Cautela para Assumir a Nova Batuta

Maestro

O maestro Roberto Minczuk diz que já aceitou, mas ainda não assumiu a regência da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que estava sem maestro desde abril do ano passado. Essa é sua justificativa para evitar falar das reestruturações que serão inevitáveis numa orquestra que está com o prestígio histórico abalado, atualmente em greve, com salários dos músicos atrasados. Minczuk estréia na nova função dia 13 de agosto, no Teatro Municipal, mas ainda acha cedo para falar de medidas concretas. — Primeiro preciso conhecer a estrutura da orquestra e os músicos para estabelecer parâmetros de excelência artística internacional — diz o maestro, por telefone, de Maryland, nos Estados Unidos, onde participou de um festival de música. O nível internacional ele conhece bem, apesar de ter apenas 38 anos. Minczuk estreou na Filarmônica de Nova York como maestro associado, em 1998, e não parou mais de rodar pelo mundo regendo as mais celebradas orquestras. Nos próximos meses, ele ainda tem compromissos em Oslo, em Berna e em Basel, mas diz que já cancelou concertos para se dedicar à OSB. — Vou continuar a carreira internacional, mas quero ficar mais tempo no Rio — diz ele, um apaixonado pela cidade. — Falta investimento, mas acho que a prefeitura está demonstrando sensibilidade apostando em projetos como a Cidade da Música como nova sede da OSB. Precisamos que as novas gerações descubram os benefícios e a riqueza do universo sinfônico. Por isso tenho vontade de ser um embaixador da OSB e do Rio — discursa. Mas se há uma nova sede à vista, na Barra da Tijuca, o que dizer dos salários atrasados dos músicos, que vêm sendo parcialmente custeados com recursos da própria Fundação OSB? Cauteloso com sua nova posição, Minczuk reitera que quer ficar longe da polêmica. O que ele pode dizer sobre o novo desafio é que há o desejo de unir um repertório consolidado a peças contemporâneas: Uma orquestra tem que tocar Beethoven e Mozart, mas não pode deixar de lado a música atual. Ela não pode ser um museu nem ser só de vanguarda. A idéia é encontrar um equilíbrio que resulte numa programação criativa. Maestro diz ter ficado chateado com Neschling Antes de assumir a regência no concerto comemorativo dos 65 anos da OSB, Minczuk passa o mês de julho em Campos de Jordão, onde desde o ano passado é diretor artístico do festival de inverno, um dos mais importantes eventos de música clássica da América Latina. Este ano, o maestro vai receber Arnaldo Cohen, Antonio Meneses e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a mesma que ajudou a reestruturar, com o maestro John Neschling, e com a qual teve conflitos recentemente. Depois de ter deixado o cargo de maestro assistente da Osesp no ano passado, Minczuk se tornou o principal regente convidado nos concertos deste ano. Mas após aceitar o cargo na OSB, foi destituído da função por Neschling. — Fiquei chateado, mas tenho muita coisa para pensar daqui para frente.

 

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