – 1940: Fayad Jamís, Pablo Armando Fernández, Heberto Padilla, César López, Rafael Alcides, Manuel Díaz Martínez, Antón Arrufat,Domingo Alfonso, Eduardo López Morais e outros, foram essencialmente coloquialistas.
Uma primeira promoção dos poetas da “Geração do Cinquenta”, nascidos entre 1925 e 1929, em suas obras deixou advertir fontes neorrománticas, origenistas e até surrealistas (Cleva Solís, Carilda Oliver Lavra, Rafaela Chacón Nardi, Roberto Friol, Francisco de Oráa, entre outros).
Uma terceira promoção, nascida entre 1940 e 1945, não se diferença muito dos poetas mais radicalmente prosaístas, inclusive alguns deles preferiram este termo para se identificar. Com Luis Rogelio Nogueras, Nancy Morejón, Víctor Casaus, Guillermo Rodríguez Rivera, Jesús Cos Causse, Raúl Rivero, Lina de Feira, Delfín Prats, Magaly Alabau, Félix Luis Visse, e outros, o coloquialismo sobreviveu com força ao menos até a metade da década de 1980.
A promoção de poetas nascidos entre 1946 – 1958, define-se em duas tendências: os que reagem mediante a métrica (décimos e sonetos principalmente), e os que empregam o verso livre com registos individuais. Ambas tendências avançaram para um experimentalismo formal e da linguagem; mas o tom conversacional mantém-se entre entre eles, como se adverte em obras de, por exemplo, Osvaldo Navarro, Waldo González, Alberto Serret, Raúl Hernández Novás, Carlos Martí, Rainha María Rodríguez, Alberto Deita-Pérez, Virgilio López Lemus, Esbértido Rosendi Cancio, Ricardo Riverón Vermelhas,León da Fouce, Ramón Fernández-Larrea, Roberto Manzano e outros.
Uma nova geração de poetas dá-se a conhecer na segunda metade dos oitenta, quando começam a publicar os nascidos após 1959. Esta geração identifica-se também por sua diversidade, e convive em igualdade de condições com as precedentes. É um fenómeno interessante este: a confluencia de poetas nascidos após o 59, com muitos dos nascidos entre as décadas quarenta e cinquenta — quem continuam tributando uma poesia revitalizada segundo pode-se ver nos mais recentes livros de, por exemplo, Mario Martínez Sobrinho, Roberto Manzano, Luis Lorente e outros -.
O signo estilístico e formal mais distintivo desta última geração de poetas tem sido influenciado decisivamente pela poesia de José Lezama Lima, a quem quase a maioria de seus integrantes reconhece como mestre. Jovens ainda, o qual impede definir absolutas hierarquias, se podem mencionar os nomes de: Sigfredo Ariel, Jesús David Curbelo, Antonio José Põe-te, Emilio García Montiel, Carlos Alfonso, Frank Abel Dopico, Damaris Calderón, Teresa Melo, Nelson Simón, Juana García Abas, Ronel González, León Estrada, Reinaldo García Blanco, Rito Ramón Aroche, Caridade Atencio, Ismael González Castañer, Carlos Esquivel Guerra, Alpidio Alonso Grau, Alberto Sicília Martínez, Ricardo Alberto Pérez, Manuel Sosa, Sonia Díaz Corrales, Norge Espinosa, Pedro Llanes, Edel Morais, Arístides Vega Chapú, Francis Sánchez, Ileana Álvarez, Rigoberto Rodríguez Entenza, Berta Kaluf, Luis Manuel Pérez Boitel, Laura Ruiz, Odette Alonso, Alberto Lauro, William Navarrete, Carlos Pintado, Alfredo Zaldívar, Yamil Díaz, Edelmis Anoceto Vega e outros muitos mais.
Na década de 1990 surge uma nova corrente na lírica cubana que rompe com o coloquialismo da geração anterior e explora formas estróficas tradicionais e o verso livre em suas possibilidades rítmicas e expresivas, em concordancia com a obra de autores anteriores como José Kozer. O canon da nova poesia aparece na revista independente Jácara [2], em particular em um número de 1995 que faz uma antología da geração. São numerosos os jovens autores que participam da renovação das letras cubanas, apartando da política e ensayando uma lírica mais diáfana e universal. Entre outros, destacam: Luis Rafael, Celio Luis Deita, José Luis Fariñas, Ásley L. Mármol, Aymara Aymerich, David León, Arlén Regueiro, Liudmila Quincoses e Diusmel Machado.
“Fora de Cuba, a poesia dos poetas emigrados responde pelo geral às linhas criativas que se desenvolvem na sede territorial da evolução da poesia cubana. Muitos destes poetas pertencem à “Geração do Cinquenta”, como Heberto Padilla, Belkis Cuza Malé, Juana Rosa Pita, Rita Geada, José Kozer, Angel Quadra, Esteban Luis Cárdenas, Amelia do Castillo, etc.; pode dizer-se que uma maioria dos mais activos têm nascido entre 1945 e 1959, e pelo comum aceitaram o tom conversacional, costumam se afastar, em sua maior parte, dos temas de militancias políticas agressivas e o referente insular se observa tratado com nostalgia, típica da poesia da emigración cubana desde Heredia a nossos dias. O componente político em verdade é discreto, não se escreve pelo comum uma poesia de militancia contra a Revolução (algo pode achar na obra lírica de Reinaldo Areias, por exemplo). Também as variedades formais, estilísticas e de conteúdos costumam ser notáveis, sobretudo porque os núcleos destes poetas estão territorialmente mais dispersos que na Ilha, sendo as principais cidades de reunião Miami, Nova York, México e Madri. Não pode se deixar de notar que dois maestros da poesia cubana, Eugenio Florit e Gastón Baquero, viveram nesta emigración, à que também se somaram Agustín Deita, José Ángel Buesa, Ángel Gaztelu, Justo Rodríguez Santos, Lorenzo García Vega, entre outras assinaturas destacadas da tradição lírica nacional”.[3]
Sem dúvidas, a figura cimera da narrativa cubana no século XX é Afasto Carpentier (1904 – 1980). Novelista, ensayista e musicólogo, influiu notavelmente no desenvolvimento da literatura latinoamericana, em particular através de seu estilo de escritura, que incorpora todas as dimensões da imaginación — sonhos, mitos, magia e religião — em sua ideia da realidade. Foi Prêmio Cervantes de Literatura]] e esteve nominado ao Premeio Nobel. Outros importantes novelistas cubanos de talha universal foram José Lezama Lima e Guillermo Cabrera Infante.
No final do século XIX, com a publicação de Cecilia Valdés (1882) de Cirilo Villaverde, e Meu tio o empregado (1887), de Ramón Meza, a novela cubana terminou de adquirir um semblante próprio.
No entanto, nos primeiros trinta anos do século XX, a produção de novelas foi relativamente escassa. O narrador mais destacado nesses anos foi Miguel de Carrión, quem edificou um sistema de patrões recreadores do feminino em suas novelas As honradas (1917) e As impuras (1919). Outras destacables novelas desse período foram: Juan Criollo (1927), de Carlos Loveira, e As impurezas da realidade (1929), de José Antonio Ramos.
Pode falar de uma revolução da novela cubana em meados do século XX. À cúspide que significaram a publicação de O reino deste mundo (1949) e No século das luzes (1962), de Afasto Carpentier, podem arrimársele obras como as de Lino Novás Calvo, Enrique Serpa, Carlos Montenegro, Enrique Labrador Ruiz, Doce María Loynaz, e Virgilio Piñera. Junto com o realismo mágico, o absurdo e o real maravilhoso; também confluía o realismo social nas obras temporãs de Lisandro Otero, Humberto Arenal, Jaime Sarusky, Edmundo Desnoes e José Costumar Puig.
Outro momento importante da novelística cubana ocorreu em 1966, ao publicar-se Paradiso de José Lezama Lima, mas nos anos sessenta não devem deixar de se destacar outras novelas de mérito como Pailock, o prestigitador, de Ezequiel Vieta, Celestino dantes da alva, de Reinaldo Areias, Adire e o tempo rompido, de Manuel Granados e o depoimento levado a novela, Biografia de um cimarrón, de Miguel Barnet.
Entre 1967 e 1968, ocorre um estallido importante quando se publicaram, em Cuba e fora de Cuba, obras da talha de Três tristes tigres, de Guillermo Cabrera Infante, O mundo alucinante, de Reinaldo Areias e De onde são os cantores, de Severo Sarduy.
Nos anos 70 foram um paréntesis no alto desenvolvimento do género. A excepção de Afasto Carpentier em seu período final, de Severo Sarduy e do regresso de José Costumar Puig com O pão dormido, a novela cubana entrou em fase cinza, caracterizada assim por Ambrosio Fornet. Mas não podemos deixar de mencionar aqui o impacto internacional que teve a novela Dantes que anochezca, de Reinaldo Areias, em especial em sua versão cinematográfica.
Nem Manuel Cofiño, nem Miguel Cossío puderam acercar à qualidade do período anterior. A naciente novela policial não dava ainda bons frutos e os novelistas que se iniciavam estavam demasiado constreñidos à divisão superficial entre o presente e o passado da Revolução. Para o fim da década, a novela recupera-se com os livros iniciais de Manuel Pereira, Antonio Benítez Vermelho e Alfredo Antonio Fernández, quem voltam sua mirada ao boom, ao mesmo tempo em que nasce outro género dentro e fora de Cuba: a memória novelada, com De Peña Pobre, de Cintio Vitier, e Havana para um infante difunto, de Guillermo Cabrera Infante.
Entre 1983 e 1989, produz-se outra mudança que de novo lança à novela cubana ao interesse nacional e internacional. Obras como Um rei no jardim, de Senel Paz, Temporada de anjos, de Lisandro Otero, As iniciais da terra, de Jesús Díaz, e Oficio de anjo, de Miguel Barnet, voltaram a colocar à crítica e ao leitor ante o fenómeno de um renacer da novelística cubana
Sobre o acontecer mais recente, e segundo estudos debatidos no Coloquio Internacional “O mundo caribeño: reptos e dinâmicas”, celebrado em junho de 2003 na Universidade Michel de Montaigne, Burdeos 3, conclui-se que nos enfrentamos a “uma literatura que não se cala a boca, da burla, do desencanto, de um pesimismo natural, muito realista, às vezes violenta, que aborda temas que dantes eram tabus, inhibidos ou censurados, tais como a homosexualidad, a discriminação religiosa, a marginalidad, os incidentes da guerra de Angola, a debacle do socialismo, a dupla moral, os novos ricos, a corrupção de pescoço branco, a prostituição, a droga, o futuro incerto, a dor do exílio, etc”.[4] Entre os autores destacados no coloquio menciona-se a Leonardo Padura, Abilio Estévez, Miguel Mejides,Julio Travieso, Jorge Luis Hernández, Alexis Díaz Pimienta, Ronaldo Menéndez, Mylene Fernández, David Mitrani, Arturo Arango, Guillermo Vidal, Antonio Rodríguez Salvador, Reinaldo Montero, Alberto Garrandés, Eduardo do Plano, Rodolfo Alpízar, Jesús David Curbelo, Raul Aguiar, Luis Cabrera Delgado, Andrés Casanova, Ena Luzia Portela, Alberto Garrido e Francisco López Sacha
No entanto, à anterior lista há que acrescentar os nomes de autores fundamentalmente exilados, cujas obras têm atingido um enorme reconhecimento e difusión internacional: Eliseo Alberto Diego, Daína Chaviano, Antonio Orlando Rodríguez, Pedro Juan Gutiérrez, Zoé Valdés, Antonio José Põe-te, Amir Vale, Norberto Fontes e José Manuel Prieto. Existe também o caso de Daniel Chavarría, uruguaio de nascimento, mas que vive em Cuba, que escreve de Cuba e que tem sido multipremiado internacionalmente.
O primeiro livro integralmente de contos de um autor cubano foi Leituras de Pascuas”, de Esteban Borrero, publicado em 1899. Durante os seguintes quarenta anos, o género começa uma lenta ascensão na ilha, e poucos são os autores que destacam: Jesús Castelhanos com “De terra adentro” (1906), Alfonso Hernández Catá com “Os frutos ácidos” (1915), e “Pedras preciosas” (1924), Luis Felipe Rodríguez com “A pascua da terra natal” (1928), e “Marcos Antilla” (1932), e Enrique Serpa com “Felisa e eu” (1937).
A etapa de maturidade começa na quarta década do século XX, com narradores como Virgilio Piñera e seus “Contos Frios” (1956); Afasto Carpentier com “A guerra do tempo” (1958) e Onelio Jorge Cardoso com “O cuentero” (1958); este último autor um genial recreador da vida singela do campo e que tem sido nomeado “O Cuentero Maior”.
Até 1960, é importante destacar obras como: “Cayo Canas” (1942), de Lino Novás Calvo; “O galo no espelho” (1953), de Enrique Labrador Ruiz; e “Assim na paz como na guerra” (1960), de Guillermo Cabrera Infante.
De 1960 até 1966, ocorre uma desaceleración da cuentística nacional, mas a partir desse último ano, com a publicação de “Os anos duros” de Jesús Díaz, começa uma nova descolagem. Até 1970 destacarão obras como “Condenados de Condado” (1968), de Norberto Fontes; “Tempo de mudança” (1969), de Manuel Cofiño, e “Os passos na erva” (1970), de Eduardo Heras León. Do mesmo período, também são importantes os livros: “Dias de guerra” (1967), de Julio Travieso; “Escambray em sombras” (1969), de Arturo Chinea; “Ud. sim pode ter um Buick” (1969), de Sergio Chaple, e “Os perseguidos” (1970), de Enrique Cirules, entre outros.
Ao período trascurrido entre 1971 e 1975, conhece-se-lhe como “Quinquénio Cinza”. Depois do Congresso Nacional de Educação e Cultura, celebrado de vinte e três ao trinta de abril de 1971, pretende-se estabelecer a política de abolir as funções inquisitivas e cuestionadoras da literatura, e isto não trouxe boas consequências para a cuentística do momento. Apesar disso, neste quinquénio se publicam obras que vale a pena destacar: “O fim do caos chega quietamente” (1971), de Ángel Arango; “Onoloria” (1973), de Miguel Collazo; “As testemunhas” (1973), de Joel James, e “Caballito branco” (1974), de Onelio Jorge Cardoso.
Completam o decenio obras como “Ao encontro” (1975), de Omar González; “Noite de fósforos” (1976), de Rafael Costumar; “Todos os negros tomamos café” (1976), de Mirta Yáñez; “Os lagartos não comem queijo (1975), de Gustavo Euguren; “Acquaria” (1975), de Guillermo Prieto; “O arco de Belém” (1976), de Miguel Collazo; “Aço” (1977) de Eduardo Heras León e “O homem que veio com a chuva” (1979), de Plácido Hernández Fontes.
Nos anos oitenta continuou a ascensão da cuentística cubana. Relevantes são os livros: “O menino aquele” (1980), de Senel Paz; “Tierrasanta” (1982), de Plácido Hernández Fontes; “O jardim das flores silvestres” (1982), de Miguel Mejides; “Os lumes no céu” (1983), de Félix Luis Visse; “Donjuanes” e “Fabriles” (1986), de Reinaldo Montero; “Descoberta do azul” (1987), de Francisco López Sacha; “Sem perder a ternura” (1987), de Luis Manuel García Méndez; “Se permuta esta casa” (1988), de Guillermo Vidal, “O diabo são as coisas” (1988), de Mirta Yáñez; “Noite de sábado” (1989), de Abel Prieto Jiménez, e “A vida é uma semana” (1990), de Arturo Arango. Livros de representantes desta geração, e que apareceram em décadas posteriores, não devem deixar de se mencionar: “O lobo, o bosque e o homem novo”, de Senel Paz e “Ofelias” de Aida Bahr.
Um verdadeiro auge editorial ocorre a partir de 1990, para dar passo a uma geração conhecida como os “Novísimos”. Alguns dos integrantes desta geração já tinham publicado obras no final dos oitenta: Alberto Garrido, José Mariano Torralbas, Amir Vale, Ana Luz García Calçada, Guillermo Vidal, Jesús David Curbelo, Jorge Luis Arzola, Gumersindo Pacheco, Atilio Caballero, Roberto Urías, Rolando Sánchez Mejías, Sergio Cevedo, Alberto Rodríguez Tosca, e Ángel Santiesteban, entre outros.
No entanto, estes narradores só vão consolidar sua obra nos anos noventa, uma década onde surgem com força outros autores como: Alberto Guerra Laranjeira, Alexis Díaz-Pimienta, David Mitrani, Carlos Cabrera, Alberto Garrandés, José Miguel Sánchez (Yoss), Verónica Pérez Kónina, Raúl Aguiar, Ricardo Arrieta, Ronaldo Menéndez, Enrique do Risco, Eduardo do Plano, Michel Perdomo, Alejandro Álvarez, Daniel Díaz Mantilla, Ena Luzia Portela, Antonio José Põe-te, Karla Suárez, Jorge Ángel Pérez, Mylene Fernández Pintado, Adelaida Fernández de Juan, Anna Lidia Vega Serova, Gina Picart, Carlos Esquive Guerral, Félix Sánchez Rodríguez, Marcial Gala, Rogelio Riverón, Jorge Ángel Hernández, Lorenzo Lunar, Marco Antonio Calderón Echemendía, Antonio Rodríguez Salvador, Pedro de Jesús López, Luis Rafael Hernández, Michel Encinosa e Juan Ramón da Portilla, entre outros.
Cuba conta com uma tradição ensayística importante, iniciada na primeira metade do século XIX, e na que destacam muitos autores célebres. Familiares às letras universais são os nomes de Afasto Carpentier, José Lezama Lima, Guillermo Cabrera Infante, Ramiro Guerra, Emilio Roig de Leuchsenring, Cintio Vitier, Jorge Mañach, Graziella Pogolotti, Roberto Fernández Retamar, e outros muitos mais.
Até 1959 destacaram-se fundamentalmente o etnógrafo Fernando Ortiz, que escreveu obras como Açúcar e População das Antillas (1927) e Contrapunteo cubano do fumo e o açúcar (1940); Emilio Roig de Leuchsenring com obras como Cuba não deve sua independência aos Estados Unidos (1950); José Lezama Lima com Analecta do relógio (1953) e Tratados em Havana (1958), e uma longa lista que inclui autores como Jorge Mañach, Ramiro Guerra, Juan Marinello, Medardo Vitier, José Antonio Portuondo, Carlos Rafael Rodríguez e Raúl Roa.
Na segunda metade do século XX e o trascurrido do XXI, o desenvolvimento da ensayística não se detém, e o género conta com dezenas de cultivadores entre escritores, poetas e pesquisadores. Imprescindibles são os nomes de Roberto Fernández Retamar, Ambrosio Fornet, Graziella Pogolotti, Leonardo Deita, Eduardo Torres Gruta, Rafael Vermelhas, Jorge Luis Arcos, Enrique Sainz, Luis Álvarez, Virgilio López Lemus, Alberto Garrandés, Jorge Ángel Hernández e muitos outros mais.
Literatura para meninos e jovens
O arranque da literatura escrita para jovens e meninos em Cuba pode situar-se a princípios do século XIX. Em dois poetas: José Manuel Zequeira e José María Heredia, encontramos elementos líricos que se identificam com este género, em tanto o poema O rouxinol, o príncipe e o ayo, de Heredia, é já uma obra para jovens em todo seu alcance.
Durante este século destacam também Cirilo Villaverde com O librito dos contos e as conversas (1847); Eusebio Guiteras Fonts, com seus livros de leituras, empregados como textos oficiais no ensino primário; e Francisco Javier Balmaceda com Fabulas morais (1861). No entanto, no século XIX este género só atinge valores trascendentales com a obra de José Martí, sobretudo com sua poemario Ismaelillo (1882), além de outros poemas e contos publicados na revista A idade de ouro (1889).
Na primeira metade do século XX continua-se escrevendo literatura para meninos e jovens. Nesta época destacam fundamentalmente Doce María Borrero, com seus Cantos escoares, Emilio Bacardí Moreu com Contos de todas as noites, livro publicado tardiamente em 1950; René Potts com Romancero da maestrilla (1936); e Emma Pérez Téllez, com Menina e o vento de manhã (1938) e Ilha com sol (1945); os dois últimos são autores de poesia. No entanto, a maior trascendencia atinge-a a autora Hilda Perera Soto, com Contos de Apolo (1947), uma obra essencial dentro da literatura para meninos e jovens em Cuba.
Nos anos quarenta destaca, ademais, Raúl Ferrer com Romancillo das coisas negras e outros poemas; e nos cinquenta Doura Alonso, principalmente com a saga de Pelusín do Monte (teatro), uma personagem que à postre deveio fantoche nacional.
Durante os anos sessenta aparecem dois autores importantes: Renee Méndez Capote, quem publica Memórias de uma cubanita que nasceu com o século (1963), e Herminio Almendros com Ouros velhos (1965), e Tinha uma vez (1968)
Em 1974 aparecem dois livros paradigmáticos, ao publicar-se Jogos e outros poemas de Mirta Aguirre, e Caballito Blanco (contos) de Onelio Jorge Cardoso. Depois apareceriam outras obras medulares como Pelo mar das Antillas anda um barco de papel (1978), de Nicolás Guillén e Palomar (1979) de Doura Alonso, O livro de Gabriela (1985) de Adolfo Martí Fontes; Roda a rodada, (1985) de David Chericián; Sonhar acordo (1988), de Eliseo Diego, e A noite (1989), de Excilia Saldaña.
Na actualidade, o movendo literário para meninos e jovens é amplo, e destacam muitos autores, entre os que se encontram: Antonio Orlando Rodríguez, José Manuel Espino, Aramís Quintero, Ivette Vian, Enid Vian, Joel Frank Rosell, Julia Calzadilla, Julio M. Llanes, Freddy Artiles, Enrique Pérez Díaz, Alfonso Silva Lê,Luis Cabrera Delgado, René Fernández Santana, Emma Romeu, Nelson Simón, Ramón Luis Herrera, Froilán Escobar, Esther Suárez, Omar Felipe Mauri, Niurki Pérez García, Mildre Hernández Bairros, Nersys Felipe, Luis Rafael Hernández, Teresa Cárdenas Angulo, Luis Caissés, Magali Sánchez, entre outros.
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? Jorge Luis Arcos. Prólogo às palavras são Ilhas. Introdução à poesia cubana do século XX. Editorial Letras Cubanas, 1999.
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? Muestrario Antológico da poesia cubana. Cem poetas (CubaLiteraria). Virgilio López Lemus em Prólogo
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? Lhe monde caraïbe: défis et dynamiques. Visions identitaires, diasporas, configurations culturelles. Actes du colloque international. Publications da Maison dês Sciences de l’Homme d’Aquitaine, France, 2005. Sous a direction de Christian Lerat. Université Bordeaux 3. Pag. 171
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